023.

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O dia amanheceu em um piscar de olhos e logo Ully se encontrava andando pelos grandes corredores de Alfea, com os pensamentos tomados pelos acontecimentos anteriores.

Havia ido falar com a diretora Dowling naquela manhã, mas aparentemente a mesma estava ocupada demais com alguma coisa a qual ela não dissera o que era. Não via Sky desde o dia anterior e já em relação a Bloom, a fada da mente tinha total certeza de que a ruiva estava no Círculo de Pedra "curiando" o livro estranho que ganhara na noite passada.

As palavras de Beatrix também rodavam em sua mente e tudo que ela mais queria naquele momento, era poder provar que a outra estava errada. Que ela poderia sim aperfeiçoar sua magia e que poderia sim ser útil quando necessário. A possibilidade de que Beatrix pudesse estar certa e que de, alguma forma sua magia fosse realmente inútil, a deixava frustada consigo mesma.

E se já não bastasse ter que lidar com toda sua bagunça interna... naquela manhã, naquele dia, de alguma maneira, Ully sentia que havia algo errado rolando. Não apenas em seu mundo e em seus problemas pessoais, mas algo a mais. Enquanto seus passos ecoavam pelos corredores, seu coração se apertava e o ataque que Silva havia sofrido dos Queimados, apareciam como flashes novamente rolando em sua cabeça. Ela não entedia o porque daquilo estar voltando a tona daquela maneira.

Era estranho. Era como se ela soubesse que alguém estava prestes a sofrer da mesma maneira que o diretor havia sofrido naquela vez. Era... como se ela soubesse que pessoas estavam prestes a perder suas vidas mais uma vez por conta dos Queimados.

- Ei? - A voz já familiar para Ully, a tirou de seus desvaneios. Sam colocou uma mão sobre o ombro da garota que, só então percebeu estar parada no meio do corredor, olhando para o nada e apoiada na parede. - Você está bem, Lily?

- Eu... eu preciso falar com alguém. - Disse sem muita explicação, respirando fundo e se recompondo.

- O quê? - O garoto perguntou confuso. Ully apenas abanou a cabeça negativamente e saiu andando apressada, com Sam ainda a olhando sem entender nada. - Aonde você vai, doida?

- Eu te vejo depois, não se preocupe, estou bem! - A de cabelos escuros respondeu em um tom de voz alto, para que o amigo pudesse escutar e sem deixar de andar acenou para ele, descendo as escadas e desaparecendo da visão do garoto.

•••

Enquanto corria em direção a estufa de Harvey, os flashes continuam de forma aleatória e estranha na mente da fada. Logo Ully estava de frente a porta da estufa, que rapidamente foi aberta pela mesma de forma agitada.

Ao entrar no local, a de cabelos escuros pode ter a visão de Harvey cuidando dos ferimentos de Marco que havia se machucado em sua missão com o batalhão e Silva que estava em pé e de braços cruzados, observando os dois homens.

A atenção dos três homens se voltou para a figura da fada da mente parada na porta, com a respiração ofegante e o semblante de preocupação. Silva franziu o cenho, se aproximando da garota.

- O que foi? - Questinou o homem, curioso. - Qual o problema que temos agora?

- Vocês precisam mandar reforços para o batalhão. - Respondeu a garota, de forma rápida.

Harvey que continuava a cuidar dos ferimentos do especialista, desviou seu olhar para a de cabelos escuros.

- Do que está falando, Ully? - Perguntou ele, rindo nasalado. - Como sabe do batalhão e porque eles precisariam de reforços?

- Eu... eu não sei como sei disso, está bem? - Ully respondeu, gesticulando com as mãos no ar. - Simplesmente sei que eles estão em perigo e que precisam de ajuda.

Os três homens se entreolharam e dessa vez, quem tomou a frente foi o especialista ferido.

- Olha... eu tenho certeza que eles ficarão bem, a Noura está com eles e ela não brinca em serviço. - Marco então sorriu, tentando confortar de alguma forma a garota.

- Nem você acredita nisso! - A fada da mente voltou a dizer. - Eu sei que vocês não tem motivos para acreditar em uma garota que apareceu que nem doida aqui, dizendo que o batalhão está em perigo... mas, vocês precisam confiar em mim!

Silva suspirou, colocando uma das mãos no ombro da aluna.

- Você precisa se acalmar, okay? - Disse ele. - Nos explique direito o que está havendo com você e não se preocupe com o batalhão, eles são os melhores e ficarão bem.

- Você não entende! - A de cabelos escuros disse, a voz carregando frustração.

E de repente, o som de um celular tocando cortou no ar. Os quatro se viraram em direção ao aparelho eletrônico no banco ao lado de Marco, vendo o nome "Noura" brilhar na tela, juntamente com a foto da especialista.

Preocupado, o homem machucado atendeu o telefone depressa.

- Qual a situação? - Perguntou ele.

- Estão todos mortos. - A voz chorosa da mulher do outro lado da tela respondeu. O silêncio no local se instalou de forma pesada.

Silva e Harvey se entreolharam e Ully pode sentir seu coração querendo sair a qualquer momento pela boca.

- O batalhão inteiro, estão todos mortos! - Continuou Noura. Silva se pôs de frente a tela do aparelho, olhando para o rosto desesperado da mulher. - Acho que quebrei a perna, não consigo me levantar.

- Agora dá pra vocês me ouvirem e mandarem alguém lá para ajudar!? - Exclamou a de cabelos escuros.

- Não! - Noura disse, respondendo a fala da garota. - Vocês não entendem.

Os barulhos horripilantes - que todos ali já conheciam muito bem - ecoaram. Ully correu para perto do celular, assim como Harvey e logo todos olhavam aflitos para a tela. Queimados se aproximavam da mulher e eles não estavam em posição de fazer absolutamente nada.

- Vá para a barreira, Noura! - Silva disse. - Vá para a barreira!

- Atrás de você! - Marco gritou. - Corre!

- Eu sinto muito, Marco, eu não consegui matar o que atacou você. - Noura começou a correr, ainda falando e segurando o celular da maneira que podia.

- Só corra, Noura! - O especialista voltou a dizer, preocupado.

Era angustiante tudo aquilo. Ully se afastou do celular, ouvindo apenas a voz de Noura e todo seu desespero evidente. Marco também estava extremamente preocupado e Harvey apenas olhava tudo sem saber o que fazer.

Noura disse que haviam mais de um e então a mulher caiu no chão e um Queimado foi pra cima da mesma. Ainda com a ligação ativa, os homens puderam ver os vários Queimados correndo, deixando todos ali ainda mais preocupados, não só pelo batalhão perdido, mas pela quantidade deles que haviam na floresta.

- Você... sabia que isso iria acontecer. - O especialista disse, a voz embargada. - Você sabia.

- E como você sabia? - Harvey questionou, enfatizando o "como" e a olhando confuso.

- Deviam ter acreditado em mim. - Murmurou Ully, sentindo os olhos marejarem. - Eu disse que estavam em perigo.

- Mas... como, Ully? - Silva se aproximou novamente da garota. - Você viu? Você... sentiu? Como?

- E-eu... não faço ideia.

••••••

revisado!
(11/06/2022)

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora