Tormento

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 Os corredores semiescuros, iluminados apenas pelos abajures de parede, era difícil de saber que horas se tratava naquele momento, mas, Dante, tão pouco se importava. Seus passos lentos e melancólicos, a bebida que, batia em sua garganta e caia de uma vez só no estômago vazio, os olhos afogados de lágrimas presas e aquele tormento em sua cabeça, matutando. ele sabia que Neko era uma armadilha, sabia que aquelas câmeras foram dadas de propósito. Dante sabia de todas as consequências de trazer aquela criança para um lugar como aquele, porém, fez.  Assim que botou os olhos nele, ele não pôde parar de pensar nela, e esse foi seu maior erro.

Aquilo havia voltado como um fantasma, lhe assombrando. E mesmo que negasse, inventasse qualquer desculpas para si mesmo, dizendo que — vai criá-lo para depois fode-lo — não convencia ninguém. Todos sabiam o porque Neko ainda não tinha sido violado ou mesmo não tinha saído dali do mesmo jeito que chegou. A verdade é que o menino, mesmo com a personalidade tão oposta à da Naomi, o garoto tinha o mesmo olhar, a mesma ousadia de encarar Dante sem medo como ela fazia.

Ouve-se batidas na porta do 109, a penúltima porta do corredor, o quarto de Zack.

— Dante? — O moreno abriu a porta, Zack apareceu vestindo um roupão de seda negra e os cabelos soltos e rebeldes — Você... você está bêbado?

— Ele está aí? — disse o homem com a voz melancólica.

 Zack conhecia Dante o suficiente para saber que aquele homem era difícil de derrubar, como um touro, conseguia se manter de pé mesmo nos piores desastres. Nem o funeral do seu próprio pai, foi capaz fazer ele chorar, e agora estava na frente da sua porta, com uma garrafa de vinho na mão e a outra, apoiada no batente da porta para não dar de cara na chão. 

— posso entrar? — disse o loiro, recaindo o olhar.

Zack deu passagem para Dante, ele se arrastou para dentro do quarto do moreno, respirando fundo e sentindo o cheiro doce do perfume no ar. Em volta da cama havia duas bacias de pipoca quase vazias, xícaras de chocolate quente e água, mostrando que noite dos dois foi tranquila e divertida. Neko estava dormindo confortavelmente em um lado da cama, coberto até o pescoço com rosto tão calmo para alguém que tinha passado por grande tormento a algumas horas atrás. Dante se aproximou da cama, deixando cair a garrafa vazia de vinho no chão, ele se sentou ao lados dos pés do jovem, analisando seu rosto e depois encarando de volta Zack que, mantinha uma distância favorável do jovem mafioso.

— Vou levá-lo para seu quarto — disse o loiro, se levantando de maneira bruta e tirando o lençol que cobria Neko.

O menino nem se mexeu, estava dormindo como uma pedra e como o quanto de Zack já era por si só quente, ele nem fez desfeita da coberta.

— Você não está em condição de levá-lo daqui — disse o moreno, chegando próximo de Dante, tentando impedi-lo de pegar o jovem no colo.

— eu preciso — respondeu Dante, firmemente, soltando seu antebraço que estava sendo agarrado pelos braços de Zack — eu preciso fazer isso.

— você vai derrubá-lo e só vai piorar tudo — retrucou Zack, com uma sensação de ódio e preocupação no olhar.

Dante encarou Zack e por um breve momento concordou com o moreno, mas, logo aquela ideia saiu da sua mente, talvez, por conta do álcool da bebida que estava correndo em sua veia. O loiro passou um dos braços por debaixo do pescoço do menor e o outro pelas dobras do joelhos, segurou Neko em seu colo e pressionou seu minúsculo corpo contra o dele.

— cuidado — suspirou o moreno  — pode se arrepender disso.

— eu já me arrependi.... desde o momento que coloquei meus olhos nele, sabia que era errado, mesmo assim...— Dante deu uma pausa, antes de terminar a frase — eu não posso abandoná-lo. me sentiria, ainda pior.

NoraNekoOnde histórias criam vida. Descubra agora