7- Juntando as peças

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No decorrer da semana as coisas fluíam naturalmente para Victoria, com cada vez mais reconhecimento em seu trabalho, sua lista de contatos e consequentemente clientes só aumentavam, deixando-a extremamente feliz e realizada. Esse que, desde a sua adolescência era um sonho, agora era uma ótima realidade.
No decorrer dessa mesma semana, manteve contato todos os dias com Lia, ocasionando em um aumentativo  de interesse pela moça; não sabia explicar muito bem o que ela despertava em seu íntimo, apenas sabia sentir. Não era paixão, não era amor. O que seria? Tão somente um desejo? Descobriria no domingo, o dia que ela e Lia combinaram de se encontrar. Estaria mentindo se dissesse que não estava ansiosa.

Mais um dia de trabalho terminou, muitos clicks foram dados com sucesso, clientes satisfeitos saiam sorridentes de seu Studio. Com a sensação de dever cumprido ligou para Carina assim que saiu do trabalho. Precisava dar uma relaxada depois de um dia tenso como o que teve.

Depois do terceiro toque, quando já estava pronta para encerrar a chamada, Carina atende

- Porra, achei que não fosse atender. - Caminhava até o carro, destravando a porta. Sentou-se no banco do motorista colocando o celular no viva voz, dando partida no veículo.

- Sempre te atendo, como você tá? Aconteceu alguma coisa? Você quase nunca me liga, isso é estranho. - Fala em um fôlego só, preocupada com o fato de a amiga estar ligando, isso não era nada comum de acontecer.

- Está tudo bem sim, eu liguei para ver se você quer ir lá em casa, tipo, agora. Terminei o expediente. Quero conversar, beber com alguém, a sortuda da vez é você.

- Aiii, que delicinha, me arrumo rapidinho e te encontro lá, não começa a beber sem mim, por favor.

- Claro que não, espero por você.

- Acho bom mesmo!

- Certo, vá se arrumar, beijo. - Desliga o telefone e foca na estrada a sua frente. levaram em média 30 minutos até que Victoria estacionasse o carro em frente a enorme casa olhando-a. Por vezes, olhar o tamanho de sua casa chegava a ser assustador; era uma única pessoa para uma casa daquele tamanho. Mas, era a casa dos sonhos, a qual foi conquistada com muito esforço. Somente por isso não cogitava a ideia de sair dela.

Ao entrar em casa liga as luzes, tirando seus sapatos e colocando-os onde sempre os deixava. Senta-se no sofá e fica ali por um tempo. Pensativa. Pensava no que foi, no que se tornou e em tudo que ainda poderia ser. Não se considerava uma pessoa solitária, mas obtinha a crença de que é extremamente feliz, e, extremamente triste. Não ignorando nenhuma parte de si, se sente por completo, em toda sua totalidade e se vê bem com isso.

É despertada de seus pensamentos com a campainha tocando, então levanta e vai atender sua amiga que, como sempre, a abraça fortemente como se o mundo estivesse prestes a acabar.

- Cheguei para sua alegria! - Carina se desfaz do abraço, indo para a sala. Victoria após fechar a porta se junta a amiga sentando ao seu lado, apoiando a cabeça em seu ombro, causando estranheza em Carina  já que ela não é uma pessoa tão afetuosa. Porém, não iria reclamar, às vezes o silêncio é melhor do que uma enxurrada  de questionamentos.

- Eu estava pensando... - Victoria ergueu seu rosto, olhando para a amiga. - Minutos antes de você chegar, e, nossa! Eu tenho a vida que eu sempre quis, isso é bom para caralho, ao mesmo tempo que pode ser ruim, você não acha?

- Está em crise, Victoria?

- Não, eu só estava... esquece. Vamos beber que é melhor, coloca uma música enquanto faço drinks, aprendi na Internet uns que você vai adorar. - Da uma piscadela para a amiga e vai para a cozinha pegando os ingredientes que iria usar.

Carina colocou no som uma música bem animada e foi para a bancada fazer companhia para a amiga que, estava surpreendendo ao fazer as bebidas sem quebrar um copo, derramar nada. Ora! Se tinha uma pessoa que era ruim em tudo que envolvia cozinha esse alguém era ela.

