Capítulo 13

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- O que achou do vestido? - Perguntei me levantando e o vestindo novamente. E dei uma voltinha para que ele pudesse analisar.

- Sexy. - Respondeu meio confuso.

- Comprei lá na Boutique Jéssica Collin, conhece?

Ele respirou fundo enquanto se sentava na cama.

- Já falei para deixá-la em paz, eu estou aqui com você agora, não é?

- Eu não sei o motivo, mas ela aparenta ter uma mágoa muito grande de você, por que William?

- Ué, como eu vou saber? Deve ser porque a deixei quando ficou careca. - Respondeu dando de ombros, mas ele estava nervoso, e muito.

Eu apenas o encarei, óbvio que eu não acreditei e ele sabia disso. Pelo visto eu teria que descobrir por mim mesma o que havia acontecido.

- Até mais, querido. - Falei pegando minha bolsa que estava no criado mudo ao lado da cama, mas ele segurou minha mão e nesse momento nossos olhares se cruzaram.

- Fica.

Eu esperava qualquer coisa, que desse um mortal e quebrasse meu pulso, ou então que olhasse dentro dos meus olhos e dissesse "Você é uma vagabunda, filha da puta", e em qualquer uma dessas opções eu teria sabido como agir, mas esse pedido inusitado fez minha testa franzir e me deixou sem ação.

- Eu... É... Não posso. - Respondi afastando minhas mãos das dele e sai quase correndo.

Quando cheguei em casa o relógio já marcava mais de duas horas da manhã, apenas passei uma água rápida pelo corpo e me deitei em seguida. Mil coisas passavam pela minha cabeça, eu poderia estar agora deitada de conchinha com o amor da minha vida e eu simplesmente recusei, idiota sim ou com certeza?
Não consegui me conter e soltei um grito frustado, porra Maite!

Era mais ou menos dez horas quando levantei, a primeira coisa que fiz foi pegar meu celular e discar um número.

- Bom dia Paulo, tenho um serviço pra você... Quero que descubra tudo o que aconteceu entre Jéssica Collin e William Levy enquanto estavam juntos... Sim, é o cara que está desaparecido... Não te interessa pra que eu quero saber sobre eles, somente faça o que estou pedindo. - Respondi nervosa e desliguei logo em seguida.
Já que William não quis colaborar, eu tenho outros meios de descobrir.

Um semana havia se passado, desde aquela noite eu não visitei mais William. A empresa tinha muito trabalho, e eu estava 100% focada em uma competição que teria, era para eleger a melhor cerveja artesanal na região. E obviamente que aquele troféu tinha que ser meu. Além disso, o ganhador receberia um ano de cevada grátis, o que me renderia em torno de um milhão a mais na minha conta.
Eu estava saindo para almoçar quando Paulo me ligou e pediu para que marcássemos um lugar para me contar o que havia descoberto. Então pedi para que me esperasse em um restaurante italiano que eu sempre frequentava no centro da cidade.
Quando cheguei lá ele estava sentado numa mesa bem afastada.

- Boa tarde, já sabem o que vão querer? - Perguntou o garçom quando eu me sentei.

- Quero um prato de macarrão ao molho branco e uma taça de vinho, pode ser do melhor que tiverem, por favor. - Pedi.

- Ok, e o senhor?

- Apenas um Martine.

- Tudo bem, fiquem a vontade.

- E então? - Perguntei ansiosa quando o garçom saiu.

- Bom, William e Jéssica namoraram por dois anos quando estavam no colégio, até que você colocou algo no shampoo dela e a deixou careca.

- O que? Como sabe que fui eu? - Perguntei espantada.

- Senhorita Perroni, eu sou o melhor detetive do país, achei que soubesse.

- Tá bom, continua.

- Ele se separou dela por esse motivo. Mas em torno de um ou dois meses depois ela descobriu que estava grávida, Levy não queria essa criança de jeito nenhum e pediu para que ela abortasse. A mulher se recusou, e então num belo dia ele marcou para se encontrarem num endereço que não existia, era apenas um terreno baldio, e lá colocaram um pano com calmante no nariz dela e quando a mesma acordou estava numa clínica, com dores e sem o filho na barriga.

Minha boca estava aberta e eu nem havia percebido, tudo ao redor parecia girar, William não poderia ter feito aquilo, era muita maldade até mesmo para mim.

- Tem certeza? Como descobriu tudo isso? - Criei forças para perguntar.

- Claro que tenho, consegui pelo número do chip raquear o celular dos dois, li conversas do William com o médico que realizou a manobra abortiva, vi conversas dela com uma amiga contando o que havia acontecido, ligações e tudo mais. Depois Jéssica acabou conhecendo um rapaz, todos acham que ela ficou grávida dele por acidente, mas na verdade foi por vontade própria, ela queria muito um filho pra tentar superar o que aconteceu anteriormente. E o pai da filha dela atualmente mora no Jalapão, provavelmente ela não sabe disso. - Falou dando de ombros.

- Por que ela não contou a ninguém? Por que não o denunciou?

- Ela já estava ferrada de qualquer jeito, tinha medo que os pais a expulsassem de casa, ela colocou na balança e viu que o risco não valeria a pena, ela já não teria mais o bebê de qualquer modo e tudo o que ela não precisava no momento era de ficar sem um teto sob a cabeça. Tanto é que quando ela criou coragem e decidiu ter um filho ainda bem nova os pais dela de fato a mandaram embora, mas ela pegou algumas economias e abriu a boutique que ela tem hoje, e atualmente não tem contato nenhum com a família.

Eu estava pasma demais, quando colocaram o prato de macarrão na minha frente tive vontade de vomitar, e pude notar que no fundo William não era tão diferente de mim.

Louca ObsessãoWhere stories live. Discover now