CAN ANYBODY FIND ME SOMEBODY TO LOVE? ✪

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Bem e mal é uma questão de ponto de vista

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Bem e mal é uma questão de ponto de vista. Ou pelo menos era o que eu acreditava, eu achava que poderia fazer algo bom, que poderia mudar o mundo e acabar com as guerras. Eu fiz o que eu acreditava. Eu me formei, me especializei, nunca quis me vingar ou ser melhor que alguém, eu só queria paz.

Essa era a época em que eu ainda podia dormir uma noite inteira, quando eu não tinha medo de me tornar um alvo. Mas eu não arrependo do que fiz, eu fiz o que era certo. Ou pelo menos o que eu achava certo.

Enquanto crescia me tornei consciente de que sempre seria um alvo. Primeiro por ser mulher, segundo por ser daquelas que deveriam ter queimado na fogueira da inquisição. A humanidade sempre teve medo do que é diferente, o ódio pelo que é diferente é tão natural para os humanos quanto para as bruxas fazerem magia.

E eu era o diferente. Mas eu não queria viver dominada pelo medo, dar o braço a torcer e viver calada por não ser aquilo que eles esperavam que eu fosse.

Viver em uma sociedade que oprime tudo que você é se torna cansativo, vai treinando tudo que há de esperançoso até fazer você se questiona se vale a pena continuar.

Eu sabia qual era o meu lugar e ele não era sendo um rostinho bonito sob a proteção de um homem. Os homens poderiam continuar travando suas guerras, eu iria além.

- Bom dia, senhor Barnes. - cumprimentei assim que entrei no laboratório.

- Bom dia, doutora.- ele respondeu.

Puxei uma cadeira e me sentei a frente do homem que me olhou confuso.

- Sabe que pode me chamar de Ivy como todo mundo não é?- perguntei com uma sobrancelha arqueada.

- Se você parar de me chamar de senhor Barnes, tudo bem.- ele concordou.

- Ok, Bucky - respondi.- vamos começar?

Tirei do bolso um pequeno caderninho de anotações e uma caneta.

- O que vai fazer?- ele me olhou curioso.

- Hoje as nossas pesquisas serão um pouquinho diferentes - expliquei.- eu quero que me conte tudo que se lembra da época em que estava na HYDRA.

- E como isso se encaixa nas suas pesquisas?- ele perguntou com uma careta.

- Tudo que consegui com os exames que fiz foram termos técnicos e médicos - contei.- eu preciso saber como funcionava quando você estava com eles, preciso entender para traçar uma linha de raciocínio.

Bucky suspirou. Eu sabia que não deveria está o fazendo relembrar de tudo aquilo, mas eu precisava entender o que quer que fosse que a HYDRA fez com ele para poder encontrar uma forma de tirar de lá.

- Eu não me lembro de muitas coisas de quando eu estava na HYDRA, eu passava a maior parte do tempo congelado e quando me tiravam da criogenia eles me reiniciavam e todas as minhas memórias eram apagadas.- Bucky explicou.

- E como eles faziam isso? Apagar as suas memórias?- perguntei curiosa.

- Eletrochoques - Bucky evitou me olhar.- eles me davam descargas de eletrochoques antes e depois de cada missão.

Anotei as informações e mordi a ponta da caneta por alguns segundos.

- Eletrochoques, que arcaico. Mas ainda assim é a melhor forma de apagar lembranças.- comentei com um olhar pedido.

- Como assim? Porque acha isso?- Bucky me olhou confuso e indignado.

- Calma, eu não tô dizendo que apoio, tô dizendo que apesar de ser uma técnica desenvolvida há séculos atrás e de já termos novos métodos menos terríveis, essa ainda é a mais eficaz - expliquei.- olha só: imagina que o cérebro humano é como uma fiação elétrica, um emaranhado de fios, todos com em seus devidos lugares e com suas devidas funções. E imagina que os eletrochoques são como um copo de água. O que acontece se jogarmos água em uma fiação elétrica?

- Um curto circuito?- Bucky me olhou.

- Exatamente, os choques atingem o sistema nervoso e as sinapses responsáveis pela memória, de certa forma elas se desligam e você esquece de quem é ou foi - expliquei.- essa técnica era muito usada em hospícios até décadas atrás.

- Faziam isso com pessoas doentes?- Bucky me olhou chocado.

- Muito pior, faziam isso com pessoas totalmente normais - apertei os lábios em uma careta.- era a famosa "cura" gay.

- Isso é terrível.- Bucky murmurou.

- Você não sabe da missa a metade, soldadinho de chumbo - comentei e Bucku riu do apelido.- vamos voltar ao que importa? O que mais você se lembra?

- Existem palavras - ele me olhou sério.- palavras que ativam o modo Soldado Invernal. Zemo descobriu essas palavras na época da Guerra Civil e usou contra mim.

- O que acontece quando alguém diz essas palavras?- perguntei interessada.

- É como se virassem uma chave no meu cérebro, o Soldado Invernal aparece e eu não consigo controlar minhas ações - Bucky explicou.- quando ele aparece não existe mais esse cara aqui, só um cara pronto para cometer as maiores atrocidades que lhe ordenarem.

Bucky baixou a cabeça enquanto eu mantinha meu olhar sobre ele. Eu não conseguia sequer imaginar por tudo que ele passou antes de chegar aqui, eu conhecia a fama da HYDRA, Wanda havia me contado uma ou duas histórias sobre como eles trabalhavam e como eles tratavam suas "cobaias".

- Você sabe que enquanto estiver aqui não vai acontecer nada não é?- perguntei e toquei seu ombro com a minha mão.- sério Bucky, ninguém aqui vai permitir que aconteça alguma com você, Steve não vai, Sam não vai... eu não vou.

- Você?- ele levantou a cabeça e me olhou.

- Eu ué, porque não?- dei de ombros.- você é meu paciente oras, meu trabalho é proteger você.

- Pensei que tivesse dito que éramos amigos...- ele ainda mantinha seus olhos azuis presos aos meus.

- Se você quiser - respondi com um sorriso leve.- mas já deixou avisado que eu sou uma chata.

- Eu duvido muito, Ivy.- ele sorriu e notei que pela primeira vez ele me chamou pelo meu nome.

E acho que nunca tinha ouvido meu nome ser dito de uma forma tão.... única.

- Então amigos, Bucky?- estiquei minha mão.

- Amigos.- ele apertou minha mão.

Olhando em seus olhos eu percebi duas coisas muito distintas: a primeira era que ele era uma pessoa quebrada e isso provavelmente era a coisa que mais tínhamos em comum. A segunda era que ele queria encontrar alguém que o amasse, assim como eu.

No final, ele e eu não éramos tão diferentes quanto eu imaginei que seríamos.

BURN THE WITCH         bucky barnesDove le storie prendono vita. Scoprilo ora