1: 𝕻𝖑𝖆𝖉𝖘 = 𝕴𝕴𝕴

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Como prometido, estamos de volta. Lembrando novamente dos alertas de gatilho, se quem leu antes achava pesada, está ainda mais. Conforme eu for terminando de reescrever e botar, vou liberando para vocês. Não se esqueçam de votar e comentar no capítulo. 🙃🙂
Boa leitura 💜


Sentado sobre um vaso sanitário nojento, sentia o mármore frio contra suas costas.

Podia ouvir a música do lado de fora, as risadas e todo o caos que era aquele lugar, mas isso não importava para Jimin, porque o ecstase que um desconhecido, com quem dançava há pouco, enfiou em sua boca, dava indícios de tomar seu pequeno corpo com os efeitos.

Corpo este que já havia sofrido muito e carregava tantas marcas, algumas visíveis e outras não, gravadas em sua mente e principalmente em sua alma.

Ainda naquele chão imundo via o teto girar, podia ouvir novamente a voz de seu pai o chamando para o café, enquanto sua irmã mais nova descia as escadas correndo com as pernas curtas de uma garotinha de cinco anos.

Na porta do banheiro daquela boate em que se encontrava, cheia de bolor e mofo, algumas coisas escritas e números de prostitutas pareciam oscilar entre furta-cor, rosa e azul, em uma festa de cores que apenas ele podia ver através de seus olhos vidrados.

Era bonito, fascinante e fazia Jimin sorrir, coisa que não acontecia com tanta frequência quando estava sóbrio.

Antes, na pista, estava completamente eufórico, mas pensamentos hostis surgiram junto com tanta luz piscando, tanta gente gritando, falando, empurrando, a música alta deixando seus sentidos bagunçados, o irritando. Tomou um, dois, três, tantos drinks até sentir o efeito ardente do álcool não mais incomodar sua garganta. Tudo para amenizar a dor, que não era física, mas era tão real que ele jurava que morreria a qualquer segundo.

Haviam tantas pessoas rindo e dançando, a música era alegre, contudo, Jimin não queria realmente estar ali. Se sentia sozinho, vazio, incompleto e tentava de alguma maneira preencher tudo isso, mas nada parecia funcionar.

Era uma alegria rasa, passageira, só durava enquanto a música tocava e estava cercado de pessoas.

Seu estômago revirava por todas as misturas de opióides, ansiolíticos e drogas ilícitas combinadas com o álcool que enfiara pela boca. Se mesclavam ao ácido do órgão que não via algo sólido há dias.

Ele não desejava realmente nada daquilo, mas entrava em um estado catatônico, no qualseus pensamentos se tornavam um emaranhado e ele só precisava colocar uma cortina na frente de todos eles, porque as lembranças eram doloridas demais, eram angustiantes demais e nada fazia aquilo passar. Lembrar de seu passado, era como tentar arrancar o próprio braço, perna, ou o dente, de tão doloroso. Como ele poderia fazer isso? Seria loucura.

Os efeitos foram desaparecendo, assim como seu sorriso e, as vozes de seu pai e irmã. Parecia sombrio demais. Aqueles três segundos eram tão bons, mesmo que durasse pouco, Jimin podia sentir mais uma vez que era feliz, pelo menos era o que pensava, quando na verdade, estava se afundando mais.

Esses três segundos um dia já foram horas, que viraram minutos, que viraram vinte segundos, dez, cinco e três.

O rapaz então, em busca de ter mais daquele sentimento, da falsa felicidade, retirou do bolso um saquinho contendo apenas dois comprimidos. Observou por um segundo, sabendo que eles logo acabariam. Ele deveria economizar, não é? Acabou de ter um "desses momentos felizes", poderia deixar para usá-los mais tarde. mas o medo e a sensação aterradora que o tomava parecia se tornar pior a cada vez que os efeitos passavam. Retirou com pressa uma das pílulas e a colocou na cerâmica fria da caixa de descarga, retirou com a outra mão do mesmo bolso um cartão e pressionou, fazendo o comprimido se tornar apenas um pouco de pó, juntou com cuidado, mas ainda de forma apressada, a poeira com a borda do cartão formando uma linha.

Deja Vu 《Jjk+pjm》Where stories live. Discover now