Capítulo 43 - O Acordar de Uma Noite Adormecida

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Não era surpresa alguma para Azriel encontrar Cassian ocupado com Nestha no quarto dele da Casa do Vento. Ele não só já imaginava quanto já havia ouvido os sons enquanto se aproximava.

O corredor era iluminado por luzes feéricas, colunas de mármore embutidas na parede separando alguns dos quadros mais preciosos da Corte Noturna. No topo de cada coluna havia uma cortina aveludada vermelha cobrindo o rodapé, adicionando cor à casa maioritariamente sem cor.  Dentre todos os quadros, havia um específico que Azriel detestava. Ele gostaria de pedir para seu irmão que removesse dali, mas não aceitaria admitir que havia algo que o incomodava. 

Era o mais escuro dos quadros, uma pintura expressionista e surrealista. Uma luz alaranjada, solitária no meio de sombras mais profundas do que o vácuo. Azriel não sabia dizer porquê, mas não conseguia encarar aquele quadro por tempo demais, senão seu corpo começaria a doer, os olhos ardiam e a garganta fechava em um nó apertado.

Não se perca no escuro, as sombras sussurraram.

Ele respirou profundamente antes de seguir para o quarto de Cassian com cautela. O illyriano acreditava que seu irmão, mesmo com a cabeça distraída, sentiria a presença dele assim que estivesse perto. Azriel não mencionaria o que lhe havia acontecido mais cedo na floresta: quando suas sombras se tornaram seu inimigo, lhe dominando com pavor e ódio.

Na realidade, ele não queria ter que se encontrar com Cassian. Não agora. Precisava se afastar de todos sempre que isso acontecia, precisava do silêncio e frio do seu apartamento para recarregar as energias e forças. No entanto, Azriel não tinha essa opção agora, pelas pistas que ele havia encontrado no caminho para o continente.

Ele bateu duas vezes na porta de mogno. Cassian xingou para si mesmo e para seu irmão.

— Estamos ocupados aqui!

— Eu sei.

— Então cai fora.

— Rhysand está te chamando.

— Ele pode esperar — rosnou Cassian.

Os míseros sons de umidade diziam a Azriel que apesar dele estar ali, os dois não haviam parado ainda.

— Você conhece o mesmo Rhysand que eu?

O tom de voz de Azriel era mais grave, mais sério do que o normal. Ele sempre era sério e composto, mas perto de Cassian e Mor, era ligeiramente mais descontraído. Se Cassian percebeu a diferença, não demonstrou.

— Você conhece outro Rhysand? É um nome incomum — resmungou.

— Cassian, o dever chama.

Azriel cruzou os braços, ouvindo os resmungos do illyriano e de Nestha. Ele permaneceu ali, parado como pedra até que seu irmão apareceu na porta, os cabelos negros presos num coque bagunçado, suor escorrendo em seu peito nu.

— Audacioso da sua parte interromper isso.

Azriel deixou um mísero sorriso pretensioso escapar, se lembrando de quando Cassian e Mor interromperam o quase-sexo de Azriel e Aaliyah na banheira.

— Puxei de você, irmão.

Cassian bufou, pegando sua camisa no chão. Azriel observou cada movimento, agora retornando a seriedade de antes.

— Vocês estavam com pressa, huh?

— Calado — o illyriano resmungou mais uma vez, empurrando seu irmão consigo para longe do quarto. — Do que Rhysand precisa?

— Amren parece ter encontrado o lugar. Rhysand provavelmente vai te dar as ordens para levarmos os soldados illyrianos. E enquanto isso eu trago más notícias.

Corte de Sombras e LiberdadeWhere stories live. Discover now