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Capítulo 16


⚠️MENÇÃO DE SANGUE E MUTILAÇÃO⚠️

Violet

– Muito obrigado por me terem convidado para jantar aqui. – O Michael agradeceu e a minha mãe sorriu abertamente.

– Não tens que agradecer, querido. És sempre bem vindo aqui.

O Michael tinha voltado cá a casa depois do beijo. Ele disse que estava a sentir-se culpado e que não ia ficar descansado enquanto não se desculpasse. Eu, por outro lado, sentia-me culpada pelo que tinha feito. Receava ter sido culpa minha. Talvez eu tivesse dado os sinais errados. E além disso, eu era uma idiota por gostar do Tate ainda.

– Fico mais descansado por saber que vais ter o Michael ao teu lado na escola. – O meu pai sorriu, pousando os talheres. – Ele sim é uma boa companhia.

– Farei o meu melhor para proteger a Violet, senhor Harmon.

– A Violet comentou o que ele te fez no hospital. Ele é mesmo um delinquente, filho. Devias apresentar queixa, tal como a Violet. – O meu pai olhou para mim com um sorriso sarcástico, ao qual eu retribuí.

– Podíamos estar a ter uma conversa tão agradável e estamos a falar nisto. Vá lá, meninos. – A minha mãe, reparando no quão desconfortável eu estava, tentou mudar de assunto.

Eu estava nervosa e não sabia bem explicar o porquê. Talvez com a ideia de ver o Tate em breve na escola. Ou então pelo beijo do Michael e pelo sentimento de culpa que me matava por dentro.

– Violet?

Voltei ao mundo real depois de ouvir o Michael chamar por mim.

– Desculpa, eu estava na lua. – Brinquei apra disfarçar a minha tristesa e o meu nervosismo.

– Eu estava a perguntar se querias ir dar uma volta.

Suspirei, ajeitando-me na cadeira. Não me apetecia muito sair, mas ele tinha sido tão bom para mim que eu não queria ser má ao ponto de lhe dizer que não. Não queria mesmo perder a amizade dele.

– Que ótima ideia! – O meu pai quase decidiu por mim.

– Claro. – Forcei um sorriso para o Michael. – Deixa-me só ir buscar o casaco.

Tate

Idiota. Burro. Era o que eu era. Um desperdício de espaço.

Observei o sangue que escorria dos cortes recém feitos e deixei que as lágrimas escorressem igualmente. Era doloroso estar ali sozinho. Sem ninguém. Com um pai que me trocou por outra família, uma mãe que desejava que eu nunca tivesse nascido e o amor da minha vida a odiar-me.

Limpei rapidamente as lágrimas quando ouvi o telemóvel. Atendi sem ao menos ver o número.

– Tate? Está tudo bem? É a Madison.

Suspirei. Eu não gostava da Madison. Pelo contrário. Mas era bom ver que alguém me tinha procurado.

– O que queres?

– Eu precisava muito de falar contigo. É urgente. Os meus pais discutiram comigo e eu não sei o que fazer... Vem ter comigo, por favor... Estou na praia.

Ouvi um choro do outro lado da linha e respirei fundo, passando as mãos pelo rosto. Eu não gostava da Madison, pelo contrário. Ela servia para aliviar a minha dor e para me distrair. Apenas isso. Mas não podia deixar que ela fizesse alguma coisa estúpida.

Peguei rapidamente nas minhas coisas e saí de casa, ignorando a minha mãe que estava na sala a ver televisão.

Ao chegar ao areal, franzi a testa ao ver a Madison e mais algumas pessoas da escola.

– Estás a brincar comigo? – Dirigi-me a ela irritado. – Disseste que estavas mal.

– E estou. – Ela encolheu os ombros. – Eu estava aqui sozinha, mas eles apareceram do nada e trouxeram isto tudo.

Ela apontou para as bebidas e para os pacotes de droga em cima da toalha e eu engoli em seco. Sentia o nariz queimar com vontade de tomar aquilo, mas não podia. Tinha prometido a mim mesmo que não o faria. Por mim. Pela Violet.

– Já vi que não estás sozinha. Eu vou embora.

– Não! – Ela quase gritou e agarrou-me o braço, puxando-me para trás. – Não me pareces nem também. Toma. Faz-me companhia.

Ela pegou num pacote branco e numa garrafa com um líquido transparente e, sem saber porquê, eu agarrei naquela porcaria.

– Madison, eu -

Não consegui falar mais porque, quando olhei para o horizonte, vi a Violet olhar-me com uma cara desiludida. Rapidamente larguei o pacote e a garrafa, mas já era tarde.

Violet

– Eu não acredito nisto.

– Eu disse-te que eles estavam juntos. E vês? Ele ainda se droga. – O Michael colocou a mão no meu ombro e eu afastei-me um pouco. Estava irritada com o Tate. Ele nunca ia mudar.

Vi o vulto loiro caminhar na minha direção, mas apenas virei costas e segui para o carro juntamente com o Michael.

– Ele continua o mesmo, e vai continuar sempre assim. Não tenhas esperanças, Vi. Não quero que te magoes. Ele não te merece. – O Michael continuou a tentar consolar-me e eu controlei a minha vontade de chorar com muito esforço. – Mas hey... Eu estou aqui. Vou estar sempre. – Ele acariciou-me a face e eu sorri em agradecimento.

Toxic - Tate LangdonTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon