Faltam apenas quatro dias para irmos para Victoria, e particularmente, estou muito ansioso para que isso aconteça.
— Será que eu levo meu boné branco ou minha bandana marrom? — A morena me pergunta mostrando as as duas peças.
— Leva as duas. — Falo o óbvio e ela ri colocando as roupas na mala.
Flash aparece correndo trazendo um vestido de Any, que se abaixa, ficando de joelhos para fazer carinho no filhote.
— Estou com medo de Flash na se adaptar a uma nova casa... — Any diz com tom de preocupação. — Ele já passou por muitas mudanças ultimamente. Do pet shop pra cá, agora daqui para Victoria. E se ele passar mal no avião? — Ela diz e rio do seu exagero.
— Hei, calma linda. — Digo parando de dobrar um casaco e indo até ela. — Vai dar tudo certo, você vai amar Victoria. — Digo sentando no chão ao lado.
— Eu espero. Bem... Sei que vai! — Ela fala mais confiante, enquanto se levanta. — Termina de arrumar isso para mim que eu vou pegar os apetrechos do Flash.
— Você quem manda. — Brinco e Any ri, saindo do quarto.
Olho para o lado e vejo Flash mexer em um pedaço de pano embaixo da cama de Any. Me estico até consegui pegar e tiro de lá um cachecol azul.
— Voltei. — Any disse vindo com várias coleiras e material para a limpeza do cachorro.
— Você vai levar esse cachecol, Any? — Pergunto e ela se aproxima, pegando o cachecol.
Sem dizer uma palavra se quer, a cacheada senta no colchão sussurrado algo como "aí está você".
— Tudo bem, Gaby? — Pergunto me sentando ao seu lado.
— Esse cachecol era de Ben. — A cacheada fala num tom quase inaudível.
Por mais que Any e Benjamin tenham tido seu romance, entendo que a perda de alguém tão querido doa muito.
Me senti muito mal quando Any entrou em coma, e sempre que via algo que a lembrava, tudo voltava a toda como um balde de água fria.
Por mais que Any e eu estejamos ficando, não posso ignorar o fato do que ela sentiu por Ben foi algo puro e genuíno, e deve ser respeitado.
Any pode parecer forte por fora, mas tudo que ela passou não foi para qualquer um, e se caso eu estivesse no lugar dela, não sei se aguentaria.
— Você sente falta dele, não é? — Falo com empatia.
Any apenas assente em silêncio.
— Acho que devo mandar pelo correio para Sr. Stevens. — A morena fala passando a mão pelo pano azul anil.
— Ou deveria ficar com você. — Digo e ela me olha surpresa. — Não precisa fazer essa cara linda, eu sei o quanto ele é importante para você e não vou te provar de ter lembranças dele.
Digo e seguro seu rosto com uma das mãos.
— Sei que a Sr. Stevens não vai dar falta de um cachecol. Fique com ele, guarde, sei que você vai se sentir mais próxima dele. — Falo e Any sorri lindamente.
— Obrigada por me entender. — Ela fala feliz.
— Não tem o que agradecer, é o mínimo que eu poderia fazer. — Digo e aproximo meu rosto do seu.
Roço meu nariz contra o seu, sentindo sua respiração contra a minha, lhe dou selinhos rápidos em seus lábios, até que Any intensifica o beijo.
Dou a leve risada em meio a beijo, mordiscando de leve seu lábio, a fazendo arrepiar.
De repente ouvimos a porta ser aberta e nos separamos rapidamente.
Era tia Priscila.
Eu e Any nos entreolhamos envergonhados, e tia Pri estava com um sorriso divertido nos lábios, olhando nós dois com cara de riso.
— Eu acho que esqueci o que vim falar... — Ela diz se divertindo com a situação.
— Então, tia Pri, a gente pode explicar...
— Não precisam explicar nada. Vamos fingir que eu não vi nada, ok? — Ela pergunta e Any e eu nos olhamos cúmplices.
— Obrigada, mãe. — Any agradece e tia Pri lhe lança uma piscadela, saindo do quarto logo em seguida.
— Foi por pouco, se fosse tio Arthur, eu já seria um homem morto. — Brinco me aproximando novamente e Any ri.
— Eu te salvava. — Any diz me surpreendendo com um selinho.
— Sei que sim.
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