trinta

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— Não acredito que você veio - Digo sincera.
— Você acha que eu ia te deixar sozinha com eles? - Esmeralda se aproxima - Nem pensar, adorei te conhecer, não te deixaria passar por isso sozinha.
— Agradeço muito - Rimos enquanto nos abraçamos.
— Sinto muito pelo que aconteceu - Fala só para que eu ouvisse.
— Tá tudo bem, sério. Eu só quero notícias dele - Suspiro.
— E vai ter, logo! - Se afasta e me segura pelos ombros - Vamos aproveitar a noite e no final dela, você já sabe o que pedir para o Papai Noel - Pisca pra mim.
— Podemos brindar? - Índio diz desviando nossa atenção.

Esmeralda foi até ele e então Escobar e Cleitin passaram entregando as taças e servindo o Champagne. Observei quando Índio passou sua mão delicadamente pela cintura da Esmeralda a trazendo para perto dele. Notei também como ela estava linda, não que ela já não fosse, mas naquela noite estava mais. Maquiagem bem feita, os cabelos cumpridos e tão pretos que eu me perguntava como um cabelo poderia ser tão bonito. E então me senti mal. Eu estava com inveja dela.
Não um tipo de inveja ruim, eu só queria estar com a pessoa que eu amava, queria ter me arrumado como sempre gostei de fazer quando tinha uma noite especial, mas nada daquilo era possível.
Eu sei que deveria estar grata por não estar na cadeia e por no fim das contas ter uma noite de Natal legal, mas e a minha mãe? Como será que ia ser o Natal dela e da minha irmã sem o dinheiro que eu mando? E o Luan? Será que ele está bem? E esse estiver machucado, com fome ou até se sofreu um acidente?
Tive meus pensamentos afastados quando senti uma mão tocar meu ombro. Olhei pro lado e vi o Knust e então pensei no que conversamos antes no meu quarto e como ele também tinha as suas tristezas e mesmo assim estava sempre pronto pra animar o dia de alguém com piadas e aquela risada escandalosa.

— A gente pode beber muito? - Pergunto em tom baixo e próximo ao seu ouvido.
— Com certeza - Abre um sorriso largo e né faz sorrir de volta.
— Então! - Índio eleva o tom de voz e olha especificamente em nossa direção e logo desvia - Eu queria agradecer a todos vocês que estão presentes na noite de hoje. Os últimos dias foram ... Tensos, mas juntos, nós conseguimos resolver tudo que foi preciso. Sei que estão faltando alguns de nós, mas - Fixa o olhar em mim - Vamos rezar para que estejam bem e seguros, que do resto eu cuido - Sorrio e ele retribuí levemente - Sei que vocês queriam estar com suas famílias, mas também entendo a escolha de cada um de vocês em ficar e deixar essa noite um pouco melhor para cada um de nós aqui. Eu já disse isso milhares de vezes, mas é algo que não canso de repetir: Nós também somos uma família e vamos estar sempre uns para os outros, certo?
— Certo! - Os meninos falam juntos.
— Posso falar uma coisa? - César pede e Índio faz que sim - Quero agradecer a Deus por estarmos com saúde, por estarmos aqui juntos passando essa noite e por vocês estarem seguros. Eu oro todas as noites para que vocês saiam dessa vida - Nós rimos - Mas enquanto isso não acontece, eu oro pela segurança de vocês e nós tivemos a prova de que Deus nos escuta, quando liberaram a Alana.
— Tá duvidando do meu potencial? - Índio pergunta e nós rimos alto.
— Não, você tem grande parte nisso, mas sem Deus, nada é possível - Conclui.
— É, tá certo - Cleitin diz - Um brinde a essa noite.
— Um brinde a nós - Escobar fala.
— Um brinde a quem não pôde estar aqui - Digo e sinto Knust apertar minha mão livre, então retribuo.

« Índio »

— E um brinde a Alana estar com a gente - Knust diz e vejo os dois se encararem e sorrirem um para o outro.
— Um brinde Deus e as coisas que ele nos proporciona - César fala.
— Um brinde ao nosso Índio - Esmeralda diz e desvia minha atenção para ela - Sem ele, nenhum de nós estaria aqui.
— Não mesmo, estaria em casa, longe dessa vida - Chris fala e eles riem alto enquanto eu mostro o dedo - Tô só zoando, patrão.
— Um brinde a eu não matar o Cleytu essa noite - Digo por fim.

Todos nos aproximamos e batemos nossas taças num brinde único. Não pude deixar de notar a proximidade entre Knust e Alana e aquilo me intrigou de certa forma. Eles estavam se olhando enquanto bebiam o Champagne, o que me fez questionar se estava acontecendo algo e o porque de eu não estar sabendo. Eu odiava ser o último a saber de alguma coisa, ainda mais que fosse do meu interesse.
Não que eles estivessem tendo alguma coisa, isso era impossível, mas sim pelo fato de a Alana estar frágil e conhecendo Knust como eu conhecia, ele não seria a solução para os problemas dela. Eu precisava mesmo localizar o Luan o quanto antes.

𝙰𝚖𝚘𝚛 𝚎 𝙲𝚘𝚌𝚊𝚒𝚗𝚎.Onde histórias criam vida. Descubra agora