- Olha, está de parabéns! - Carina batia  palmas animadamente. - Dessa vez sua cozinha sai inteira.

- Deixa de ser besta, são só bebidas, fáceis de fazer. - Deu de ombros, despejando o líquido nos respectivos copos. - Faça as honras e me diga se ficou bom.  - Estende o copo para a amiga que, dá um gole considerável na bebida. Era adocicada, o gosto do álcool vinha sutil no fundo.

-  Já pode ir trabalhar naquele bar temático com Jonas, ele vai morrer de inveja por não fazer um drink como esse. - Deu mais um gole na bebida.

- Como é que é? Você está saindo com ele ainda? - Pergunta vendo Carina engasgar com o conteúdo do copo.

- Levante os braços, e, calma que aqui tem mais.  - Gargalhou vendo-a ficar vermelha de tanto tossir. - Foi só uma pergunta, eu hein.

- A gente tem saído sim. Não é nada demais. - Fala já recuperada do ataque de tosse.

- Huum, vocês dois...

- Como eu disse, nada demais, agora me fala, você e a moça do bar... Ligou pra ela? - Termina de beber enchendo o copo novamente, aquilo estava realmente bom.

- Liguei, faz um tempinho na verdade. - Carina a olhava indignada por não saber disso, mas Victoria tratou logo de contornar a conversa. - Não te contei porque queria ter a certeza de que haveria algo de bom nisso; aliás, vamos nos encontrar domingo.

- Huum, apoio você com ela! Conheço a sortuda? Não! Mas apoio.

- Deixa eu te contar outra coisa que me aconteceu. - Sentou-se ao lado da loira na bancada, dando o primeiro gole em sua bebida. - Recentemente estive na Luxury, encontrei Patrícia lá e fizemos uma cena pública...

- Sério? Saudade de ver a Pati por aqui.

- Calma, me escuta. Fizemos uma cena de spanking, no início eu pedi uma vara para certa submissa que estava perto e ela não me era estranha. O que me deixa mais puta da cara é que não consegui ver direito seu rosto, ela ela estava de máscara. E, no final, essa mesma pessoa veio falar comigo, dando os parabéns pela cena.

- Que bizarro isso.  - Carina franziu o cenho como se estivesse pensativa. - Ela te falou o nome dela?

- Me falou o sobrenome. Martinez.

- E qual o nome da que passou a noite com você? Você sentiu submissão nela, não foi? Já parou para pensar que pode ser a mesma pessoa? Eu assisto bastante filme, vai brincando. - Retira o celular do bolso, entrando em seu instagram pronta para digitar o nome na barra de pesquisa.

- Lia, esse é o nome da garota que passou a noite comigo. Se for mesmo ela, deve estar achando que não sei quem é. - Anda de um lado para o outro. - Me viu na Luxury agora sabe que não sou baunilha; aceitou sair comigo por qual razão? Será que está em busca de alguém para jogar?

- Uuh, pode não ter achado o amor da vida mas, se for ela, achou a pessoa que procurava para suprir suas necessidades quanto dominante. - Com o olhar fixo na tela do celular começou a procurar por um possível perfil de Lia. parou em um específico começando a ler mentalmente a biografia. Dando um pulo do banco quando termina, sentindo-se "A descobridora da América".

- Aqui, olha! Achei o perfil, é ela. - Estende o celular para Victoria que, lê atenciosamente a biografia; tendo certeza que se trata da jovem quando em seu final tem escrito a seguinte frase:

"Meu corpo é uma tela em branco, pronto para ser marcado pelas mãos de quem irá me dominar!
Xxx SubL.Martinez"

- Amou? Porque eu amei! - Afirmou Carina, vendo a sua frente uma Victoria um tanto surpresa, voltando a sentar no banco virando todo o conteúdo de seu copo em um gole só.

- Vem dançar comigo. - Puxou a amiga para a sala. Não queria prolongar o assunto com Carina, mas, em sua mente estava tramando o jogo que faria com Lia, Visto que, provavelmente, acha que Victoria não tem noção alguma de quem seja ela.

Se a menina poderia querer jogar às avessas ela mostraria, nesse encontro, quem é a verdadeira rainha do jogo.

Continua...?

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