17. Culpada!

306 22 123
                                    

O barulho do monitor cardíaco doía em meus nervos, eu estava há horas no Desert Palm como acompanhante do Nick que havia chegado há poucos minutos do atendimento médico.

Havíamos conseguido pelo seguro um quarto só para ele, então enquanto o texano não acordava eu continuava deitada no sofá olhando para o teto e me irritando facilmente com o bip bip frequente.

- Lottie...? - A voz fraca e trêmula da Sra. Stokes me despertou fazendo com que eu pulasse do sofá. - Como ele está?

- Estável... As picadas das formigas injetaram muitas substâncias, mas o organismo dele já está sendo limpo com medicamentos. - Caminhei até perto do casal os cumprimentando. - O médico disse que ele pode acordar a qualquer momento.

- Sabe dizer quando terá alta? - Neguei a cabeça em resposta ao juiz. - Você está aqui há muito tempo?

- Eu vim com ele, mas viemos para o quarto a menos de uma hora.

- Passaremos a noite aqui, vá para casa querida, você já fez muito. - Encarei os olhos castanhos da matriarca.

- Eu não consigo...

- Posso pedir um táxi para você.

- Eu agradeço, Sr. Stokes! Mas não conseguirei descansar sozinha naquela casa. - Me afastei da maca ao ver os olhos do Stokes se mexerem devagar. - Acho que ele está acordando, vou deixar vocês a sós.

- Obrigada, meu bem! - Fui até o sofá pegar meu celular e saí do quarto deixando a família Stokes sozinhos.

Caminhei lentamente pelos corredores do hospital, eu não tinha um rumo específico, só queria andar e espairecer o cansaço e fome que predominava meu ser.
Passei pela frente do refeitório e me informei melhor como funcionava a alimentação do acompanhante, o que não ajudou muito, pois precisava que completasse seis horas de admissão.

- Putain! - Juro que o palavrão saiu no automático quando bati em alguém, e até pediria desculpas se não tivesse reconhecido a pessoa que balançava o pé que eu havia pisado. - O que você está fazendo aqui?

- Oi pra você também. - Sanders rolou os olhos. - O Grissom disse que os pais do Stokes haviam vindo passar a noite então imaginei que você não teria como ir pra casa.

- Não vou... - Voltei a caminhar na direção do pátio que eu estava indo anteriormente.

- E vai dormir onde? - Dei de ombros. - Já comeu pelo menos?

- Eu não preciso que finja se importar, Sanders.

- Mas não estou fingindo. - Parei apenas para encará-lo. - Eu realmente estou preocupado com você, Charlotte! Mas parece que você é orgulhosa demais para receber qualquer que seja a ajuda.

- Isso não é verdade. - Só um pouco.

- Não? A todo momento que eu quis te ajudar você simplesmente colocava empecilho ou fazia gracinhas. É por isso que no final você fica sozinha. Você afasta todos que tentam se aproximar de você.

- Não é assim que as coisas funcionam! Eu me dou muito bem sozinha, não preciso de ninguém sentindo pena de mim.

- Eu não estou com pena de ninguém. Não foi apenas você quem quase perdeu o melhor amigo. Eu também senti a dor, nem por isso saí soltando grosseria para todos os lados. - Rolei os olhos voltando a caminhar a passos largos. - Você vai mesmo me dar as costas?

- Olha... Os dias foram duros demais... Eu só preciso ficar sozinha por um tempo.

- Certo! Eu deixo você sozinha. - Greg se aproximou me fazendo questionar o que ele estava pensando. - Eu prometo te deixar em paz... Mas antes preciso que você coma algo, tire um cochilo e... - Minha risada saiu automaticamente pelo nariz. - O que foi?

Good Thing [CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now