CONTRATO (Completo)

Bônus

Não conseguia ficar em paz naquela casa. E os dias que se passaram perturbaram-me, fazendo com que o fracasso prevalecesse.

Um pouco mais de uma semana aqui trouxe a certeza de que me tornei uma prisioneira, e isso me atormentou por inteira.

As crianças estavam indo para a escola, com bem mais seguranças, porém suas rotinas voltavam ao normal. Já eu, mal podia pisar no jardim sem os homens atrás de mim. Tudo isso fez meu ódio triplicar.

Liguei para Rihanna assim que consegui, a mesma me acalmou dizendo que ninguém teria lhe ameaçado. Também disse que Chris estava em segurança. E entre risadas maldosas me prometeu que cuidaria para que nada de ruim lhe acontecesse.

Ela era a única que me arrancava risos ultimamente, claro, além dos meus pequenos. Kelly apareceu aqui assim que voltei. Conversamos um pouco, e ela me mostrou a barriguinha pequena que salientava o pequeno ser que se formava ali. Como eu não tinha cabeça pra nada, nem mesmo conversei com Lauren.

Mas oportunidades não faltariam.

Shawn teve a decência de não me perturbar. Não dormia comigo, não forçava conversas. Mas eu sabia que toda paciência uma hora iria para o ralo, sua inquietude me mostrava. Ficava atenta em suas feições e atitudes, queria ter a certeza de que não usava drogas como dias antes. Parecia limpo e são.

Era estranho para mim, pois não sentia vontade de tê-lo por perto. Não sentia aquela loucura de antes. Sentia apenas ódio. Ódio pois ele estava me fazendo acreditar que apenas era sua propriedade. Um brinquedo. Brinquedo que ele não se cansou ainda.

Sobre tudo, estava magoada.

Ele foi o homem por qual me apaixonei, a pessoa que me fez juras de amor. Nunca fui romântica ou necessitada ao ponto de me iludir com um homem, mas tudo que vivemos foi real. Me recusava pensar o contrário.

Era difícil admitir, mas o sentimento que prevalecia em mim era a magoa. Chegava antes do ódio. Mas isso eu guardava bem dentro de mim, não demonstrava minhas fraquezas pra esse crápula. Jamais.

Eu deveria ter matado esse homem.

Antes dele ter colocado um filho dentro de mim.

A quem quero enganar? Eu nunca quis matá-lo. E depois das crianças meu amor só fez crescer.

Minha cabeça não trabalhava em ordem como antes. Estava me sentindo perdida e acuada como anos atrás. Como na época que apareci nessa casa, e sem Lúcia sem e quem amava, me vi sozinha com uma família que mal conhecia. Quando Jay ferrou com minha cabeça com seu sangue frio e toques quentes. Eu era nova demais.

Se fosse hoje...

Provavelmente seria a mesma coisa.

Eu sou patética.

E estou entediada também.

Talvez por isso que estou bebendo a segunda taça de vinho nessa tarde.

Enquanto olhava a piscina da sacada do quarto, sentada em uma das cadeiras, sinto a presença dele.

Ele se aproximou, mas manteve uma certa distância ao pegar uma das cadeiras e colocá-la no outro canto da sacada, seus olhos penetrantes em mim.

Usando um jeans escuro, uma camisa branca e por cima a jaqueta de couro, se acomodou a minha frente.

Uma pistola foi tirada da sua jaqueta e colocada sobre a mesa entre nós, meus olhos pararam por ali por um tempo.

— Vamos ficar por mais quanto tempo assim, Beyoncé? -em suas íris enxergava frustração.