26: Mew, o que você faz aqui??

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  Em vez de pedir a sua secretária que cuidasse disso, Mew fez, ele próprio, a reserva no centro de conferências. Perguntaram-lhe se era parte do grupo de professores e disse que não. Teve medo de que iriam lhe dizer que o local estava repleto, mas ofereceram-lhe um Chalé alguns passos da praia. Quis perguntar A que distância ficava esse Chalé dos aposentos de Gulf, mas não o fez. No hotel da cidade, onde estava hospedado com o irmão até encontrar em um apartamento, fez sua mala. Colocando dentro calças e suéters sentia ser mais excitado do que tinha direito. Dizia a si mesmo que talvez Gulf não ficasse contente em vê-lo. Quem sabe nem tivesse tempo de vê-lo. Mas não se importava. Veria uma parte do país que ainda não conhecia. Porém, o que desejava mesmo era ver uma parte de Gulf que não vira antes.

  Naturalmente, já vira muito, considerando-se que ele era virgem e que não era seu noivo. Contudo, queria mais. Queria quebrar aquela reserva, saber o que ele sentia a seu respeito. Mas, e se Gulf lhe fizesse a mesma pergunta? O que sente a respeito dele? O que responderia? Mew não sabia. Apenas sabia que seus sentimentos mudavam dia a dia, a cada minuto. A cada encontro Gulf revelava outra camada de sua personalidade. Era como descascar uma cebola. Começará, e não queria parar.

  O que mais queria? Não podia negar que queria fazer amor. Havia uma química entre os dois, coisa que Mew notará desde que pusera os olhos nele, no casamento da prima. Gulf não era seu tipo, perceberá isso no começo. Mas esse fato não impediu de persegui-lo. Gulf devia ter sentido uma atração também, daí tentar se afastar. Até onde Poderia ele ir, sabendo que Gulf era virgem?

  Mew partiu na sexta-feira ao anoitecer, escolhendo a estrada ao sul de Bangkok. Pensou em ligar para Gulf antes de sair mas teve medo de que ele manifestasse surpresa apenas, não prazer. Não saberia o que fazer então. Poderia ir de qualquer maneira ou ficar em casa. Indo sem telefonar, se ele não o quisesse por perto seria tarde demais. Precisaria aguentar sua presença. Não gostou da ideia. E se andasse pelas dunas sozinho? Talvez Gulf tivesse pena dele e lhe fizesse companhia. Mas não podia contar com isso.

  Como desejava que Gulf ficasse com ele! Veriam juntos o sol se pondo no vasto Oceano Azul. Adorava observar o rosto dele iluminando de prazer ante algo simples, como um jardim bem cuidado.

  Uma das razões que o pusera a caminho de Monterey fora exatamente as mudanças de expressão no rosto de Gulf. Vira o prazer quando no jardim de sua casa, o desespero com o problema da escola, o aborrecimento cada vez que o provocava, e uma mistura de emoções quando a percepção sexual o ameaçava, tal qual acontecerá no dia do baile de gala. Sabia que o rosto dele poderia não se iluminar ao vê-lo, mas apenas esperava que ao menos ele fosse cortez. Naturalmente que seria. Tratava-se de Gulf, não?

   Quando chegou no edifício das Convenções, estacionou e foi conduzido ao Chalé por entre as árvores. Tudo era bem diferente de qualquer outro lugar onde estivera antes. No interior do Chalé havia uma cama King coberta com um edredom, e tapetes tecidos a mão pelo chão. A lareira estava acesa e a vista, de sua janela, das dunas e do Oceano foi espetacular. Era tudo diferente do que conhecia. Agora, só faltava ter alguém com quem dividir aquele prazer. Alguém especial. Como seu noivo.

  Gulf caminhava por entre as árvores, do chalé ao saguão onde se reunia seu grupo antes do jantar. Passando pelo estacionamento vi um carro esporte preto e parou. Seu coração acelerou, embora tenta-se se controlar. A final, havia muitos carros igual ao de Mew, só que não notara aquele ao chegar, uma hora atrás. Não, não podia ser o dele, naturalmente, porque Mew estava em Bangkok.

  Respirou fundo e continuou andando. No saguão, prender um cartão com seu nome no suéter e percorreu a sala cumprimentando os amigos. Estaria muito mais calmo se não tivesse a impressão de que Mew se encontrava por perto.

