A sala mal iluminada lhe dava calafrios. Alexia encarava o largo prato cheio de rosquinhas gordurosas e sentiu ânsia. A única lâmpada presente pendia sobre sua cabeça. As mãos suavam e ela respirava fundo, tentando manter a calma.
O som do revólver ainda ecoava em seus ouvidos. A bala partindo a pele do homem ainda lhe atormentava.
Eles haviam lhe visto.
Além dela, um oficial estava na sala; com o cabelo perfeitamente penteado para trás e roupa social, ele a supervisionava com sua visão periférica.
Com um ranger, a porta a sua frente se abriu e Alexia precisou forçar a visão para entender o que vinha em sua direção.
Dois policiais, de ótima aparência, entravam na sala totalmente em silêncio. O mais velho deles sorriu ao encarar o prato de rosquinhas, sem fitá-la nem pelo mínimo milésimo de segundo.
- Seja bem-vinda, Senhorita. – o homem esticou o braço, pegando uma das rosquinhas e empurrou o prato em sua direção. – Servida?
- Não, obrigada. – disse Alexia, expressão nenhuma em seu rosto.
- Ok. – ele puxou o prato de volta para si. – Senhorita...
- Dhonnaile.
- Senhorita Dhonnaile... – ele recomeçava enquanto os olhos de Alexia se adaptavam ao ambiente. Ele tinha cabelos escuros, olhos azuis e um olhar debochado. – Gostaríamos de saber sobre o incidente do dia vinte e dois.
- Gostaria de saber com quem eu falo. – Os lábios dela tremiam, mas o tom seco o surpreendeu.
- Delegado Dixon. – ela continuou o encarando em silêncio por um longo minuto. – Thomas – ele completou – Senhorita Dhonnaile, gostaria que fôssemos sinceros quanto a precisão e a importância da sua colaboração nesse caso.
- Já faz dois dias, eu posso não ser cem por cento fiel no meu depoimento e... – Alexia foi impedida de continuar, pressionando os olhos com a palma das mãos.
Ela se lembrava de cada segundo como se pertencessem a cenas de seu filme favorito.
- A equipe médica disse que ela estava bem – o homem que entrara na sala com o Delegado agora lhe sussurrava ao ouvido.
- Eu estou. – disse ela, o interrompendo.
Antes de continuar, Alexia respirou fundo.
- Tem certeza? – O delegado a encarou por um estante e seus olhos encontraram os dela pela primeira vez. Eram azuis e lacrimosos, porém, sua experiência como policial o privava de toda e qualquer emoção ao encará-la.
- Sim.
- Primeiro vamos ao reconhecimento, - Dixon pousava as mãos entrelaçadas sobre a mesa, finalmente, tomando uma atitude profissional. – O que estava fazendo, - ele passou a mão pelo cabelo – em Manhattan na madrugada de vinte e dois de Setembro?
- Voltando do trabalho – Os cabelos dele, devidamente penteados e alinhados com gel, reluziam ao entrar em contato com a luz oscilante.
- Você trabalha? Onde? - Seus olhos se fixaram nos dela e Alexia sentiu um arrepio percorrer a espinha. Ele lhe intimava.
- New York Times. – Engoliu em seco – Sou repórter freelance do Times.
- E? – ela deveria ser mais específica.
- Naquela noite fiquei para finalizar a matéria de capa... Péssimo dia para sair tarde.
Ele lhe estudava em silêncio, procurando o menor sinal de mentira em suas palavras.
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[Completa] - Behind The Enemy Lines
Mystery / ThrillerApós ser testemunha de um assassinato, Alexia é procurada pela polícia para depor. Porém, as coisas complicam no momento que ela descobre que presenciou a morte do líder da máfia Espanhola. Sob cuidados de uma equipe totalmente heterogênea e uma red...