2 - Protegida

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Andava a passos rápidos entre as árvores do Central Park. Já havia feito aquele trajeto tantas vezes que acreditava não conseguir contá-las.  O mesmo de sempre, moradores de rua, grupos de jovens consumindo todo o tipo de drogas, nada anormal. Porém, ela nunca havia tomado o caminho de seu flat tão tarde. O coração batia forte; a mais cruel de todas as emoções a encontrara: o medo.

Todas as formas de ruídos eram presentes naquela noite de clima ameno. Os gritos alucinados dos drogados, as moedas sendo contadas pelos mendigos, os pedidos por bebida de outros, o som da cidade que nunca dorme. Porém, a discussão alta e clara a pegara de surpresa. Decidiu andar cada vez mais rápido e logo estava correndo. Com a respiração cada vez mais descompassada, Alexia se viu petrificada ao perceber que estava em frente da discussão.

Um homem alto de pele morena e cabelos escuros portava uma pequena arma apontada para o policial que o ameaçava. Alexia se manteve imóvel. A escuridão a cobria e temia fazer qualquer barulho que trouxesse a atenção para ela. Pousou a mão esquerda cobrindo sua boca e nariz, como se um simples arfar seu a tornasse vulnerável. O clima era intenso e temia o pior.

Percebeu que o homem de pele morena estava acompanhado de mais quatro homens e usava repetidamente a palavra “Señor” acompanhado de um inglês afetado. O policial, sozinho, se mostrava rendido, tentando argumentar que não havia qualquer chance para o bando. Não convencido, o homem de pele morena gargalhou e então sua voz tomou um tom assustador. Ele o mataria.

Com um sorriso no rosto, ele tinha a arma em mãos e Alexia sentiu um frio percorrer sua espinha. Presenciaria um assassinado. Tentou fechar os olhos, sem sucesso. Suas pálpebras estavam petrificadas, seu corpo não a obedecia mais. E então, ouviu o som seco do revólver ser disparado, porém, ele veio do lado errado.

De trás de uma árvore, pode ver o policial fazendo sinal para o outro, enquanto o homem moreno jazia no chão gelado, criando uma poça de sangue ao seu redor. Ao invés de reagir, os rapazes que o acompanhavam apenas o colocaram no carro, fugindo.

Lágrimas incessantes correram dos olhos de Alexia, que não conseguia parar de soluçar. O policial, que havia efetuado o disparo, chamou sua atenção, andando até ela. E sem pensar por um segundo, ela correu.

Com um grito esganiçado, Alexia voltava à consciência percebendo que ainda estava na segurança de seu quarto e sentiu o choro atingi-la com força. Fechou os olhos na tentativa de apagar a cena de sua memória, mas sabia que jamais aconteceria.

Nem seu inconsciente lhe permitiria ser liberta.

x-x

Suava frio e tentava se concentrar. Impossível. Rolava as páginas da internet em busca de algo, nada lhe interessava e nem ao editor chefe que estava incomodado com suas idas frequentes ao banheiro, das quais ela sempre voltava com os olhos vermelhos e inchados.

Atualizava sua caixa de e-mail a cada minuto e sentia-se altamente frustrada. James, seu vizinho e funcionário da prefeitura, havia lhe entregado o grande furo que a colocaria no topo, porém, sem provas.

Decidiu andar até a pequena cafeteira, servindo-se de uma dose generosa de café. Preto, forte e sem açúcar; deveria servir.

Rolou a página dos e-mails recebidos mais uma vez e então viu um deles, enviado há dois dias atrás, marcado como “não lido”. Clicou várias vezes, fazendo com que servidor travasse. Esperou por um longo minuto até ver a mensagem de uma única linha na tela.

Nós a vimos e sabemos quem é. Não envolva a polícia, apenas mantenha o bico fechado. Saberemos se não o fizer”.

O pavor tomou espaço em seu semblante e deixou com que a caneca com o café se partisse em mil pedaços ao se encontrar com o chão.

[Completa] - Behind The Enemy Linesحيث تعيش القصص. اكتشف الآن