1: Casamento

3.5K 281 32
                                    

  Era o mais lindo casamento do ano. O sol brilhava através dos vitrais da igreja de Santa Cruz, em Bangkok. O aroma de rosas enchia o ar. A consultora de casamentos, Samantha Melanie, caminhava pela nave da Igreja a fim de se casar com a  empresária Jennie Panhan ao som da marcha nupcial. Tratava-se de um espetáculo do qual ninguém jamais se esqueceria, em especial o damo de honra Gulf Kanawut.
   Enquanto as noivas se beijavam, não havia um olho enxuto na primeira fila onde se sentava a família. Os olhos de Gulf se encheram de lágrimas também. Mas não foi de emoção ou porque seus sapatos lhe apertavam os pés. Tratava-se de uma reação alérgica. Enquanto muitas pessoas eram alérgicas a grama e a árvores, Gulf era alérgico a flores. Alérgico às peônias e lírios de seu buquê, às violetas colocadas na extremidade de cada fileira de bancos e até aos arranjos de rosas no altar.
  Preparara- se para a cerimônia, evitando espirrar, pedindo ao médico que lhe desse dose extra de antialérgico, que tomaria uma hora antes da cerimônia. Sua garganta raspava e os olhos lacrimejavam. Precisava de outra pílula antes de ir para a recepção na casa da noiva, que teria lugar no jardim da mansão. Incapacitado de conseguir um lenço de  papel, apertou as pálpebras a fim de esconder as lágrimas e mordeu a língua. Agradeceu a Deus pelo fato de os olhos de todos estarem nas noivas e ninguém veria seu óbvio embaraço.
Porém uma pessoa viu. Um dos padrinhos da Jennie, no altar, fitava-o, em vez de olhar para as noivas. Era um dos primos gêmeos da Jennie, que ele conhecerá na véspera, no ensaio para a cerimônia. Os dois rapazes eram parecidos e ambos flertaram com todos e todas presentes, exceto ele. Gulf não era o tipo de rapaz que atraía homens. Professor tímido, sentara-se bem atrás para observar as festividades.
  Qualquer que fosse o gêmeo, não flertava agora, apenas o fitava atentamente como se não pudesse acreditar que ele chorava no casamento da sua melhor amiga. Mas Gulf não se importou, afinal nunca mais o veria. Ele eo irmão eram recém-chegados na cidade e de certo partiriam logo.
  Gulf desviou a vista do lindo rapaz e focalizou-a na amiga Sammy, imaginando como deveria estar feliz. Casara-se com uma rica e atraente empresária depois de, durante anos, planejar casamentos para outras mulheres.
  Enfim, Gulf parou de lacrimejar e foi até o fim da cerimônia sem espirrar.
_ Sente-se bem? _ Uma voz profunda, um toque em seu seu ombro, o fez estremecer. Ele soube quem era, mesmo antes de se virar. Era ele.
_ Naturalmente que estou bem _ disse com uma voz sufocada, tentando ignorar o calor da mão em sua pele. Tentava se convecer de que o tremor que percorrerá o braço era devido ao ar quente e não  ao calor do toque.
_ Olhe, trata-se apenas de um casamento. Não é motivo para choros _ ele disse. _ Se alguém deveria chorar esse alguém seria Jennie, por perder sua liberdade. Sim, qualquer pessoa  choraria ao perder a liberdade. _ Ele sorriu e retirou a mão do ombro dele.
Imediatamente Gulf sentiu falta do calor. Ridículo. Estranho, o desconhecido afastou a mão e ele sentiu um arrepio. Procurou ignorar a observação do rapaz, um verdadeiro cético, sem alma.
  _ Você não entende _ ele protestou. _ Eu não chorava...
_ Não chorava? _ Havia uma surpresa divertida no tom de voz do empresário. Surpresa porque ele ousara negar o que ele dissera. Surpresa por ele não concordar. Fitou-o atentamente. Gulf tentou desviar a vista, mas não conseguiu. Ficou preso aos profundos olhos castanhos e teve a sensação de que o empresário olhava dentro de sua alma, e não  desejava que isso acontecesse.
Afinal, nem ao menos o conhecia.

Um Homem para Amar Where stories live. Discover now