08 |• back to the start.

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[...semanas depois...]

Harry olhou o movimento na rua, alguns carros passando, algumas pessoas passeando com seus cachorros, e até alguns idosos caminhando nas calçadas.

Acariciou a barriga proeminente de 16 semanas, mesmo que não estivesse tão aparente assim.

Naquela altura, todos já sabiam da gravidez. Suas famílias, amigos, e qualquer outro estranho que reparasse em Harry por muito tempo, seja na pequena elevação em seu abdômen ou até mesmo quando o viam comprando roupinhas de bebê.

Ele havia buscado o ultrassom mais cedo, e estava esperando que Louis chegasse em casa para ver o resultado junto com ele.

Sr. Jones não havia permitido que Louis saísse um período mais cedo para acompanhá-lo no exame, mesmo que estivesse adiantado alguns módulos na matéria.

De qualquer forma, Harry foi sozinho, e pediu para que o médico não lhe contasse o sexo do bebê, mas sim, que o escrevesse em um papel e o deixasse dentro do envelope.

Não queria saber sem que Louis estivesse junto.

Liam e Zayn, amigos da faculdade de Louis, também viraram de amigos de Harry agora, principalmente por causa de Maeve, a filhinha de três anos do casal.

Inclusive, haviam combinado de ir jantar em um restaurante no final de semana.

Harry deitou no sofá, se alongando um pouco quando sentiu uma pontada na lombar.

Decidiu que iria assistir "Diário de Uma Paixão", e sabia que iria chorar como na primeira vez que assistiu, mesmo já sendo provavelmente a vigésima vez que via o filme.

Principalmente pelo fato de os hormônios terem o deixado mais sensível do que nunca.

Louis chegou na parte em que Noah começou a reformar a Mansão Windsor, mas Harry estava tão concentrado que nem havia percebido.

— Oi, Tomlinson — Louis cumprimentou, se curvando para beijar a testa de Harry, que levantou na hora — Estava me esperando para abrir isso aqui?

Ele estava segurando o envelope que Harry havia deixado no balcão.

— Estava, e eu quase morri de ansiedade — seus olhos estavam brilhando, e Louis abriu um sorriso — Abre logo.

Harry estava impaciente, e Louis estava igualmente ansioso, então acabou logo com toda aquela tensão.

Pegou um dos papéis em mãos, e sorriu quando leu as anotações escritas à mão pelo médico.

— Caralho, Louis, você vai ficar viúvo se não falar logo.

— Você estava certo — Louis entregou o papel para Harry, que chegou a o levemente amassar pela rapidez que o pegou em mãos — É menina.

Abriu um sorriso e se jogou nos braços de Louis.

Ambos riam, e chegavam a estar lacrimejando de emoção. Não sabiam ao certo se era pelo fato de ser uma menina, afinal, o amor seria o mesmo caso fosse um menino.

— Sua intuição é muito boa.

— Eu sabia que era menina. Eu sentia que era.

Ficaram em silêncio por um tempo, soluçando enquanto exibiam sorrisos de genuína felicidade, enquanto digeriam todos os fatos.

— Darcy, então, não é?

— Uhum — depositou um selinho demorado nos lábios finos, segurando a lateral do seu rosto — A nossa Darcy.

[...]

Harry ficou alguns bons minutos analisando o seu reflexo no espelho, reparando em como sua barriga havia crescido. E não só isso, seu rosto começou a se arredondar, suas coxas estavam mais grossas ainda e seus pés igualmente inchados.

Achava que estava lentamente virando uma bola.

Louis sabia que mudanças na autoestima eram comuns na gravidez, provavelmente por conta dos hormônios. Isso aconteceu com a sua mãe diversas vezes.

Harry estava se achando horrível, e os seus seios doloridos pelo começo da produção de leite não estavam colaborando.

— Lou — Harry chamou, fazendo Louis tirar os olhos do livro para fitá-lo — Você acha que eu sou feio?

— É claro que não — respondeu com o cenho franzido — Só um louco acharia isso.

— Mas olha o meu rosto — o cenho de Louis se franziu mais ainda, confuso com as palavras de Harry — Está todo redondo e inchado...

— Você está lindo assim.

Sua própria opinião não havia mudado, mas se sentiu minimamente atraente pelo longo olhar de admiração que Louis lançou.

— Vem aqui — Louis pediu levantando o edredom que o cobria, e Harry deitou, aninhando-se e descansou a cabeça no peitoral do marido — Eu acho que você seja a pessoa mais linda do mundo, e qualquer um que discorde está errado.

— Eu estou errado se discordar de você, é isso?

— Uhum — respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Ficaram em silêncio por um tempo, o único som no quarto sendo o das páginas do livro sendo viradas por Louis.

— Será que você não pode deixar esse livro de lado só por um minuto? — Harry perguntou se sentando nas coxas de Louis.

— Não — resmungou, sem nem tirar os olhos das palavras impressas nas folhas amareladas.

Os lábios de Harry formaram um bico, mas logo uma ideia surgiu em sua mente.

Foi mais para cima, ficando exatamente sobre o membro do outro, que nem parecia ter percebido.

— Lou, por favor... — Harry pediu manhoso, começando a rebolar — Eu preciso de você...

— E eu preciso saber quem realmente matou a Sra. Argyle. Será que eu posso ficar um mísero segundo sozinho, Harry?

Se chocou com a mudança de humor repentina, mas aceitou. Não tinha muito o que fazer.

— Achei que você tinha prometido parar de me tratar assim — Harry cruzou os braços, bufando.

Esperava um pedido de desculpas ou algo parecido, mas não recebeu nada. Apenas o silêncio da concentração.

Então apenas desistiu. Independente disso, havia perdido a vontade.

Louis não havia se pronunciado, e aquilo machucou o orgulho de Harry. Talvez fossem os hormônios, mas tinha ficado profundamente machucado com a solicitação de atenção que lhe fora negada.

Se virou na cama, ficando de costas para o outro. Se quisesse ficar lendo ao invés de lhe dar atenção, que ficasse, então.

[...]

Em algum momento da noite, sua frustração havia se tornado em tristeza, vinda junto de uma vontade incontrolável de chorar.

Eram umas quatro da manhã, e lá estava ele, sentado e encolhido no chão frio do banheiro, abraçando os joelhos e se perguntando o porquê de Louis ter sido tão ríspido.

Talvez ele fosse o problema. Talvez realmente estivesse o sufocando. Talvez realmente ele fosse grudento e chato demais.

Talvez a culpa não fosse de mais ninguém, porém sua.

Louis havia acordado e estava ouvindo os soluços de Harry vindos de dentro do banheiro. Seu primeiro impulso foi ir até lá, mas se segurou. Harry precisava de um tempo sozinho.

Poderia ter fingido estar dormindo quando Harry abriu a porta, mas não fingiu.

— Preciso te falar umas coisas.

— Fala, então — respondeu com a voz falha, indiferente, sentando na cama.

Já sabiam que seria uma daquelas conversas desagradáveis, mas necessárias. Harry respirou fundo e olhou profundamente nos olhos de Louis, que disse:

— Me desculpa.

the stars in your eyes | l.s. mpregOnde as histórias ganham vida. Descobre agora