Capítulo 70

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Agradecimentos

Noemi

- Quando eu vi o Josué pela primeira vez, ele era um bebezinho pequeno. Tão, tão pequenininho - Bárbara sorri ao se recordar do filho. - Tão indefeso. Ele em poucos dias de vidas tinha passado por tantas coisas. Abandono, desprezo dos pais... Eu o vi pela primeira vez na assistência social onde eu trabalhava lá fora. Fiquei com ele em meus braços por horas enquanto seu destino era traçado. E essas horas foram cruciais para me fazer amar o Josué gratuitamente. Eu, eu ainda não sabia do "problema" - Ela faz aspas com os dedos. - que eu tinha para engravidar. Então, não tinha passado pela minha cabeça adotar o Josué. Mas Jorge e eu já tínhamos feito os exames para saber o motivo de não conseguirmos ter um filho.

- Foi aí que descobriu o problema?

- Sim... Naquele mesmo dia, quando voltei pra casa, o Jorge me contou o resultado do exame. Foi um baque tão grande, uma dor tão avassaladora que fiquei trancada no quarto de hóspedes por dias, chorando, me sentindo incompleta, vazia...

- Eu sei bem o que você sentiu, acredite, quando soube, eu também senti a mesma coisa... Foi como se eu fosse absolutamente nada... - respiro fundo.

- Exatamente isso! O Jorge foi carinhoso, amoroso, me deu uma força que nunca imaginei que ele disse capaz.

Balanço a cabeça assentindo.

- Comigo também foi assim, mas o tempo foi passando e a coisa mudou de figura.

- Talvez teria mudado comigo também, se eu não tivesse mostrado o Josué para ele... Eu não duvido que o Jorge tenha amado o Josué, eu tenho certeza que ele amou. E talvez só por isso, ele não fez tudo que ele fez com você, comigo. O Josué despertou nele o lado paterno que ele não sabia que tinha e por muito tempo, eu sinto que o Josué me protegeu dele, mas não foi o suficiente...

Bárbara respira fundo, e limpando suas lágrimas diz:

- Quando eu vi que ele tinha levado o Josué, todos os momentos que vivi com meu filho veio em minha cabeça de uma vez só... Os primeiros, os primeiros momentos em especial, a adaptação depois da adoção, a primeira vez que ele me chamou de mamãe... Tudo, Noemi, tudo veio em minha cabeça. Eu tive tanto medo. E mesmo querendo contar o que estava acontecendo pra todo mundo, eu não consegui porque tive medo de algo acontecer com meu filho. Quando, quando me encontrei com o Jorge, ele disse que se eu não fizesse, se eu não pegasse a Vitória, eu nunca mais, nunca mais veria meu filho. Nunca mais teria meu Josué comigo, eu tentei recusar, tentei dizer não, mas ele ameaçou minha família, e eu não iria suportar tamanha dor, Noemi.

Bárbara se explica com lágrimas e mais lágrimas rolando por suas bochechas, e mesmo limpando, elas volta a molha-la.

- Eu sei que fui cruel, que fui egoísta, mas eu entrei em desespero e agi sem pensar, sem pensar em ninguém. Eu sei, eu sei, eu sei que deveria ter chamado a polícia, mas o medo de perder meu filho falou mais alto. E levei a Vitória na esperança de conseguir trazer os dois de volta, não sei como, mas trazer os dois, os dois de volta comigo.

Não respondo.

- Mas eu não contava que o Jorge fosse querer me levar também...

Destinos Unidos - Completo Where stories live. Discover now