Nightfall™ (Billie/you)

And i used say never say never...

Billie's point of view

3 meses depois:

Hoje fazem três meses e cinco dias que eu e minha família saímos de Bristol, deixar aquela cidadezinha pequena e sem graça foi de longe a decisão mais difícil que eu tomei nesses últimos cem anos. Condenada ao inferno, não era capaz de dormir e pela primeira vez em toda a minha existência desejei ser capaz de sonhar. Eu almejava mais do que tudo poder sonhar com S/n, tudo o que eu queria naquele momento era ver seu rosto novamente. Prisioneira e refém dos meus próprios pensamentos, todo esse tempo eu só gostaria de tocar sua pele macia mais uma vez, eu tinha medo de já ter sido esquecida. Patrick havia planejado uma viagem até Veneza por no máximo três semanas, mas já fazem três meses que estamos aqui. Talia nos fez esperar todo esse tempo, seus visionários vinham nos visitar frequentemente para garantir que não havíamos deixado a cidade, me pergunto aonde ela pensa que poderíamos ir.

A hospedagem era um pouco acima do razoável, Lauren e Finneas as vezes tinham permissão para dar uma volta nos museus da cidade enquanto meus pais se divertiam lendo livros sobre regimes antigos e como eles se desenvolveram com o passar dos anos. No palácio tinha diversos livros com todos os conteúdos e gêneros possíveis, era a biblioteca dos sonhos para qualquer leitor. Eu estava em um dos quartos que nos foram entregues como casa até sermos convocados. Sozinha, sem nenhuma comunicação, eu já poderia ter perdido a noção de tempo a meses atrás mas desde que saí de Bristol eu contei cada segundo em que fiquei longe de S/n. Meu maior passatempo era tirar lascas finas das paredes, além da sede que sentia já que Talia tinha receio de nos deixar caçarmos sozinhos então tínhamos que esperar seus visionários ficarem livres para nos acompanhar. Os Hale só se alimentam de sangue humano, totalmente diferente do nosso clã que provavelmente era o único que seguia uma dieta diferente das dos demais de nossa espécie.

Ouvi alguém bater na porta, deve ser mais uma visita. Empurrei a maçaneta com cuidado já que não tinha a mínima força de vontade para lidar com as checagens diárias de seus empregados, ela sabia que eu não iria partir dali tendo consciência do que eram capazes de fazer com S/n. Eu apenas optei por não fazer nada que a dê motivos para machucar as pessoas que amo.

"Senhorita O'connel" Beauregard estava na minha porta. "Seu chamado está pronto."

Beau era um dos visionários bonzinhos no qual simpatizei durante esse tempo aqui, nesse lugar aonde eu não podia confiar em ninguém ter alguém indiferente as ordens da vossa realeza era lucro. Apesar de tudo ele apenas foi gentil, diferente dos outros, mas nada que mereça uma superestimação vinda da minha parte.

"Sinto como se tivessem passado séculos aqui dentro." Beau não pareceu dar muita relevância a minha ironia.

"Precisa pegar alguma coisa?" Olhou ao redor reparando na parede descascada. "Parece que andou se divertindo bastante com as lascas da parede."

"Se estiver se referindo as lascas, não preciso delas." Dei de ombros, após o vampiro dar as costas revirei os olhos.

No fundo todos adoravam uma boa confusão, como uma raça de cães raivosos nós vampiros passamos nosso tempo imperecível arrumando brigas e arrancando pedaços uns dos outros mas nessa situação em questão eu estou me segurando para me contentar em dar respostas mínimas e evitar qualquer dor de cabeça. Segui Beau até a parte externa da hospedagem, não era nada parecido com um hotel mas confortável o suficiente para seres horríveis com tanto poder. A política italiana era governada por marionetes do clã Hale, não é atoa que conseguem passar para debaixo do tapete a chacina que fazem ao procurarem alimento pela cidade, Talia oferecem-lhe em troca a imortalidade vista por muitos como um dom – algo pelo qual valha a pena esperar. Aquele gigantesco castelo residente na extremidade norte de Veneza era um ponto turístico aonde só tinham acesso pessoas autorizadas pelos políticos da cidade, qualquer humano que entre ali jamais será capaz de sair. A maioria dos visitantes – vulgo alimentos para os vampiros – eram ex-presidiarios, narcotraficantes e assassinos mas ainda havia a pequena porcentagem de pessoas que admiravam a arte que os Hale preservavam – pessoas inocentes.