32| Presa, louca e perigosa!

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"Acorda garota. Lina você está presa em um país estranho, ligue para sua mãe." — A voz do capeta me atenta.

— NUNCA voz interior. Não fala nada que preste.

Entro na viatura. Pelo menos em companhia da polícia, mesmo que presa, estarei segura. É melhor lá, do que cá! Acho que na prisão o Vladimir não entra.

Ou entra?

Meu grau de ansiedade está estourando. É tão maduro pensar sobre ansiedade. Ué, o que deu em mim?

— Cresci? — Falo sozinha.

O policial sentado no banco da frente, vira para sua esquerda, me lança um olhar intimidador— minha cabeça gira. Tampo a minha boca e tento mantê-la fechada. Disse tentei, porque não consegui — obviamente.

— O senhor é mesmo polícia? — Questão tola a minha.

Irritado com a minha ousadia, o policial tira a identificação do bolso do colete militar e me prova ser um homem da lei.

— Vamos aos fatos senhorita Michelini. Temos duas acusações contra a sua pessoa. A primeira por invadir uma festa particular e a segunda, por nesta mesma festa, fazer uma tentativa frustrada de envenenamento contra a filha do empresário Henry Cartier.

É, o policinha fala mais do que a Melininha aqui.

— Eu? — Interpreto de tonta. — Não... Tudo falso senhor policial.

Nego as acusações.

Afinal, eu só passei pra frente a bebida batizada que me deram.

— Tem direito a um advogado — ele fala aquela frase famosa. — Ele está a caminho?

— Eu tomo remédios controladíssimos e talvez, eles tenham bagunçado os meus neurônios esta noite.

— Tem uma prescrição médica? Deve precisar dela. — O motorista, também um policial, pergunta-me.

— Tenho sim, senhor. Está no meu e-mail. Minha médica psiquiatra manda-me por lá, porque ela me atende do Brasil e eu moro em Nova York, porém, estou aqui, porque sou modelo e vim desfilar para um senhor de cabelo grisalho que usa roupa de couro e boina.

— Ah... A senhorita é modelo. — O policial no passageiro zomba.

Ele riu.

Eu não me pareço com uma "modele-te". Eu sei, porém, ele não precisava expor a verdade de forma tão debochada na minha cara, pois nada irá mudar o fato da minha conta estar recheada com milhões que me pagam por trabalhos de modelo.

— Não deu pra perceber né? Sim... Eu sei. Também discordo de quem me contratou para esse trabalho, porém, gosto não se discute. Eu...

— Devemos acionar o serviço de psiquiátrico, colega — o passageiro e zombador, cutuca o braço do amigo do volante e ri da minha cara após me interromper.

— Com certeza. Deveria muito. Qualquer profissional com CRM pode atestar que eu sou louca! — Digo.

Eles riem.

— Eu não gosto de polícia. Sabe... Chame o Doutor Philip American Hospital, ele tem contato com minha psiquiatra no Brasil. Me dou melhor com os médicos.

Eles conversam entre si e ouço-os concordar que eu "não bato bem da cabeça". Até sugerem que eu posso ter feito o uso de drogas, pois minhas pupilas estão dilatadas.

— De qualquer forma, senhorita modelo, não escapará dos exames clínicos. — O motorista diz. — Chegamos à delegacia. — Ele avisa.

Mesmo algemada, eu consigo abrir a porta do carro e descer. Os dois "patetas", correm para me pegar.

REPOSTANDO : RENDIDA - Série INSANA (Ant. Série Tentação)Where stories live. Discover now