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Capítulo 9

Tate

Eu tinha noção da pessoa horrível que eu era. Eu sabia perfeitamente disso. Mas não conseguia controlar. Eu precisava de me sentir forte, e humilhar as outras pessoas era a única maneira de o fazer. Além disso, o facto da Violet andar sempre com o Michael deixava-me fora de mim. Não sabia bem explicar o porquê, mas não gostava de os ver juntos.

Observei a Violet ao longe. Ela estava com o amiguinho novo, o que me fazia querer socar as paredes. Ela acenou-lhe, sorrindo. Que raiva.

Levantei-me de forma bruta, decidido. Precisava de algo que me acalmasse. E o pequeno pó mágico que eu guardava no cacifo era a solução.

Violet

– Se precisares de alguma coisa liga-me e eu venho logo ter contigo.

Ri com o comentário do Michael. Ele não tinha aulas de tarde e estava preocupado com a ideia de me deixar sozinha na escola. Eu estava também com algum receio, mas ia ser a minha oportunidade para falar com o Tate sobre o pequeno saco que eu ainda tinha em minha posse.

– Vai lá para casa, não te preocupes.

Ele abraçou-me e beijou-me a bochecha, despedindo-se de mim.

– Já sabes! – Ele berrou já do lado de fora do portão e eu sorri-lhe, acenando mais uma vez.

Ao longe, sozinho no campo de jogos, estava o Tate. Ele levantou-se de repente, caminhando a passos firmes para o interior do edifício escolar. Eu ajeitei a alça da minha mochila no ombro, nervosa. Aquela era uma grande oportunidade para falar com ele.

Inspirei profundamente, engolindo de seguida em seco e seguindo o rapaz de cabelos loiros. Ele parou em frente ao seu cacifo e começou a vasculhar desesperadamente no seu estojo. Eu ganhei coragem e aproximei-me dele, certificando-me de que estávamos ali sozinhos.

– Estás à procura disto? – Ergui o pequeno saco e ele arregalou os olhos, aproximando-se de mim. Eu imadiatamente recuei e ele parou.

– Onde é que arranjaste isso? – Ele olhou ao nosso redor, provavelmente para verificar se estávamos sozinhos.

– Não interessa. – Respondi, tentando parecer firme.

Ele bufou, agarrando o meu braço e puxando-me para uma sala de aula vazia.

– Diz-me como é que arranjaste isso.

– Eu já te disse que não te interessa. – Bufei, soltando o meu braço da sua mão com alguma violência.

Ele passou as mãos pelos cabelos e caminhou em círculos pela sala. Comecei a ficar nervosa com a ideia de que ele me poderia fazer algum mal. No fim, ele apenas parou à minha frente e estendeu a mão.

– Devolve-me isso.

– Nem penses. – Guardei o pacote no meu bolso. – Tu tens noção do quão mal esta porcaria te está a fazer? Tu és um atleta, Tate!

– Eu sei. É só às vezes. – Ele mordeu os lábios e apoiou a cara nas mãos. – Por favor, eu preciso disso.

– Esquece. Isto está a matar-te.

– Eu sei parar, ok? Eu sei parar. Está tudo controlado.

– Não, não sabes. Olha para ti, Tate.

Ele sentou-se em cima de uma das mesas, apoiando os cotovelos nos joelhos e escondendo a cara entre as mãos. Pelos movimentos dos seus ombros, percebi que ele estava a chorar.

Por um lado fiquei com pena dele, mas por outro saber de tudo o que ele me tinha feito impedia-me de sentir pena. Queria ficar ali, mas estava chateada com ele também. Estava num impasse entre sair ou não dali.

– Desculpa. – Ele pediu a chorar, ainda com a cara escondida.

Eu permaneci em silêncio, deixando-o chorar em paz. Quando ele limpou as lágrimas à manga da camisola eu voltei a falar.

– Eu não vou contar nada a ninguém, se é isso que te incomoda. Só quero que pares com isso.

Virei-lhe as costas, caminhando para a porta da sala sem esperar por uma resposta. Não podia ficar ali muito mais tempo. Não queria criar mais laços com ele, já tinha feito estragos suficientes e eu já tinha feito a minha parte como "amiga".

– Violet.

Mordi o lábio, nervosa e olhei para trás, vendo-o em pé.

– Estás bem?

– Oh, estás a falar de quando me encostaste a cara a um prato cheio de restos nojentos de comida de pessoas que eu nem conheço e me obrigas-te a comer? Claro que estou bem. Porque não estaria? – Fiquei orgulhosa de mim mesma por ter conseguido responder friamente.

Não esperei resposta. Saí, deixando-o sozinho.

Toxic - Tate LangdonOnde histórias criam vida. Descubra agora