A Caçada Sobre O Passado - Finalizada

41.

Algumas coisas não foram feitas para serem questionadas, elas só foram feitas para existirem. Percebi isso ao ir no antigo escritório do papai e ver aqueles computadores que uma vez pensei em ligar e digitar a senha. Não sei o que tem ali, mas não é uma coisa que eu quero saber. Só apaguei tudo que tinha e empacotei os computadores para levar para a casa nova.

Isso é uma das coisas que estamos fazendo a meses, empacotar coisas importantes. Claro que não vamos levar tudo, chegamos a conclusão que não vai ser preciso. Vamos ficar com uma das casas antigas que os Campbell tem na cidade, ela já tem algumas coisas, vamos levar outras e comprar algumas novas, então só embalamos o básico e mesmo assim deu um caminhão enorme de mudança. Nossos amigos vieram nos ajudar, teve um pouco de bagunça, mas depois de alguns minutos todos conseguiram arrumar um jeito que ficasse melhor para todos.

A minha idéia era arrumar tudo e não olhar para trás em momento algum, só que é difícil. Quando fazemos de algo nosso lar, é ainda mais difícil de se deixar ir e essa casa foi meu lar por toda minha vida, sempre estive aqui, sempre vivi aqui e é extremamente difícil deixar tudo isso aqui e ir embora. Ouvi batidas na porta e deixei que entrassem, Chris, o pai da Alisson apareceu nela e sorriu.

- Não quero atrapalhar, mas se importa de conversar um pouco? - Perguntou e eu sorri apontando para a cadeira do escritório. Ele se sentou e olhou ao redor. - Eu e seu pai éramos amigos, na verdade uma vez chegamos a ser melhores amigos.

- Ele sempre foi doido e obcecado pela imortalidade? - Perguntei e ele riu baixinho.

- Não que eu me lembre. - Suspirou e começou a procurar alguma coisa no bolso de sua jaqueta. - No auge dos seus quinze anos, seu pai já era um ótimo caçador. Ele já fazia coisas erradas e eu sempre avisei que um dia aquilo iria fazer mal para ele, mas o mesmo nunca me ouviu e isso foi um dos motivos para nos afastarmos. Eu me lembro até hoje do dia em que brigamos, foi uma coisa feia, teve até ossos quebrados. Ele estava destruído de forma mental, a mente dele já estava meio rachada, eu lembro que ele estava começando a surtar.

- Tem que haver uma razão pra tudo isso. - Edgar diz se sentando de forma nervosa na cadeira.

- Precisar me falar, Ed, sabe que guardar tudo pode ser pior. - Tentei o convencer que o melhor jeito era me contar, mas ele estava determinado a não dizer nada.

- Não vem bancar o bonzinho comigo Chris, eu sei oque a vaca da sua irmã faz em relação ao código. - Ele queria me atingir com as palavras, queria que eu fosse embora e o deixasse sozinho para poder prender qualquer tipo de sentimento que ele sentia. - Você acha que tudo isso pode ser normal, mas me diz como matar pessoas pode ser NORMAL!

- Ele não queria essa vida, não queria caçar. Seu pai era um homem bom, de coração puro e não queria matar pessoas. - Achou oque ele procurava e segurou bem firme a caixinha preta. - Não sei oque aconteceu para tudo mudar, mas não foi boa coisa.

- Eu só quero te ajudar, Porfavor, me deixe te ajudar. - Implorei para ele, mas ele deu risada. - Eu sou o seu melhor amigo, porfavor, não faz isso com você mesmo.

- Não fazer isso comigo mesmo? Você nem se importou em saber oque estava acontecendo a alguns dias atrás e agora quer saber oque caralhos aconteceu? - Alterado, alguma coisa estava mudando em sua cabeça e eu sabia disso. - QUANDO EU REALMENTE PRECISEI, VOCÊ NÃO ESTAVA LÁ COMO PROMETEU. ENFIOU O MELHOR AMIGO NO CÚ. ACHOU QUE EU SÓ QUERIA ATENÇÃO, MAS DEIXA EU TE DIZER UMA COISA! ME QUEBRARAM E MEU SUPOSTO MELHOR AMIGO NÃO ESTAVA LÁ PARA ME AJUDAR! SEU BOSTA.

- Nem percebi, ao menos notei que ele estava diferente. Foi uma mudança tão lenta que só percebi quando não dava mais para o ajudar. - Não sabia oque pensar, era muita coisa para minha cabeça. - Seu pai não era mal, só foi influenciado a fazer as coisas de forma errada. Depois que foi transformado em um vampiro, teve uma fase de negação tão grande que ele quase morreu por não querer tomar sangue, nem de um coelho ou bolsa de sangue. Seu pai foi a pessoa mais pura que eu conheci e essa pureza foi arrancada dele.