Vingança Divina

Capítulo 48

MAKENNA
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Estou olhando para as montanhas de Hemort, está escuro e a visão delas causa um arrepio na nuca, e imaginando como seria se eu tivesse vindo para cá em outra situação. Se tudo voltasse a ser como era antes e Allyria estivesse ao meu lado, comentando como está cansada de se perder nesse enorme castelo, ao mesmo que estaria curiosa para explorar cada canto — mesmo que ela estivesse com um pouco de medo.

Olha aquelas nuvens escuras. Me arrepio só de olhar. É essa visão terrível que faz as pessoas pensarem que Hemort é um lugar tenebroso. Mas é um reino bonito pra caramba.

Ela diria algo parecido com isso depois de Lorcan mostrar a beleza de seu reino para ela — depois de se beijarem em cada canto possível. Allyria, nesse ponto, estaria apaixonada demais para ligar pelas expressões frias das pessoas desse lugar, do tipo "quero machucar alguém." Ela teria quebrado a barreira por completo da sua opinião sobre não se apaixonar por um nobre. Tudo o que ela iria querer era viver feliz ao lado de Lorcan, não importa sua posição social ou o lugar em que ele mora.

Eu adoraria presenciar ela conhecendo a rainha Myrren. Acho que suas pernas iriam tremer de medo, e de muito nervosismo por está conhecendo a sogra, mas ela iria acabar conquistando a rainha com seu jeito único, com sua personalidade engraçada e envolvente. Depois que tudo estivesse bem, nós duas iríamos nos fechar no quarto e gargalhar bastante ao comentar sobre seu nervosismo. E ela iria encher meu saco para casar logo com Keeran, para que ela pudesse começar a achar o vestido ideal e perfeito para ser madrinha, enquanto iria deixar claro para Lorcan que não quer casar cedo, que quer aproveitar os primeiros anos de namoro.

Essa era minha melhor amiga. E sinto muito a falta dela. Muito. Todos os dias.

Quando não tenho pesadelos com as coisas horríveis que me aconteceram, eu sonho com ela, com os momentos alegres e tristes que tivemos juntas. Se eu não acordo gritando, eu acordo chorando de tristeza. Dormir para mim é o pior momento do meu dia, mas preciso descansar se não quero surtar e alucinar.

Keeran fica agarradinho comigo a noite, me contando várias besteiras até que eu caia no sono, só então que ele dorme, quando eu já estou dormindo. E, todas as noites, ele me traz chá, dizendo que isso irá me acalmar. O melhor é que o chá que ele me traz é um que Allyria o ensinou a fazer e ele nunca esqueceu o modo de preparo.

Esse chá me faz lembrar de quando eu ficava doente ou cabisbaixa e ela me trazia um de seus muitos chás, jurando que isso iria fazer eu me sentir melhor. Por alguns minutos, um sorriso fica aberto no canto dos meus lábios graças a essas lembranças.

Pensando em Keeran, ouço a porta do nosso quarto abrindo atrás de mim e ele caminhando até a varanda. Pode ser qualquer pessoa, mas eu sei que é ele. Eu sinto.

— Ei, amor. — um pequeno sorriso ilumina meu rosto quando ele sussurra perto do meu ouvido, abraça minha cintura e beija a curva do meu pescoço. Minha pele se arrepia toda com o toque dos seus lábios. — Como foi com seus irmãos?

Solto um suspiro e coloco minha mão sobre as suas.

— Foi bem. Chadd e Maryna levaram Anthea para montar a cavalo, ver as estrelas para animá-la.

É o que mais temos feito nos últimos dias, distrair Anthea, deixá-la feliz. Ela foi tirada da sua casa, descobriu que seu pai e seu irmão são uns monstros, não tem notícias da mãe e acabou de perder seu irmão mais velho. Isso aconteceu comigo e com Chadd também, mas é em Anthea que dói mais.

No momento em que a gente contou sobre a morte de Tyrion, ela não acreditou, então ela chorou, depois gritou e quebrou vários vaso usando seu poder nas plantas. Foi doloroso. Muito. Achei que ela iria entrar em uma depressão profunda, mesmo com os meus esforços e os de Chadd para que isso não acontecesse, mas, graças a Lia, Anthea saiu do estado de negação e agora está no estado da aceitação.