Leah sempre sentiu que tinha de existir algo mais. Algo de diferente nesse mundo.
Nunca fora como as outras garotas, isso era certo, e nunca fora a predileta da família - seu irmão mais velho ocupava esse lugar.
Mas quando fez dezoito anos, Leah dec...
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Seguindo as indicações do homem, corremos até chegar numa fazenda, com Rick segurando Carl no colo e Shane mais atrás, arrastando o cara que agora sabíamos que se chamava Ottis. Mesmo sem nos conhecerem, logo um homem e três garotas nos ajudaram quando viram Ottis. Levaram Carl para dentro, com Rick, e eu fiquei na rua, não querendo ver o menino naquele estado. Apoiei os cotovelos no varandim e me inclinei na frente, encostando a cabeça nas mãos. O que iríamos fazer agora? - Desculpa. Olhei para cima e vi uma das garotas. - Sou a Maggie. São só vocês três? - Perguntou. Neguei com a cabeça, suspirando. - Não. Temos um grupo, mas eles ficaram lá na estrada. - Eu vou buscar a mãe do menino, posso dizer para eles virem até aqui. Fique, descansa um pouco. Vocês parecem precisar. Assenti e vi ela se afastando, para depois sair da fazenda a cavalo.
Depois de um tempo, Shane e eu estávamos sentados na escada, esperando. Lori chegara com Maggie e fora para junto do filho. Mas Hershel, o médico, apareceu com a garota, Patricia, e o homem, Ottis. - Ele não vai resistir. - Falou assim que eu e Shane nos levantamos. - A não ser que eu faça uma cirurgia mas tem de ser rápido e com os materiais certos, materiais esses que eu não tenho. Shane bufou, do meu lado. - Onde podemos arranjar? - Tem uma escola aqui perto. Tem o que precisamos. Posso pegar. - Falou Ottis. Shane o olhou, com a raiva no olhar. - Não, eu pego! Você já fez o suficiente. - Com todo o respeito, senhor, eu fui paramédico, sei o que procurar. Me coloquei entre eles, já vendo meu irmão começando uma briga. - Iremos os três, assim se algo der errado pelo menos um de nós tem mais chance de regressar. Ottis me olhou. - Senhorita, não... Olhei ele. - Com todo o respeito, senhor, eu pertenci ao exército, sei o que estou fazendo. - Estiquei a mão. - Prazer, Sargento Walsh. Sem tempo a perder seguimos em direção á escola, mas não estávamos preparados para tal cenário. Os zumbis eram imensos e estavam exatamente onde teríamos de ir. Olhei em volta, pensando num plano, enquanto nós três nos escondiamos atrás de uns carros. Depois, olhando o container, tive uma ideia. - Eu vou na frente e distraio eles. Vocês entram e fecham a porta. Por norma, aqueles containers têm uma janela no topo, eu subo, vocês abrem a janela e quando estiverem prontos avisam e eu desço, distraindo eles de novo. Vocês saiem e damos o fora daqui. - Não. - Falou Shane. - É arriscado demais. - O tempo que passamos aqui discutindo o que é mais fácil, é tempo que o Carl não tem. - Falei já sem paciência. - Vai ser assim e ponto! Pronto, Ottis? - Sim, senhora. - Então vamos. - Falei. Saí de trás dos carros, gritando e batendo com a katana em carros, atraindo a atenção dos mortos, que começaram a se aproximar de mim. - Vamos lá, isso mesmo. - Ergui os braços como se estivesse apresentando um espetáculo. - Senhoras e senhores, com vocês o desfile dos mortos! Venham todos apreciar esses babacas, mas tenham em atenção o cheiro, é de morrer. Um deles se aproximou mais e esticou a mão. Baixei a katana, cortando seu braço fora. Sorri. - Vejam a magia, cortei seu braço e ele continua andando. - Olhei o zumbi. - Você é feio pra caramba, amigo. Já pensou em ir no cabeleireiro, ou fazer tratamento de pele? Está precisando. Dei a volta, liderando um bando de mortos e depois guardei a katana na bolsa, subindo no topo do container. Espreitei pela janela já aberta. - Acharam? - Perguntei. Shane me olhou e Ottis assentiu. - Precisava daquilo tudo? Você não sabe ser normal? - Perguntou o meu irmão, enquanto colocava coisas dentro da mochila. Eu ri. - Não. Caso não tenha percebido, nem o próprio mundo é normal. Ah, vai te