Ser mandada embora de um emprego meia boca em um dia e começar a trabalhar em um novo local no outro, vai virar a vida de Diandra Mello do avesso. Aos vinte e cinco anos, ela vai enfrentar inúmeros obstáculos tendo Vallentina e Maurício Galzerano co...
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A sensação de estar indo em direção a um tornado cresce a cada minuto. Mayara foi babá dos Galzerano por um ano e conhece Vallentina há muito mais tempo do que eu. Não sei até que ponto esse conhecimento vai, e me pergunto se ela sabe que sua ex-patroa traiu o marido e não faz ideia se Maurício é o pai de Bernardo. A vantagem que Mayara tem sobre mim devido ao tempo que trabalhou na mansão, eu acabo superando por ter me envolvido com Maurício. Ele me ajudou a entender muitas coisas sobre a forma como Vallentina trata o filho. E eu o ajudei a descobrir que seu filho pode não ter paralisia cerebral.
Faz poucos minutos que conheci a antiga babá das crianças, e não posso nem sonhar em contar as coisas que sei, pois muito provavelmente teria que dizer como as descobri. A questão é que me sinto na obrigação de fazer alguma coisa, como pedir ajuda a alguém. Mas não posso recorrer a alguém que acabei de conhecer.
— Você ainda não disse exatamente o que fez Vallentina te demitir.
Uma parte ingênua de mim alimenta a ideia de que talvez Mayara realmente pode ter dado em cima de Maurício. Ele é um homem lindo, másculo, super sexy e cheiroso. Eu não teria coragem de me jogar para cima dele sabendo que ele é um homem casado e ainda por cima, meu chefe. Porém, não julgo.
— Algumas coisas não estavam batendo — diz ela tentando revelar menos coisas possíveis. — Aí eu resolvi fazer algumas perguntas à Vallentina sobre Bernardo.
— Que tipo de perguntas?! Sobre o quê???
— Sobre os problemas de saúde dele — ela responde com poucas e resumidas palavras, mas aos poucos começo a entender. — Acho que ela se sentiu ofendida quando perguntei se o problema dele era tratável. Só depois que ela me mandou embora foi que eu parei pra pensar. Por mais que ela seja uma pessoa fria e arrogante, como mãe, ela já deve ter feito de tudo por ele. Fui mesmo muito linguaruda.
Necessito dizer que que discordo. Inclusive, tenho muitas razões para pensar de forma diferente. Só que eu prefiro guardar minha opinião e tentar obter mais informações.
— Mayara, eu me preocupo muito com essas crianças. Com Bernardo principalmente. Queria saber o que te levou a questionar Vallentina.
Mayara está hesitante. Olha para Bernardo por um longo tempo e depois volta a olhar para mim.
— Em um fim de tarde no mês passado, Bela tava andando de bicicleta no quintal, mas já era hora de entrar. Fui no jardim e só demorei vinte segundos lá fora pra chamar ela. Quando entramos, ele começou a chorar e ficou muito inquieto. Tava tentando tocar a perna esquerda a qualquer custo. Vi um inchaço e uma vermelhidão com algo pequeno preso. Era um ferrão. Ele tinha sido picado por uma abelha e tava sentindo dor! Fiquei pasma!
Meu coração já não está mais batendo no mesmo ritmo de dois minutos atrás. É praticamente a mesma coisa que aconteceu no dia da vacinação. Em fração de segundos, minha mente une vários pontos soltos.
