🦇Cap 13- fêmea ardilosa

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Estava indo pra saída da casa quando Cassian abre a porta e da de cara comigo.

_ tá estressadinha porque Dhalia fofinha? - pergunta. 

Esse apelido ia pegar realmente?

_nada que te interesse cass- respondo e ele bota a mão no peito fingido ter sido atingido.
Tento ultrapassa-lo e ele bloqueia a porta


_ já lido com mulheres rabugentas demais pra saber quando precisam de alguma ajuda. - ele fala colocando o braço em volta dos meus ombros - vamos extravasar esse ódio

Ele me leva até o centro de treinamento da casa dos ventos, que seria o pátio aberto, aonde o sol queimava nossas asas e todo e qualquer deslize a mais nós lembrava do parapeito de 300 metros abaixo.

Realmente, era uma boa área para treino, caberia 5 ilirianos em posição de combate facilmente e tinha diversas armas a disposição

_agora que estamos por aqui, vamos ao trabalho - ele diz me dando uma rasteira. - regra número um: nunca fique absorta enquanto tem um adversário a frente.

Canalha

_ estava apenas analisando o local. - digo me levantando, e sorrindo com a emoção de um combate. Por mais estranho que fosse esse jeito de lidar com o estresse, bastaria pra mim. Afinal eu ainda teria que ir a outro continente, lutar e resgatar meu irmão.

Entramos em uma briga silenciosa, apenas o som das espadas e alguns grunhidos de esforço de ambos

_ você luta bem dhalia, está melhor do que da última vez- ele me provoca.

_ se me lembro bem, cass querido, eu salvei sua bunda 2 vezes naquela guerra. - ele ri e aproveito um erro que cometeu pra joga-lo no chão. Ele contra-ataca me puxando junto, me fechando em uma chave de braço. Eu estava quase desistindo, ofegante e cansada, quando me lembrei de algo que solvir havia me ensinado

Tirei minha concentração do sufocamento, me concentrei em meu poder e criei uma adaga pequena, feita de pura energia, o laranja brilhante refletindo em minha mão. Cravei a lâmina na coxa de Cassian, ele grunhiu me soltou.

_ fêmea ardilosa. - ele parece ofegante como eu, mas tinha um sorriso no rosto. - não sabia que os poderes estavam permitidos. - ele diz retirando a adaga de sua perna, o sangue sai mas logo coagula

_ não deixaria você sair com o gostinho de me derrotar assim, cassian fofinho. - digo ofegante também, agora já estávamos de pé , eu e ele cansados porém relaxados

Nos sentamos perto de um parapeito, o vento fazendo seu papel nos refrescando.

_estava querendo gritar guando me encontrou- eu digo e ele me fita - a voz não saia. - ele aguarda, como se esperasse minha conclusão.

_ não queria ir encarar minha irmã, saber que era real. - digo tomando um pouco de água. - que quase os perdi, ainda estou perdendo.

_não é algo que você pudesse controlar Dhalia, coisas ruins tendem a chegar até nos, você querer lutar contra não adianta de muito.

Ele se referia a sob a montanha e o período de sacrifício de rhys, a angústia de não saber o que se passava, de não poder fazer nada.

_não deixe que te consuma - um comando baixo, de um general. ele levanta e estende o braço para mim _ sempre que se sentir assim venha pra cá, te garanto que é a forma mais rápida e sem burocracia de aliviar os ânimos.- aceito a ajuda, e saímos do pátio juntos.

Cassian foi pra algum lugar do outro lado da casa, muito provavelmente iria irritar Nesta. Pelo que haviam me dito, os dois ainda continuavam a se bicar, mas a relação pós guerra havia melhorado bastante. E eu fui para meu quarto, o mesmo de dias atrás. Ainda tinha algumas roupas e agora tinha uma roupa parecida com a minha atual. Uma calça de couro, agora couro iliriano. Um corsett preto e algumas blusas variadas,algumas tinham as cores da corte noturna, outras eram básicas, ideais pra qualquer trabalho que me fosse designado pensei.

um presente

Tirei as lâminas sob as coxas, que faziam um peso já nem sentido em meu corpo. Retirei as roupas já cheias de pó, sangue e terra e me dirigi ao banheiro confortável da casa. A banheira já estava borbulhando quando resolvi entrar. Lavei toda a imundície e não consegui evitar de encarar as cicatrizes espalhadas, era quase como um ritual, toda vez eu podia me perder nelas. As cicatrizes por toda parte, marcas de combate, brigas e guerras. A maioria me mostrava o que eu já havia suportado, dos anos sem lugar fixo, das batalhas em prol dos merecedores, das pequenas e fuleiras brigas de bar. Havia uma porém, que me incomodava imensamente. A marca abaixo das costelas, proveniente de um bloqueio mal executado e um chicote pesado. Do tempo que fui trancafiada e espancada, quando eu não tinha mais ninguém. Nem mesmo meus irmãos biológicos, nem mesmo minha mãe. Eu só tinha a escuridão.

Passo os dedos sob a cicatriz, sentido o relevo. Desejava cobri-la. Esquecê-la, mas eu duvidava se o fizesse o corte não apareceria em cima novamente, era uma marcação, um sinal da minha desonra.  a marca me perseguia mesmo que eu já tivesse esquecido oque aconteceu

DhaliaOnde histórias criam vida. Descubra agora