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Vários dias depois

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Vários dias depois...

Entrei na "fábrica de munição" de Eugene, como eu gostava de chamar e todos me olharam, incluindo o padre que eu achara escondido do lado de fora do Santuário, depois do ataque. Ele estremeceu, com certeza lembrando da forma como eu tratara ele.
Eugene se aproximou de mim e eu entreguei um frasco enorme para ele, pickles.
- Sargento, temos uma boa quantia de balas já prontas.
Olhei em redor. - Não são suficientes. Precisamos de mais. - Olhei Eugene e ele assentiu uma vez. - E temos de ter certeza de que funcionam.
Ele ficou me olhando e depois assentiu, quando percebeu que eu não parava de olhar ele.
- Hã, certo. Posso tratar disso ainda hoje.
Assenti. - Ótimo. - Me aproximei do padre. - E aí, padre? Como vai o serviço?
Ele continuou em silêncio e eu tirei a katana da bolsa e coloquei na mesa, sentando do seu lado.
- Estou esperando, tenho o dia todo.
Ele me olhou, com um dos olhos cego.
- Melhor se me deixasse ir.
Eu ri e depois me aproximei dele.
- Para quê? Ir correndo contar tudo para o Grimes? Nah... - Me aproximei mais dele, baixando a voz para que apenas ele escutasse. - Soube que Rick tem uma menininha lá em Alexandria.
Gabriel me olhou em pânico. - Você não...
Sorri e encostei minha boca no seu ouvido. - Faria sim, é minha sobrinha.
Ele me olhou, chocado, e eu encostei um dedo nos lábios, pedindo silêncio, sorrindo.
- Você não vai contar, vai? Que eu saiba, um padre não pode contar para ninguém o que escuta em confissão.
- Era uma confissão?
Dei de ombros. - Um segredo.
- Você não é irmã do Rick. - Falou ele, querendo me quebrar.
- Não. - Fiiz beicinho. - Sou irmã do pai biológico da menina.
Agarrei a katana, coloquei na bolsa e levantei.
Andei até outra mesa e peguei uma bala, erguendo e analisando ela.
- Não é perfeita?
Olhei para o lado, vendo Eugene mordendo um pickle e me olhando. Assenti.
- Devo dizer que sim, parabéns, afinal você presta para alguma coisa.
- E o Negan, porque ele não veio hoje?
Sorri de canto. - Uma das esposas.
- Ah. - Eugene comeu mais um pouco de pickle.
Coloquei a bala de novo no lugar e olhei as caixas cheias das que já estavam prontas.
- Leah, quer dizer, Sargento Walsh, eu... É... Em relação ao nosso assunto...
Encarei ele. - Aqui não, Eugene. - Baixei o tom de voz. - Nem aqui, nem na frente de ninguém. Coloca isso na sua cabeça de vez!
- Certo. Farei isso. Me desculpe.
- Hum. - Coloquei as mãos na cintura.
- Devo dizer, senhora, que nesse momento ficou parecendo o Dixon com esse tipo de resposta.
- Eugene, você quer morrer?
- Não senhora!
- Então não fala besteira!
Saí da sala, sentindo o sol quente batendo no meu rosto e respirei fundo. Ainda lembrava do olhar que Daryl me lançara no dia em que abrira um buraco na parede do Santuário com um caminhão, sem saber que, desse jeito, estava nos dando uma saída. Ele me vira e aquele olhar... Sacudi a cabeça, querendo esquecer.
Peguei o rádio e me afastei, em direção dos carros.
- Me disseram que tinha um antigo dançarino de cabaré precisando de ajuda, é você aí desse lado?
Esperei, talvez eu nem tivesse resposta nesse dia, mas não precisei esperar muito.
- Vai se fuder, Sargento!
Eu ri. - Quer vir junto?
- Você nunca desiste?
- Dificilmente. - Parei de rir. - Mas me fala, tudo certo?
- É, tudo sim. Tirando você no meu pé, tá tudo muito bem. E aí?
Olhei em frente. - Tudo como imaginei. Temos as balas.
- E o doutorzinho?
- Espera só para ver.
Ele riu. - Espero que seja verdade, viu? Se não for...
Suspirei. - Se não for, a gente morre. Te vejo em breve, cuzão.
- Até breve, Sargento.
Desliguei e coloquei o rádio na cintura, entrando na pick up e batendo com a mão do lado de fora. Os homens que vieram comigo se aproximaram, Alden, D.J. e mais outro entraram na pick up e os restantes foram num outro carro.
- Era o Negan? - Perguntou D.J. indicando o rádio.
Eu ri, saindo dali. - Não, ele deve estar muito ocupado. Era um dos caras lá. Parece que o grupo de mortos, finalmente, saiu dali. De vez.
D.J. assentiu. - E Dwight?
Neguei com a cabeça. - Nunca mais vi ele desde o ataque.
- Talvez tivesse sido melhor se a gente tivesse escapado também.
- E você iria saber que Negan não viria atrás da gente? - Falou Alden.
- De vocês ele não iria, mas eu nunca poderia ir junto.
- Porquê? - Perguntou D.J.
- Ele viria atrás de mim.
Os dois ficaram em silêncio, sabendo que era verdade.
- Mas você teve a chance de acabar com tudo.
Olhei ele por breves segundos. - Tive... Mas quem ficaria na frente do Santuário?
- Você. - Alden bateu no meu ombro.
Sorri e neguei com a cabeça. - Não... Não dá.
- Dá sim.
- Aquela gente me odeia, da mesma forma que odeia o Negan.
- Leah, você anda no meio deles? Sabe o que sussurram á noite? - Perguntou D.J.
- Não.
- Então não sabe que eles pensam que você age dessa forma porque Negan te obriga, mas que você, tendo sido do exército, nunca que iria agir assim. Você ajuda pessoas.
Eu ri. - Fui Sargento, não enfermeira.
Eles riram. - Você entendeu.
Olhei a estrada, pensando nas suas palavras e sabendo que ele estava certo. Eu sabia o que se falava por entre as paredes do Santuário, mas preferia fingir que não sabia de nada. Não queria Negan pensando que eu, algum dia, poderia roubar seu lugar.
Mais na frente deixei eles perto do Santuário e desci da pick up.
- Tem certeza? - Perguntou D.J. ocupando meu lugar.
- Sim, eu vou pela floresta. Preciso pensar e assim vejo também se tem alguém do grupo do Rick nos observando.
Me afastei da estrada, respirando fundo. Gostava de estar ali, era como se nada fosse real. Mas nesse dia, algo diferente aconteceu.
Escutei o som antes de ver alguma coisa, e abaixei, vendo algo voar e passar bem junto da minha cabeça, se espetando numa árvore. Tirei a katana da bolsa e avancei, erguendo ela mas parando de repente.
Na minha frente estava um homem, mirando minha cabeça com uma besta. A mesma besta que Dwight tirara do Santuário naquele dia, depois de eu pedir, depois de escrever naquele papel.
- Vai atirar? - Perguntei.
Ele abaixou a besta e eu inclinei a cabeça para o lado, estreitando os olhos.
Na minha frente estava o homem que eu mais amava ma face da Terra. O único por quem eu morreria. Na minha frente estava Daryl Dixon.

Heart's On FireWhere stories live. Discover now