três

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« Alana »

Chegamos na boate e falamos nossos nomes, então o segurança autorizou nossa entrada. Seguimos para o bar subterrâneo, onde a entrada e permanência ali dependiam dos convites que o Índio mandou nos entregar.

— Vou falar com o Peréz e depois a gente fala com o patrão - Ele diz - Tayla e Lorenzo estão aqui hoje?
— Sim - Digo - Vou até o bar falar com eles, não demora.
— Não vou demorar - Me dá um selinho - Qualquer coisa, vai pra mesa do Índio e me espera lá.

Observei quando ele se afastou e foi em direção a alguns amigos dele que também estavam ali, os que eu não gostava. Segui em direção ao bar e passei ao lado da mesa onde nosso patrãozinho estava com seus amigos. Um deles, o tal Cleytin, fala algo pros outros e então senti todos me olharem, mas preferi fingir que não os tinham visto. Encostei no balcão e logo vi meus amigos se aproximarem.

— Olha quem deu o ar da graça - Lorenzo fala me fazendo rir - Oi minha puta.
— Oi meu amor - Nos abraçamos por cima do balcão - Oi amiga.
— Oi - Tayla sorri - Cadê o Luan? Ou cê veio sozinha?
— Com uns amigos dele, já vem aqui - Digo - Me vê um copo de gin e tônica.
— Amiga, cê sabe que aqui é open bar, né? - Lorenzo diz rindo.
— Pelo preço do convite, eu imaginei que seria - Rimos - Mas não gosto dessas bebidas de velho, cêis me conhecem.
— É, sabemos - Rimos.
— Lorenzo, para de conversa fiada e vai trabalhar - Júlio, um dos donos da boate que estava ali, fala com meu amigo.
— Blá Blá Blá - Lorenzo diz baixinho revirando os olhos - Te vejo mais tarde.
— Tá bom - Jogo um beijo no ar.

Ele se afastou e Tayla foi buscar minha bebida. Os dois eram brasileiros, assim como Júlio e a maioria dos funcionários dali. Os caras mais ricos do Brasil, sempre que estavam em Maldonado, vinham pra essa boate, talvez pelo fato dos donos do local serem brasileiros e podres de ricos também.
Conheci a Tayla assim que nos mudamos pro Uruguai, ela foi nossa vizinha de porta, no primeiro apartamento no subúrbio onde moramos e logo ela me apresentou Lorenzo e desde então ficamos muito amigos. Eles não curtiam muito o Luan, falavam que ele tinha um ar de superioridade e que não parecia se confiável, mas isso nunca implicou na nossa amizade. Eles sabiam como nós ganhavamos a vida e na real, eles compravam muito com a gente, principalmente maconha e MD e o fato de serem nossos clientes, não interferia na amizade, já que sempre deixei claro que precisava do dinheiro pra mandar pra minha família.

— Aqui amiga - Tayla me entrega o copo.
— Obrigada - Bebo um gole.
— Aqueles são os gatos que te falei - Diz e então olho na mesma direção que ela, era a mesa do Índio.
— Aquele do meio - Digo - Ele é o patrão.
— Eu trabalharia pra ele em troca de sexo - Ela fala me fazendo gargalhar.
— Até eu que sou mais trouxa - Digo olhando pra ele que está distraído bolando um baseado e rindo de algo que o Knust diz.
— Tayla - Júlio a chama - Leva um Royal Salute e quatro Redbulls na mesa três.
— É a mesa do seu patrão - Fala rindo - Acho que vou cair no colo dele, sem querer.
— Boa sorte - Digo rindo.

Tayla saiu pra atender a mesa e eu continuei ali, mas fiquei desconfortável ao sentir que estava sendo observada por um cara que estava alguns bancos de mim.
Olhei ao redor pra tentar encontrar o Luan vi um dos caras que também estava na mansão, sentado sozinho em uma mesa, apenas observando tudo e então resolvi ir até lá. Assim que notou que eu estava me aproximando, sua expressão que antes era seria, foi se amenizando.

— Oi - Digo - Posso sentar com você?
— Claro - Diz simples.
— Você é o César, certo? - Pergunto me sentando de frente pra ele.
— Isso, e você é a Alana, né?
— Aham - Dou um gole na minha bebida - Você não vai beber nada? É open bar, cara.
— Eu não bebo - Sorri.
— E como você consegue?
— Consigo o que? - Me olha confuso.
Suportar esse mundo sem álcool é quase impossível - Digo e ele ri, o que me confortou de certa forma.
— Existem outras coisas além das drogas e álcool, algumas muito melhores até - Diz.
— Tipo?
— Amigos, família, trocar uma idéia sobre a vida, Deus ...
— Então é você!
— Eu o que?
O Pastor.
— Pastor? - Ri.
— É, o Luan chama alguém assim, você não tem nada a ver com esses caras, cê não...
— Não sou traficante? - Diz e eu faço que sim com a cabeça - Não, não sou.
— E é amigo deles? - Digo olhando em direção a mesa onde os outros caras estavam rindo enquanto preparavam alguns carreiras de cocaína da mais cara e pura.
— Eu não sou ninguém pra julgar a escolha das pessoas - Diz simples - Eles são meus amigos, acima de qualquer coisa.
— É, cê tá certo - Sorrio.
— Cadê o Luan?
— Foi falar com uns amigos dele que estão aqui na boate também, não curto muito eles.
— E você ficou aqui sozinha?
— Mais ou menos, sou amiga da galera do bar, mas eles ainda não estão de pausa... Aliás, porque cê tá aqui sozinho?
— Não curto muito ficar perto quando eles estão usando aquelas coisas e também, gosto mais de ficar na minha, só olhando.
— Você é legal - Digo e ele ri fraco.
— Cê também.
— Vou buscar mais bebida - Me levanto - Você quer... uma água?
— Aceito, obrigado.
— Já volto.

𝙰𝚖𝚘𝚛 𝚎 𝙲𝚘𝚌𝚊𝚒𝚗𝚎.Onde histórias criam vida. Descubra agora