Capítulo 07 - I'd walk through fire for you

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Da primeira vez que O Garoto teve que lidar com o crescimento do Peixe, ele prometeu que iria encontrar algum lugar que faria jus a grandeza dele, mas cada dia que passava estava cada vez mais difícil cumprir essa promessa. Parecia que cedo ou mais tarde, nada na Ilha de Eroda seria capaz de fazer jus a grandeza do Peixe, mas O Garoto evitava pensar no pior cenário que seria ter que devolver ele ao mar. O Peixe também não queria isso, pois aos poucos foi percebendo que por mais que Eroda não fosse o lar dele e nem do Garoto, um era o lar do outro. Eles precisavam ficar juntos. 

Então, dia após dia, O Garoto ia trocando O Peixe para aquários maiores, mas naquela manhã em específico, os dois estavam com um pressentimento ruim, pois sabiam que aquele aquário que O Peixe estava era o maior que O Garoto tinha conseguido. Era tão grande que para eles passearem juntos, O Garoto teve que pedir a bicicleta do mesmo menino que deu o livro e a mochila para ele, para puxar o aquário com O Peixe que ele colocou em uma carrocinha e prendeu na traseira da bicicleta. 

Obviamente, todos de Eroda, a essas alturas já sabiam da peculiar parceria que O Peixe e O Garoto Peculiar estavam formando e tinham cada vez mais medo, pois desde que se uniram, ambos estão cada vez mais ousados, mais brilhantes, diferentes do pa...

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Obviamente, todos de Eroda, a essas alturas já sabiam da peculiar parceria que O Peixe e O Garoto Peculiar estavam formando e tinham cada vez mais medo, pois desde que se uniram, ambos estão cada vez mais ousados, mais brilhantes, diferentes do padrão e sem nenhum medo de mostrar suas verdadeiras faces para todos. O Garoto até canta a música que eles costumam dançar, sem pudor, em alto e bom som com sua voz poderosa, enquanto anda de bicicleta com O Peixe pela cidade; e O Peixe dança em seu aquário, também sem se preocupar com os olhos julgadores dos outros. Eles estão definitivamente imersos na bolha do amor deles. 

Enquanto passam pelas ruas, é evidente o poder dos dois, da voz do Garoto, da dança do Peixe, do brilho de ambos. É como se eles fossem um Sol ambulante naquela terra obscura. Algumas pessoas não se contêm e sorriem mesmo que se arrependam depois, mas era inevitável não ser inspirado por aqueles dois. Até as flores, em jarros nas janelas, ou na rua, desabrochavam mais quando eles passavam. Parecia mágica, mas era só O Garoto e O Peixe sendo bravos o bastante para serem eles mesmos em meio a tantas pessoas que definitivamente não apoiavam aquilo.

Então, O Garoto parou perto das barracas que ficavam perto da praia, para descansar um pouco e ele O Peixe viram lá longe, o menino que sempre, de alguma forma ajudava eles, primeiro com o livro, depois com a mochila e agora com a bicicleta. Ele estava diferente. Estava mais sorridente e suas roupas estavam mais coloridas, pareciam muito com as do Garoto. Além disso, o menino estava segurando um pequeno aquário em que ele carregava um peixinho, do tamanho que Louis era no começo, mas era diferente de Louis, pois era um peixe palhaço. O menino parecia tão feliz que O Peixe e O Garoto ficaram orgulhosos. Definitivamente, eles tinham despertado algo naquela criança. 

Estava tudo muito lindo até a verdadeira realidade de Eroda os atingir. A mãe do menino apareceu, tomou o aquário da mão dele e pediu para um Senhor que passava perto ir devolver o peixinho ao mar. O menino gritava tanto, era de partir o coração, ele lutava, mas a mãe segurava seu braço forte. 

— Mãe, por favor, ele é meu amigo. Não tira ele de mim. 

