O céu e o inferno

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· Perspectiva de Gizelly

Assim que o relógio marcou quatro horas, saí correndo do meu escritório. Eu tinha duas horas para limpar e preparar o jantar antes que a Rafa voltasse de viagem. Queria que as coisas fossem perfeitas. Era o nosso primeiro aniversário de casamento, então resolvi preparar o nosso jantar. Estávamos juntas como um casal a três anos, mas somente a um ano eu respondi um grande sim para o seu pedido de casamento. Ela tinha se tornado a melhor coisa em minha vida, depois da Sofia.

Quando a convidei para morar comigo seis anos atrás, nunca imaginei que estaria trazendo para a minha vida aquela que me faria enxergar o verdadeiro amor.

No começo pensei que eu estava confundindo as coisas. Que estava querendo transferir o que eu pensava sentir por Tato para ela. Depois pensei que fosse a carência por me ver sozinha, criando uma criança, a culpada por despertar o interesse que eu sentia por ela, e, por fim, foi então que eu percebi que nenhuma das opções anteriores era o real motivo. Rafaella simplesmente conseguiu ganhar o meu coração puramente por ser ela. Amar uma mulher no começo me assustou e pareceu impossível para mim, mas logo percebi a quão enganada estava. Era muita fácil, fácil por ser ela.

Quando ela se declarou, dizendo o que sentia por mim, sentir como se o mundo voltasse para o seu eixo, só para sair novamente ao beijá-la.

O companheirismo, cumplicidade e sinceridade era os carros chefes da nossa relação.

Corri para casa e comecei a tirar tudo para fora, depois deixei tudo na temperatura ambiente para que pudesse tomar banho.

Tinha pedido para a Thais levar a Soso para a casa da bisa, a descarada da minha filha nem se deu o trabalho de disfarçar a felicidade. Mas eu estava feliz também, se ela não tinha avós capazes de aceitá-la e lhe amar como só os bons avós sabem fazer, ela tinha uma bisa maravilhosa que preenchia esse buraquinho em seu coração. A avó da Rafa era tão maravilhosa quanto ela, foi a única, além da Rafa, a aceitar a Sofia como também pertencente a família Kalimann, também a única que aceitou quando a Rafa e eu assumimos nossa relação. Ela se colocou do nosso lado, nos apoiando e ajudando a criar nossa pequena quando não passávamos de duas jovens aprendendo a encarar o mundo.

Bem no horário, ouvi o barulho da porta principal se abrir. Saltos estavam pelo chão enquanto eu tirava o frango do forno e olhava para cima para ver a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Rafa estava parada lá em um par peeo toe cor de rosa com um vestido combinando, que acentuava a cor dos seus olhos. Sua pele brilhava na iluminação da nossa cozinha enquanto meus lábios se entreabriam em choque, observando cada curva do seu corpo que me provocava por baixo do tecido daquele vestido.

- Rafa. – Eu disse. – Você está linda, amor.

- Oh, esta coisa velha? Obrigada. – Disse ela, piscando.

Ela se pendurou no meu corpo e pressionou os lábios nos meus, dando um rápido beijo. Eles tinham gosto de cereja e baunilha, uma combinação que arrancou um gemido da minha garganta. Minhas mãos encontraram lentamente o seu bumbum, segurando suas nádegas perfeitas enquanto ela dava uma risadinha. Distribuí beijos por todo o caminho até seu pescoço antes de me enterrar nele.

Não conseguia obter o suficiente dela e sentia saudades dela mais do que eu conseguia tolerar quando estávamos separadas. Ela tinha passado os últimos três dias longe da gente, precisou fazer uma viagem de negócios. Sua marca de roupas estava começando a ganhar visibilidade no mercado, o que resultou na necessidade de se ausentar uma vez ou outra, quando não podia delegar. Assim como eu, ela se esforçava para estar sempre presente na vida da nossa pequena. Sofia se tornou filha dela, tanto quanto era minha. Assim como a Rafa a amava tanto quanto eu. Não poderia estar mais feliz ao ver que tinha construído uma família incrível com aquela mulher.

Assim que nossos lábios colidiram, ela foi direto em seu propósito, mergulhando a língua de encontro a minha, me devorando e deixando zonza com a intensidade com que me beijava. Prendi minhas mãos em sua nuca com firmeza, com receio de cair, pois minhas pernas vacilavam. Embora eu tivesse beijado várias vezes aquela mulher, sempre parecia a primeira vez. Era prazeroso e sublime estar em seus braços, rendida aos seus beijos e perdida no prazer que era a sensação de pertencer a ela.

Experiencia, paixão, gentileza, posse e excitação.

Tudo junto e ao mesmo tempo.

O céu e o inferno.

Meu paraíso particular.

- Eu estava louca de saudade... – Sussurrei, enquanto distribuía beijinhos em seu pescoço, como eu tinha feito inicialmente.

- Também sentir muita a sua, minha vida. – Ela apertou mais o abraço em volta da minha cintura. – Algo tem um cheiro delicioso aqui, fora você, é claro. – Disse sorrindo.

- Frango com manjericão acompanhado por batatas com alho e legumes assados com sidra de maçã.

- Uau. – Ela disse sem fôlego. – Está é uma refeição impressionante.

- É para uma mulher impressionante. – Eu disse. – No dia em que marca o quarto dia mais feliz da minha vida.

Ela se afastou o suficiente para poder me encarar, arqueou uma das sobrancelhas, e eu me segurei para não rir.

- Pensei que era o segundo dia mais importante.

- Não, o quarto. – Provoquei.

- O primeiro imagino que seja o nascimento da nossa filha, e qual seria os outros dois?

Tentei ao máximo permanecer seria, mas falhei miseravelmente, pois sabia que os outros dois também faziam parte da lista dos seus dias mais felizes também.

- Sim, o nascimento dela. Os primeiros passos, suas primeiras palavras e por fim, mas não menos importante, o dia do nosso casamento.

- Não poderia ser diferente, falando nisto, sentir falta de uma certa recepção na minha chegada. Geralmente sou recebida com gritinhos e avanços inesperados de uma certa pequena. – Ela olha ao redor, procurando pela Soso.

- Despachei para a casa da sua avó, queria passar essa noite a sós. Amo aquela safadinha, mas precisamos tirar um tempo para nós.

Se aproximando novamente e colando o nariz ao o meu, ela disse.

- Também amor estar com ela, mas concordo com você. Estou morrendo de saudade e de vontade de sentir o seu gosto.

Foi a minha vez de se afastar.

- Mas vai ter que esperar até depois do jantar, não quero que todo o meu trabalho seja jogado fora. – Fiz um biquinho para ela, que mordeu de leve. – Aí.

- Garanto que nada será desperdiçado.

- Não, nem provoque. Vá já para o banho enquanto termino de preparar a mesa.

A dispensei, dando um tapa em sua bunda. 

A vida da gente Where stories live. Discover now