catar, Shane! - Estamos prontos. - Falou Ottis, se levantando e me olhando. Ergui o polegar e levantei, olhando os mortos e respirei fundo. Fui do outro lado do container e pulei no chão, retirando a catana da bolsa. - Vamos lá, bando de nojentos retardados! Chegou a hora do segundo desfile! Eles começaram a dar a volta e a me seguir. Vi Shane e Otttis saírem e, por momentos, senti alívio pois tudo correra bem, mas aí percebi que festejara cedo demais. Uns zumbis viram eles, pois Ottis deixou cair a sua mochila, e voltaram na sua direção, levando o bando a mudar, de volta para trás. - Não! - Gritei. - Vamos no edifício da escola! - Gritou Ottis. - No ginásio! Corremos, comigo sendo a última a entrar, e fechamos a porta. Mas aquilo não iria aguentar muito tempo. Olhei em volta, sentindo a adrenalina pulsando e me mantendo alerta. "Pensa, Leah, pensa!" Obriguei minha cabeça a funcionar logicamente, mas não havia outra saída que não aquela por onde entrámos. Droga! - Saíam vocês os dois. - Falou Shane. - Vão buscar a pick up. Eu distraio eles e depois vou atrás de vocês. Olhei ele. - Ficou maluco? - Tem ideia melhor?! Balancei a cabeça, não concordando com aquilo. Abrimos a porta, correndo na direção contrária, enquanto Shane atirava nos zumbis. Puxei Ottis e corremos na direção da porta, conseguindo passar por uma abertura e fugindo dali, mas ainda vi que Shane ficara em apuros, mas Ottis não me deixou regressar. - Tem a janela, ele pula! Vem! Segui ele, mas tem zumbi aparecendo de todos os lados, parece que estão nascendo ali. Rodei a katana nas mãos e matei alguns deles, correndo atrás de Ottis. - Pega a pick up, eu vou buscar o meu irmão. - Falei. - É perigoso, senhora! - É o meu irmão! Corri de volta ao edifício escolar, indo na direção da janela e vi Shane caído no chão. Me aproximei e ele começou a levantar, gemendo de dor. - Onde? - Perguntei sabendo que ele iria perceber. - Meu tornozelo. Temos de sair daqui! - Ottis foi buscar a pick up, vem. Enquanto caminhávamos, comigo segurando Shane e ajudando a caminhar, ele continuou falando. - Se deixássemos ele para trás teríamos mais hipóteses de sair daqui. Ele vai nos atrasar. - Pfff. O único que está nos atrasando é você, com esse seu andar. E nem pensa nisso de novo. Não vamos sacrificar ninguém! - Leah... - Não! Enlouqueceu? Que ideia mais ridicula! Chegámos no portão e vi Ottis lutando com zumbis. Deixei Shane junto dele e tentei abrir caminho para escaparmos, matando zumbis. Me afastei alguns metros dos garotos quando escuto o som de um disparo e me volto com rapidez. - Merda! - Rosnei, correndo para junto deles de novo. Parei vendo Shane carregando as mochilas todas e mancando, se aproximando de mim e deixando Ottis para trás, no chão. - Caralho, Shane! O que você fez? - Gritei. - Ele ou nós! Vamos, Carl precisa disso. Deixei ele passar por mim e depois Shane me olhou. - Anda logo! - Vai você, eu não deixo o Ottis para trás. Não depois do que você fez! - Ele atirou no Carl! - Sai daqui, ou quem atira em você sou eu! De repente, escutei Ottis gritando e olhei, vendo um zumbi rasgando sua perna. No mesmo instante, Shane entrava na pick up e ligava ela, saindo dali. Corri para Ottis, matando o zumbi e ele me olhou. - Desculpa o meu irmão... eu não... - Tudo bem, você voltou. Mas vai embora, eu não consigo mais. - Não. Você vem comigo. Ottis tocou na minha mão. - Não dá tempo e eu não consigo correr. Vai embora, Leah, me deixa para trás. Assenti e peguei a arma do cinto. Ottis assentiu no extato momento em que os zumbis chegavam nele. Levantei, me afastando e escutando os gritos dele, mirei sua cabeça e atirei. Guardeia arma, tirei a katana de novo da bolsa e saí dali, sentindo as lágrimas caindo pelo meu rosto. Ottis nos ajudara a achar as coisas para salvar Carl e Shane traíra ele. Deixara ele para ser comido vivo pelos mortos, como um sacrifício para que ele pudesse se salvar. Andei pela floresta, no meio da escuridão, consumida pelo ódio e raiva. Shane iria pagar.