  Foi olhar da janela as dunas na escuridão, pensando vê-lo, com os cabelos negros esvoaçando ao vento. Mas, naturalmente, ele não estava lá, mas em Bangkok. O que fazia naquele instante? Não lhe perguntara o que ele iria fazer, não era de sua conta. Se fosse mesmo seu noivo, a pergunta seria natural. E se fosse realmente seu noivo, estaria com ele, esperando no Chalé com a lareira acesa e uma garrafa de vinho sendo resfriada... Gulf afastou esses pensamentos ridículos da cabeça.

   O evento seguinte foi o jantar seguido de um discurso pelo presidente da associação dos professores, que distribuiu material com o resumo das atividades do fim de semana. Gulf pegou o seu e colocou na sacola. Teve a ligeira impressão de que estava sendo observado.

  Olhou novamente pela janela mas não viu nada. Apenas a escuridão. Vestiu o suéter e voltou ao seu Chalé. Resolveu não olhar para os carros estacionados. Carros esportes são apenas os mesmos, não importando quem seja o dono.

  _ Alô, Gulf.

  Ele gelou ao som da voz dele. Parou onde estava. A voz viera da escuridão, deu alguns passos adiante e no minuto seguinte Mew apareceu, meio escondido no escuro.

  _ Mew, o que você faz a que?

   _ Quis tomar um pouco de ar fresco _  ele disse _ e mudar de cenário. Além disso, a cidade estava desagradável sem você.

  Ele quase riu ante a desculpa ridícula.

  _ Não posso imaginá-lo entediado na cidade só porque eu não estava lá. Como viveu mais de 30 anos sem mim?

_ Não sei. Mas tudo é lindo aqui. E estou contente por ter vindo.

   _ Vai ficar?

  Gulf olhou ao redor, para as árvores em voltas na escuridão, ainda em choque com a ideia de ver Mew ali em Monterey. Se um dia pensara que ele não ficaria bem no ambiente rústico, por ser um homem da cidade, se enganara. Porque agora que ele estava lá, com um suéter pesado tricotado a mão, parecia tão à vontade como qualquer pessoa. Até o presente momento ele o virá sempre em traje formal, no casamento, no escritório, no baile de gala, na escola, no Jardim, e agora ali. Em cada lugar parecia tão à vontade como se nascido para quilo. Provavelmente, tal qual um camaleão, estaria igualmente à vontade numa tenda no deserto ou em um Palácio de um Sheik.

  _ Apesar de vocês, professores, tomarem quase todo o espaço, felizmente foi encontrado um Chalé desocupado para mim _ ele disse em resposta à pergunta dele. Tirou das mãos de Gulf a sacola e segurou-lhe o braço.

  _ Gulf quis puxar o braço mas não ousou. Afinal, Mew percorrerá toda aquela distância para... Para o quê? Para respirar o ar fresco? Fugir da Solidão?? Não parecia nada daquilo. Gulf não sabia o que pensar.

  _ Você não devia estar aqui sozinho nessa escuridão _ Mew comentou. _ Por onde anda seu amigo?

  _ Jean? Saiu da reunião mais cedo essa noite. O marido está com ele. No último instante, ele conseguiu tirar folga para aproveitar a praia. _ Gulf não falou que ele decidirá aproveitar a companhia do marido naquele ambiente bucólico, com uma lareira romântica, uma cama gigante, e a liberdade. Gulf notara o brilho nos olhos do amigo quando ele lhe contou sobre a mudança de planos.

_ Espero que não se importe, Gulf _ Jean desculpou-se. _ Não saímos quase nunca. Acho que não estaremos ocupado o tempo todo e teremos algum tempo livre para nós. _ Sabendo que Jean estava casado havia dois anos já, Gulf ficou surpreso por ele ainda ser romântico. E o marido também.

   _ Ele não ia ser seu companheiro de quarto? _ Mew perguntou.

   _ Ia. Mas o marido conseguiu também um Chalé só para si. Ele ganhou um marido e eu perdi meu companheiro de quarto.

  _ Mau, mau _ Mew disse, mas pelo som de sua voz não parecia estar achando nada mal. _ Vou acompanhá-lo até seu Chalé.

  _ Obrigado, mas... _ Mas o quê? Gulf não podia encontrar uma desculpa para evitar que ele o acompanhasse. Lembrou-se do dia em que Mew o acompanhará e ele não o convidara para entrar. Naquela ocasião Mew invadiria seu espaço particular. Mas agora, o quarto não era realmente seu, mas do hotel. Convidou o, então. Ele poderia entrar para uma xícara de café porque não?

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