30. Mesquinha e Soberba!

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Pepper caminhou pelo estreito corredor rodeado pelos suportes de vidro e aço,tendo a visão ao longe do que seria o seu ponto B. Uma enfermeira italiana sentada no chão,com as pernas suspensas para fora do prédio e o corpo curvado como um anzol,sua postura fez a ruiva estremecer incomodada,depois de tantos anos ela já achava aquilo um verdadeiro e cristalino crime. Mas desconsiderou,ou tentou desconsiderar,e seguiu,ficando ao lado da morena em questão,que fitava os andares abaixo ao suspirar profundamente,subindo e descendo os ombros ao notar a presença da empresária.

- Tudo bem May? - Pepper perguntou leve,e a mulher acenou levemente,ao menos aos olhos de Pepper,que só pôde ver os seus cabelos se movendo ao cobrir a barra do jeans e logo depois voltar a subir,mostrando a blusa creme com listras coloridas por toda ela. - Mesmo? - Pepper não queria forçar,mas de alguma forma se via no lugar de May,e sabia bem que todo o estresse daquela vida era demais para qualquer um. Dessa vez a morena não respondeu,então Pepper se curvou,escorando os braços sobre o suporte. - Todos esses repórteres. - Pepper negou olhando para baixo. - Sabe, nós vamos... Dar um jeito de afastar eles. - Garantiu. - São urubus,como o Tony gosta de chamar,mas não vão ficar acampados aí para sempre. - Negou. - E também...

- Desde que eu me lembro a minha casa era gigante e silenciosa. - May informa em voz baixa,interrompendo a ruiva que apenas pisca em espera,fitando os Arranha-Céis da cidade que nunca dorme,que já estava se mesclando para o pôr do sol.

- Eu lembro que... A minha mãe era super vaidosa,revistas isso,nova coleção de roupas aquilo,botox aqui,cabeleireiro lá... - Suspirou para o vidro onde tinha a testa encostada. - E o meu pai... Sempre de terno,muito calado,que saia de qualquer lugar a qualquer hora para atender ligações estranhas. - Soou amarga. - Do tipo que olha as pessoas de cima e se senta na ponta da mesa. - Negou. - A gente se mudou para os Estados Unidos quando eu tinha uns treze ou quatorze. Era a primeira vez que a gente morava em apartamento e uau. - Acenou ao sorrir leve. - Era incrível usar o elevador todo o dia,a Mary amava. - Subiu os olhos levemente, e Pepper cruzou os braços sobre o suporte,a olhando interessada. - Eu era... A bonequinha dela. - Sorriu ao espalmar as mãos no chão,se inclinando para trás. - Só três anos de diferença,mas ela dirigia e eu não não então... - Soou sugestiva e Pepper sorriu divertida.

- Ela era a luz da casa. Não se importava com a opinião alheia,era a gênia da família,cantava sem se preocupar, adorava esportes... - Acenou nostálgica. - Era intensa até na forma que sentia. - Piscou. - Um dia... Ela usava um tênis amarelo,uma calça verde,uma camiseta vermelha e estava ridícula. - Sorriu com gosto. - Entrou no meu quarto e me arrastou até a carro,então disse que queria ir no Fliperama e eu falei,tudo bem. - Deu de ombros. - E ela entrou no carro e fez o seu ritual. - Subiu os olhos. - Todo carro lembrava rock para ela. - Negou. - Mas ela só sabia duas músicas; Should I Stay or Should a Go,e Under Pressure,e o último ela ouviu em Todo Mundo Odeia O Chris. - Gesticulou, fazendo a ruiva rir. - Mas dane-se,ela não se importava,então ela entrou no carro e começou a estalar,daí do nada bateu palmas,subiu os braços e gritou,Uuh! - Fechou os olhos e Pepper riu. - Darlin' you got to let me know. - Cantarolou e Pepper estalou.

- Should i stay or should a go. - A ruiva completou e may sorriu.

- If you say that you are mine. I'll be here til the end of time. So you got to let me know... - A italiana mirou a sulista.

- Should i stay or should a go! - Elas cantarolaram e May riu.

- É. - Acenou. - Quando... Ela começou a namorar com o Richard. Era Chad isso, Chad aquilo... - Acenou. - Insuportável para mim e eu já odiava o garoto,mas eu entrei no ensino médio e... Eles eram um casal adorável. - Subiu os ombros. - Uns queridos que sempre tentavam me incluir. - Acenou. - E o meu pai não aceitava o namoro deles,mas nós nunca fomos uma família arcaica então era só mais um pai que não curtia o namorado da filha. - Acenou. - Mas... Se tornou mais que isso. - Travou o maxilar ao olhar o nada. - Eles iriam se formar,ir para a faculdade,e os meus pais... Bom,eles se separaram. - Murmurou. - De repente a minha casa ficou vazia e... Era só eu. - Soou melancólica até rir em desgosto. - E um dia... Eu descobri que o meu pai... Era um agente. - Cerrou os olhos,fazendo Pepper pender a cabeça para o lado. - Tradutor e analista dos dados da CIA. - Foi desgostosa ao deslizar as mãos no ar.

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