3º CAPÍTULO

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3º CAPÍTULO

Acordo com Harry sacudindo minha perna, olho para ele e começo a murmurar porque se não são seus malditos instrumentos de sopro ele mesmo vem e acaba por interromper meu sono de beleza.

— Acorda dorminhoca. Falou sorrindo.

— Isso é sério Harry? Ah não! Rabujo revirando os olhos me jogando na cama me cobrindo totalmente com o lençol.

— Angie para com isso, você já não é mais nenhuma criança, está na hora de ir para a universidade ou esqueceu? Retiro o lençol do rosto e suspiro levantando indo em direcção ao banheiro.

— Vê se não demora se não vai ir de autocarro. Avisou saindo do quarto me deixando sozinha.

Entrei no banheiro e liguei o chuveiro daí tomei meu duche, logo saí e me arrumei rápido lembrando das palavras do meu irmão, peguei minha mochila e meu manual de historia e desci até a sala correndo… Harry olhou para mim e apontou para o lugar onde ele havia posto o meu pequeno-almoço, hoje sua expressão esta mais séria, me segurei para não o questionar. Normalmente quando ele está assim é porque brigou com sua namorada ou tá com problemas no trabalho.

— Cadê o Papai? Questiono quebrando o silêncio entre a gente.

— Ele recebeu um telefonema urgente do trabalho e saiu apressado. Disse olhando para seu relógio de pulso. — Angie, estou atrasado, vamos logo. Notificou pegando as chaves e o capacete.

— Ah não! Eu ainda não acabei de comer Harry. Murmuro pegando minha mochila que esta por cima do balcão da cozinha. — Por que essa pressa toda? Questiono bebendo mais um pouco do leite.

— Só tenho a lamentar. Retorquiu. — Eu tenho que pegar a Eliana, a gente vai escolher o lugar para nossa festa de noivado. Falou pousando o capacete e a chave da mota e num piscar de olhos pegou as chaves do carro de nossa mãe.

Harry sai apressado em direcção a garagem enquanto eu tranco a porta principal e o espero na calçada, quando ele aparece com o carro, respiro fundo e entro rapidamente, ponho o cinto de segurança, meus olhos analisam cada detalhe de seu interior desde o enfeite pendurado no retrovisor até ao revestimento dos bancos, inalo o ar com dificuldade e seguro a vontade de chorar de saudades dela mas as lágrimas rolaram assim que o seu cheiro invadi as minhas narinas, o seu perfume forte esta impregnado em tudo como se estivesse aqui mas eu não a pudesse abraçar nem ver… apoiei a cabeça no vidro e fui tomada pelas memórias da gente saindo para fazer compras e de como ela adorava cantar as musicas de Lourdes Van-dunem enquanto conduzia tal como Harry costuma fazer pela manhã em seu quarto com aqueles instrumentos de sopro. Meu pai sempre disse que ele herdou o talento de nossa mãe e o seu gosto exagerado por músicas africanas.

— Eu também sinto falta dela. Confessou, me tirando do transe, mirei seu rosto e notei o quão triste estava. — Mais a gente tem que seguir em frente por ela, acredito que é isso o que ela diria se pudesse. Limpou rapidamente a lagrima que rolava involuntariamente em seu rosto.

— Desculpa Harry, não quis deixar você triste. Falo me sentindo culpada. — Só que estar aqui e sentir o cheiro dela é duro demais para mim, e acabo lembrando de tudo o que aconteceu naquela noite e apesar do tempo ainda dói como se tudo tivera acontecido ontem.

— Eu sei que é difícil meu bem mas temos que aprender a viver com sua ausência… Acho melhor mudarmos de assunto, ela não ia querer ver a gente assim. Assenti com a cabeça enquanto Harry ligava o rádio do carro. Ele sempre tem as coisas certas para dizer mesmo que ele não acredite nelas, desde que minha mãe foi assassinada ele tem sido tudo para mim, meu pai nem tanto desde aquele trágico dia que ele se afogou no trabalho e se esqueceu parcialmente da gente, por isso vou sentir muito a falta do meu irmão quando ele se for embora com sua amada Eliana.
— Essa música não é da sua banda preferida? Questionou fazendo uma careta enquanto batucava seus longos dedos no volante ao ritmo da música.

Egito - Um Reino perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora