Dr. Ethan fala entrando pelo quarto onde estavam minha mãe, meu pai e eu.
— Sem dúvidas! — Digo sorrindo.
Sim! Eu recebi auta do hospital!
Não é uma auta completa, pois terei que voltar para alguns exames e check-up's.
— Muito bem, mas lembre-se! Você ainda tem três sessões de quimioterapia e fonodióloga aqui no hospital, então ainda vamos nos ver esse mês!
Ele diz e eu jogo a cabeça para trás.
— Não se preocupe, Dr. Ethan! Ela vai vir em todas as consultas! — Meu pai intervém na conversa.
— Por que... Eu já sou adulta, sabia? — Resmungo com a voz manhosa.
— Adulta? Pra você ser adulta ainda precisa crescer muito, projeto de gente!
Minha mãe fala e rimos na sala.
Dr. Ethan me entrega as muletas e me ajuda a levantar.
— Antes de vocês irem, quero ter uma conversa a sós com a Srta. Gabrielly...
Ele diz e meus pais assentem.
— Tudo bem. Vamos assinar os papéis do atestado e pegar seus remédios.
— Vamos esperar lá fora.
Minha mãe fala seguida por meu pai.
Eles saem do quarto e eu me sento na cama.
— Olhe, Srta. Gabrielly...
— Somente Any, por favor! Sempre tive vontade de te pedir isso!
Falo e ele ri.
— Ok... Any, tentarei ser o mais breve possível, pois imagino como está ansiosa para finalmente ter o friozinho de Toronto em seu rosto...
Ele fala e eu sorrio das boas lembranças...
— Não vejo a hora de voltar a patinar... As competições... A neve...
Falo lembrando de cada momento no ringue, onde patinava não com os patins, mas com a alma! Patinava com o amor de viver!
— Exatamente sobre isso...
Ele fala e sinto meus ombros ficarem tensos.
— Eu sinto em lhe informar, mas creio que não poderá voltar a patinar tão cedo quanto imagina.
Sinto meus olhos arderem e meu coração se partir em mil pedaços...
— E-eu não vou mais patinar? — Pergunto com a voz trêmula.
— Claro que vai, mas as chances de você sofrer alguma fratura patinando depois de tanto tempo sem movimento é muito alto.
Ele fala e eu fito meus pés, já com lágrimas escorrendo.
— Se o senhor pudesse dar um chute de quanto tempo até meu corpo voltar ao normal? Quanto seria? — Pergunto em choque com a notícia.
— Não consigo dizer uma data exata, mas alguns meses... Até anos. Tudo depende do seu estado clínico.
Eu passo as mãos pelos meus cabelos, perplexa com o que acabo de ouvir.
— Mesmo as chances sendo pequenas... Se eu treinar ainda posso voltar para a pista?
Falo e desvio o meu olhar que fitava meu All Star para seu rosto, que tentava transmitir paz.
— Se você estiver disposta a treinar e ter paciência para se recuperar, sem apressar seu corpo a coisas que não pode, sim, poderá voltar às competições.
Um sorriso esperançoso desabrocha em meu rosto.
Eu assinto com pressa.
— Sei que é capaz de conseguir seus sonhos! Seja paciênte que tudo vai se encaixar no seu futuro...
Ele fala e eu não consigo conter minha emoção e o abraço.
Meio surpreso e relutante, ele acaba me abraçando de volta.
— Desculpa... — Falo me recompondo.
— Tudo bem. Agora acho melhor você ir. Deve estar com saudades de viver!
Eu assinto e novamente Dr. Ethan me ajuda com as muletas.
Já estou acostumada a usá-las, treinei bastante enquanto andava pelo hospital, dava uma olhada na maternidade, brincava com algumas crianças que tinham a perna ou o braço quebrado.
Gosto de passar meu tempo com crianças.
O único problema com as muletas e que não sei com encaixa-las embaixo dos meus braços... É estranho...
Saímos do quarto e logo encontro meus pais.
— Vamos? — Minha mãe fala.
Me despeço de Dr. Ethan e saímos do hospital.
Fico o caminho inteiro olhando pela janela do carro, apreciando a cada folha de maple tree caía e mudava a paisagem da cidade de Toronto.
Ao passarmos pelo lago peço para meu pai parar o carro.
— Está tudo bem, filha? — Meu pai pergunta me ajudando a sair do carro.
— Claro, mas... Esse lugar me trás tantas lembranças... Tanto boas quanto ruins... — Digo andando pelo lugar.
Era uma tarde com o céu limpo, o lago brilhava com o sol e havia várias crianças brincando nas folhas e se preparando para o halloween.
Mas uma delas, que estava brincando, ou melhor, assustando seus amigos, chama a minha atenção.
— Jojo? — Falo desacreditada pelo tamanho daquela pestinha.
— Gaby! — ela me vê e vem correndo com dificuldade em minha direção.
— Meu Deus! Como você cresceu... A um ano você era um bebê! — Digo passando a mão em seu rosto.
— Eu era uma bebê, agora sou uma criança crescida!
Ela fala e eu rio.
— Sempre com a língua afiada, não é mesmo!
Passo a mão em seu rosto e a abraço com certa dificuldade.
— Eu senti tanta saudade sua, Gaby! — Ela fala brincando com meus cachos.
— Eu também pequena... Eu também!
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彡 Como eu percebi que não tinha colocado foto do Ethan, tá na mídia!