7-Discussão

196 34 6
                                    

Dia anterior.

Quando cheguei em casa meu pai e minha mãe estavam jantando e assistindo televisão, eu não estava muito animada e apenas os cumprimentei e fui dormir depois de um banho necessário.

Não vi o Marcos ou a Carlota o restante do dia, fomos com Júlia no pé reclamando do trânsito e da demora e de várias outras coisas que nem dei ouvidos, até a empresa, Victor não disse nenhuma palavra, pelo visto não estava mais aguentando a namorada reclamando a cada cinco minutos de alguma coisa, dava para ver na rigidez do belo rosto.

Dia atual.

Acabo trombando com alguém quando estou passando pelo corredor rumo ao quarto do meu patrão.

— Ops, desculpe Leila. — Pede Marcos envolvendo meu quadril com as mãos audaciosas, tão perto de forma desnecessária, usou isto como desculpa para me agarrar.

— Tá desculpado. — Retiro seus dedos da minha cintura e afasto ele, o que está pensando? Não dei liberdade nenhuma a ele.

— Viu meu irmão por aí? — Marcos me encara com os olhos verdes mais claros que os do irmão.

Vidro espeta minha garganta antes que consiga mover um músculo.

Quando mais recuo, mais Marcos se aproxima feito um predador.

— Ele deve estar no quarto dele, sua mãe disse que estava indisposto. — Comunico ao mais novo, Marcos contrai os lábios em confirmação e abre caminho para que eu passe, quase me farejando feito um cachorro.

— Até depois então. — Despede o do topete com gel e sorri de modo cafajeste.

Vou para o quarto que pretendia e tento ser o mais delicada possível.

Antes mesmo que cutuque o homem que dorme acima da cama enorme, ele acorda em um sobressalto violento, assustado e ofegante.

— Ei, ei, está tudo bem. — Garanto esfregando os bíceps musculosos dele, tentando acalmá-lo do pavor que o pesadelo causou.

Victor busca tomar fôlego ainda apavorado, sua boca empalideceu e os cabelos estão colados a testa por causa do suor gelado.

— Leila? — Me reconhece, talvez pela voz.

— Sim, acabei de chegar. — Confirmo tirando o edredom das pernas dele para que não fique com calor. Acendo o abajur da cômoda e afasto os fios desgrenhados da testa dele.

— Sua mãe me disse que não está se sentindo muito bem desde ontem. — Comento vendo que a respiração ficou mais tranquila, porém ainda não está totalmente aliviado. Victor pede auxílio estendendo a mão para mim, eu o ajudo.

— Passei mal... estou melhor. — Garante trêmulo, a voz rouca virou um fio em meio ao quarto mal iluminado. Abro as cortinas antes de ajudá-lo a pôr o tênis.

— Mente muito mal. — Digo não querendo ser atrevida, mas sim sincera, o homem das olheiras profundas sorri cabisbaixo.

— Não quero sair da casa hoje. — Comenta sem receio, foi um aviso.

Minha cabeça martela fortemente e busco o tênis dele embaixo da cama onde a colcha longa cobre tudo.

— Precisa tomar ar puro, podemos ir a praia... gosta do mar? — Tento fazê-lo mudar de ideia gentilmente.

Victor fecha a expressão em resposta.

— Não quero. — Diz baixinho, hoje não é um bom dia para ele.

Não irei persistir, a vontade dele deve ser respeitada.

— Tudo bem, vamos tomar café e depois o que quer fazer? — O questiono erguendo o corpo do tapete com os calçados em mãos.

𝘾𝙤𝙢𝙤 𝙚𝙪 𝙩𝙚 𝙫𝙚𝙟𝙤 [Finalizada] Onde histórias criam vida. Descubra agora