Longe de ser uma doce e recatada moça emoldurada pelas regras da máfia, Kiara Marshall, se ver sem saída quando seus segredos mais secretos e obscuros são revelados e o pior dos seus pesadelos está prestes a acontecer. Um casamento forçado pode ser...
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KIARA M. SINCLAIR
Me acomodo no sofá cinza macio e confortável da sala onde a televisão fica. Já que na sala principal não tem uma televisão.
— Ainda acordada miele? — me assusto ao ver Cecília, de pé na divisória da sala principal com a sala de estar.
— Sra. Sinclair. Não a vi chegar... — me sento imediatamente no sofá afastando meu lençol do corpo.
— Desculpe se assustei você não foi minha intenção... — se aproximando elegantemente ela sorri. — Está tarde não vai dormir?
— Estou sem sono.
— Está esperando ele, não é? –—seus olhos me analisam e só agora percebo que ela veste um vestido de cetim de cor salmão e pantufas cinzas. — Oh, querida! Ele não vai chegar agora. Ele passou quatro dias fora da empresa. Eu fui torturada por longos anos por conta dessa bendita empresa.
Engoli o seco ao ouvir suas palavras. — Eu não ligo. Não estou nem aí para a hora que Diego vai chegar. Não vê que estou aqui apenas para assistir? — A pequena assassina na minha cabeça está de camisola e bobes nos cabelos fazendo skin care e com raiva.
— Não acha que seja exagero ser um mafioso e um CEO? — questiono, e a vejo se aproximar em passos pequenos com um sorriso fraco nos lábios.
— De fato. Mas você terá que se acostumar com a vida tripla do meu filho. — disse se sentando no outro sofá Cecília, me olha como se estivesse esperando algo de mim e isso me aborrece. — Sinto muito que esteja passando por isso...
— Eu não. — disse rápido a pegando de surpresa, sua expressão muda de calma para curiosa e interessada em saber. — Nunca quis me casar, nem mesmo com Diego. Eu cometi um erro e estou pagando por ele.
Ao dizer essas palavras me sinto mal por ter dito isso em voz alta na frente da mulher que deu a luz ao meu marido. Os olhos de Cecília me estudam com cautela, uma linha se forma no meio de suas sobrancelhas.
Fico boquiaberta, constrangida pelo silêncio que pairou entre nós duas. Ela ainda está me analisando e isso me incomoda bastante.
— É um erro amar alguém? — seu rosto descansa, mas agora sou eu quem estou confusa e curiosa.
— Não. Mas acho que é um erro amar alguém que não quer ser amado. — dito isso ela se levanta respirando fundo e sua boca se curva em um sorriso fraco.
Talvez eu tenha a ofendido. Mas eu não disse nada demais. Só falei a verdade que muitos ignoram. Não sou nenhuma expert em relacionamentos, pois em todos os vinte e cinco anos de minha vida só tive dois. E apesar de não terem tido um final feliz foram intensos e maravilhosos, pelo menos por um tempo foi.
— Acha que não é recíproco? — seus olhos azuis brilhantes penetram os meus.
Por que me sinto tão inofensiva perto dessa mulher? Talvez porque eu cresci sem o amor materno, talvez ela tenha esse poder sobre mim por não ter tido uma mãe praticamente minha vida toda.