— Isso é estranho, garoto. Você está parecendo aquele esquisito do sorriso estranho. 

— Por que eu não posso ser como ele? — Gritou, começando a chorar o que assustou a mãe que soltou ele e deu um passo para trás.

— O que é isso saindo dos seus olhos? 

— Você não ama minhas esquisitisses?

— Para já com isso. Você quer ser expulso da Ilha de Eroda? Você não é igual aquele Garoto. Você não tem privilégios. Enxuga esse rosto e vamos para casa. Lá vamos ter uma conversa muito séria. — Concluiu a mãe praticamente arrastando o menino pelas ruas. 

O menino ainda se debatia e chorava, olhando para trás e vendo seu peixinho sendo levado para o mar. Aquilo foi tão doloroso. O Garoto se preparou para correr em procura dele, o ajudar a não perder seu amigo e se possível, protegê-los de tudo que a ilha poderia trazer de consequência para ele, mas antes que se afastasse, notou que O Peixe estava extremamente alterado com tudo aquilo. Pela primeira vez, desde aquele dia que O Garoto encontrou ele na praia, ele viu medo nos olhos do Peixe outra vez. Como se ele temesse ficar ali como ele temia voltar para os olhares odiosos dos seus antigos companheiros do fundo do mar.

O Peixe começou a se debater muito, nervoso, alterado e quando menos se esperava, acabou quebrado o grande e último aquário que comportava sua grandeza. O Garoto ficou desesperado, correndo até onde O Peixe aterrissou no chão, ali, no meio daquela estada de pedras, com pessoas indo e vindo sem se importarem com o desespero dos dois. 

— Não, Louis, por que você fez isso? — Chorava O Garoto enquanto passava a mão carinhosamente pelas escamas do Peixe, vendo seu companheiro o olhando triste, ao mesmo tempo que ofegava, ficando sem ar — Vamos! Aguenta firme. — Implorava e ao mesmo tempo tentava tirar O Peixe do chão, sem sucesso, pois ele estava tão grande que estava muito pesado para uma só pessoa carregar — Não! Por favor, isso não pode estar acontecendo. — Gritou para os céus, fazendo todos ao seu redor pararem para olhar a cena, mas ainda sem se importarem em ajudar. 

Naquele momento, O Peixe até expressou um pequeno sorriso, algo melancólico, como se estivesse tentando se conformar que aquilo era uma despedida. Mas O Garoto não estava afim de desistir. Ele nunca desistiria de Louis. Faria qualquer coisa. 

— Alguém me ajuda, por favor. — Gritava desesperadamente — Me ajudem a levá-lo ao mar. — Todos assistiam, mas ninguém parecia escutar. 

Então, O Garoto parou um pouco e pensou. Aquela não era linguagem daquelas pessoas. Eles não se importavam com os seus sentimentos, com o seu coração. A linguagem deles era lucro e poder. Foi assim que ele teve a ideia: 

— Se vocês me ajudarem, eu prometo afastar com a minha voz a maré raivosa nas tempestades. E assim, vocês não vão perder seus negócios na beira da praia. 

Foi instantâneo. Todos correram para ajudar a levantar O Peixe. Ganância realmente era o que movia àquelas pessoas e isso deixava O Garoto e O Peixe enojados, mas eles se agarraram apenas ao fato que pelo menos agora eles tinham uma chance. Todos juntos carregam O Peixe até a grande ponte de pedra que tinha ali perto e o jogaram ao mar. No entanto, o que ninguém esperava era ver O Garoto, alguns segundos depois, tirando sua blusa, seus sapatos, tudo… Ele ficou apenas com a bermuda amarela que trajava e pulou da ponte, no mar. Ele ainda não estava pronto para desistir. Ele nunca desistiria de Louis. Ele faria qualquer coisa. Louis era seu lar e ele era o lar de Louis.

Era Uma Vez Em Eroda Where stories live. Discover now