Ser mandada embora de um emprego meia boca em um dia e começar a trabalhar em um novo local no outro, vai virar a vida de Diandra Mello do avesso. Aos vinte e cinco anos, ela vai enfrentar inúmeros obstáculos tendo Vallentina e Maurício Galzerano co...
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Todo o meu corpo está trêmulo, e mal consigo segurar a sacola com o lanche de Maurício. Era para ele estar comendo o sanduíche natural de frango com queijo provolone que eu nem sei se ele gosta, e temo não ter mais tempo para descobrir. Isso é assustador. Me esforço para afastar esses pensamentos ruins e tento manter a calma. Ele vai estar bem melhor quando os médicos terminarem o atendimento e vai me dizer se gosta ou não de sanduíche natural, e teremos o resto de nossas vidas para descobrir muito mais do que nossos gostos por comida.
Mas e se por acaso ele estiver mesmo tendo um infarto? Como eu vou dar essa notícia aos filhos dele? Como vou dizer à Camila por telefone que o irmão dela teve um ataque cardíaco e morreu? Como eu vou viver tendo minha chance de começar uma vida com o homem que eu amo sendo tirada de mim de um jeito tão cruel?
— Diandra, certo? — a voz do Dr. Daniel surge ainda distante. Me viro em sua direção e assinto confirmando meu nome enquanto ele se aproxima de mim.
— Ele tá bem?
O doutor respira profundamente antes de me responder, o que me deixa aflita.
— Ele não corre perigo de vida, mas está sob muito estresse. O problema é que um quadro assim pode significar outras coisas também.
Meu coração oscila dentro do peito.
— Que tipo de coisa? É grave?!
— São só suspeitas — diz ele. — Já solicitei um hemograma completo e alguns outros exames que vão me ajudar a descartar essas hipóteses.
Fico dividida entre achar que descartar hipóteses é algo bom, e achar que isso só vai deixar Maurício mais chateado. Passar mais tempo aqui só vai adiar ainda mais a solução.
— Quanto tempo demora pra sair os resultados?
— Algumas horas, apenas. Mas ele não precisa esperar aqui. Quando ficarem prontos posso entrar em contato e marcar um horário para conversarmos, se for necessário. Sei que ele quer ir embora o mais rápido possível.
— Obrigada, doutor.
Um grande peso começa a sair dos meus ombros quando consigo imaginar Maurício comprando as passagens de volta em breve. Começo a andar animada até a porta do quarto onde Maurício está, mas o doutor me chama novamente em um tom mais delicado dessa vez.
— Eu vou precisar da sua ajuda.
Rapidamente, minha animação se transforma em curiosidade.
— Minha ajuda? Em quê?
— Bom, o assunto sobre as cirurgias do filho dele foi interrompido justo em um ponto muito importante, e na condição em que ele está, não posso dar continuidade às explicações. — fico observando-o atentamente sem dizer uma palavra, até que ele prossegue. — Uma demora para realizar essas cirurgias pode implicar nos resultados. O quanto antes forem feitas, mais chances ele tem de andar. Eu preciso que você faça o que estiver ao seu alcance pra que ele agilize tudo sem precisar saber disso e acabar passando por mais estresse.
