CAPÍTULO 8

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🌻

Eu só podia estar dormindo.

Era tudo um sonho, eu estava imaginando tudo enquanto provavelmente me encontrava deitada em minha cama, ainda coberta pelos milhares de edredons e afundada entre meus travesseiros.

Precisei me afastar do Rafael imaginário para respirar, o olhando fixamente. Mas se tudo não passava de um sonho, pouco importava o fôlego.

Elevei meu rosto capturando sua boca mais uma vez. Ele passou uma das mãos pela minha cintura e a outra para minha nuca, aprofundando o beijo.

Cambaleamos um pouco para trás, e eu senti minhas costas baterem no balcão da cozinha. Dei impulso para me sentar nele pois não confiava nem um pouco no meu equilíbrio. Levei uma das minhas mãos ao rosto do Rafael, enquanto minhas pernas se cruzavam entre ele.

Suas mãos em meu cabelo acabaram desmanchando o coque que já estava se desfazendo, deixando os fios caírem pelas minhas costas e enroscando os dedos entre eles. Meu corpo arquejava e se arrepiava com seus toques, tanto que até parecia real.

Segundos depois, ele infelizmente se afastou.

"Eu...eu...", ele passou a mão pelo cabelo, "sinto muito...eu não devia...", deu um passo para trás.

"Porque está se desculpando?", pulei da bancada, "você...", fechei os olhos com força, sendo tomada pela vergonha de perguntar aquilo, e era só um sonho, "não gostou? Foi tão desagradável assim?".

"Não, não é isso...", coçou sua nuca, "é que...Luna...alteza...isso não devia ter acontecido"

"E o que tem de tão errado?"

"Tudo", eu me deti no lugar.

"Eu sou tão...", pensei em uma palavra para usar, mas nada vinha em mente, "...insuficiente assim?"

"Não", respondeu rápido, "é claro que não, você é incrível, e esse é o problema", eu o olhei confusa, "eu sou só um empregado Luna, um simples segurança, eu nem sequer deveria estar falando com você"

"E o que importa?"

"Importa que você é uma princesa, e eu sou um guarda, nossas realidades são totalmente opostas, não coincidem"

"Então, eu ser da realeza é o problema?", sussurrei.

"É claro que não, entenda o que eu quero dizer", respirou fundo, "sou eu que não sou o suficiente para você", apontou para si mesmo.

"Olha só a besteira que você está dizendo, isso não faz o menor sentido", reclamei.

"Faz sim, pelo menos para mim", deu outro passo para trás, "eu gosto de você Luna, e é por isso que não posso te submeter a se relacionar com um guarda"

"Com um guarda?", repeti com raiva, "é com isso que você se importa? Então na sua concepção, eu deveria me relacionar com um príncipe?"

"Bem melhor que um simples segurança", eu apertei meu cabelo para não levar minhas mãos ao seu pescoço.

Se era só um sonho, ou melhor, um pesadelo, porque eu não acordava logo?

"Olha, entenda isso", o olhei, "você que me conhece a um bom tempo, e que está praticamente quase vinte quatro horas comigo, deveria saber que eu pouco me importo com títulos", peguei meu celular que tinha deixado na ilha, "quando me interessei por você, não era o guarda que eu via, era o Rafael, o meu amigo", engoli em seco, eu não iria chorar, "é uma pena que você só enxergue a princesa", dei as costas e sai.

E foi depois de abrir meu coração, de afirmar para mim mesma os meus sentimentos, que eu entendi. Eu não estava sonhando.

[...]

Se eu tinha algum objetivo de descansar para estar disposta na manhã seguinte, isso não aconteceu. E a mesma coisa rolou pelos próximos dias.

Eu mal podia deixar os olhos abertos, ou fecha-los, que revivia a mesma cena mil vezes. Tudo começando perfeitamente bem, e acabando como uma tragédia dramática.

Eu o evitava, o que não era tão fácil já que ele não tinha como abandonar suas tarefas de guarda. Mas mesmo com todo o desejo de olha-lo, de ir falar com ele, dizer para deixar esses pensamentos idiotas, eu não o fazia.

Eu vivia relembrando o que falamos, o que sentimos. Machucava saber que ele colocava meu papel na realeza como um empecilho.

Eu sempre adorei fazer parte dela, mas naquele momento, naquela circunstância, o peso de ser uma princesa nunca foi tão forte.

Mas não havia nada que eu pudesse fazer em relação a isso, era parte de mim, era parte de quem eu era. E antes de tudo, eu amo quem eu sou.

De tudo isso, o que mais me assombrava era o fato de termos confessado, os dois, de que sentíamos algo um pelo outro. Ele disse que gostava de mim, e eu repeti as mesmas palavras. finalmente tudo parecia estar se esclarecendo em minha mente. Então porque tinha que ser tão complicado?

"Luna", Luara me chamou, "você anda tão distraída ultimamente"

"Perdão, alguns problemas", dei de ombros, ela não fez mais perguntas sobre isso. Apesar de sermos amigas, ela entendia meu limite e sabia que eu contaria se estivesse disposta.

Mas tem coisas que apenas poucas pessoas devem saber.

"Então você precisa relaxar um pouco, para relaxar a mente", sorriu, "o Léo me disse que um amigo dele descobriu uma boate nova e muito boa, vai abrir nesse final de semana, podemos ir", eu pensei na ideia. Ir para uma festa parecia legal.

"Eu gostei, mas não é tão fácil assim para mim, ser reconhecida é um problema, e tem os seguranças"

"Você pode dormir lá em casa, já fez isso algumas vezes, e nós já escapamos dos seus seguranças pelos fundos. Leva um dos seus disfarces", pensei na proposta e me animei.

"Okay", disse confiante. Eu gostava desses momentos de rebeldia, com moderação, é claro.

E eu estava mesmo precisando me distrair um pouco.

🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻

REVISADO

AVISINHO...FALTAM SÓ 2 CAPÍTULOS PARA O FINAL 👀

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Luna - Spin OffWhere stories live. Discover now