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Meu peito dói de várias formas diferentes. Dói por uma sensação de vazio que me tomou e eu nem sei direito o porquê. Estou confuso e não sei onde estou. Respiro devagar para que a dor não seja tanta quando meus pulmões se enchem, contudo, abro os olhos, e aos poucos o cenário onde estou vai ficando mais claro. O hospital. Todas as lembranças dos últimos minutos voltam com força. Vallentina chegando, a notícia da maldita tutela de emergência, meu filho sendo arrancado dos meus braços. Eu preciso ir atrás deles. Me ergo depressa, mas logo sou parado pelo Dr. Daniel.

— Espera — ele pede. — Você não tá em condições.

— Como assim? — questiono confuso enquanto me levanto, mas então entendo o porquê. Tudo começa a girar ao meu redor e sinto meu corpo começar a pesar mais do que consigo sustentar.

— Maurício! — a voz de Diandra soa preocupada, mas ela não tem motivos para estar assim. — Você passou mal no corredor, desmaiou, e o médico trouxe você pra cá pra ser examinado.

— Mas eu só tô um pouco tonto — falo sendo deitado novamente na maca contra a minha vontade. — Doutor, me dá alguma coisa pra tonteira e me libera pelo amor de Deus. Eu tenho que pegar meu filho no aeroporto, antes que minha ex-mulher embarque com ele.

Com uma calma singular, ele me encara.

— Olha, por que você não tenta se acalmar um pouco e me fala o que está sentindo?

— Porque eu não tenho tempo pra isso! — grito. Meu peito começa a doer um pouco mais, só que é suportável.

— Você pode estar tendo um princípio de infarto! — diz o médico olhando diretamente nos meus olhos. — Se sair por aquela porta sem uma avaliação médica, pode estar indo em direção aos seus últimos minutos de vida.

— Ficar aqui é o que vai me matar, você não entende???

O médico não diz mais nada e fica apenas observando enquanto eu tento encontrar uma maneira de me levantar sem cair deitado de novo. Eu sei que eu estou certo. Ficar neste hospital quando meu filho está prestes a ser levado de mim pelo que me parece ser para sempre, é a minha morte sendo decretada.

— Maurício. — Diandra se aproxima de mim com seu tom de voz fragilizado. Depois do choro do meu filho, esse é o som mais difícil de ouvir. Seus cabelos estão ligeiramente desarrumados, provavelmente por causa dessa correria toda. Estendo minha mão para ajeitá-los, mas por alguma razão, eu erro a direção e não toco nada. É ela quem pega minha mão no ar e a guia até seus lábios, onde o calor de sua boca tenta me confortar de alguma forma. — Ela tem uma tutela de emergência e uma ordem judicial pra levar Bernardo de volta.

— Eu sei, mas se eu tentar...

— Me escuta — ela implora. Não consigo fazer outra coisa que não seja ouvi-la. — Ela fez isso justamente pra que não houvesse nenhuma chance de sair daqui sem ele. Você ir atrás deles agora só vai te desgastar ainda mais, fora que essa briga toda vai fazer mal a Bernardo também.

Entre erros e acertosWhere stories live. Discover now