CAPÍTULO 03

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NOAH
Maratona: 01/10

Eu era um cara que costumava estar meus limites. Não tinha muito medo do que diziam ser errado, não temia desafios — pelo contrário, eu costumava aceitá-los. Também não me intimidava facilmente, mas se havia uma coisa que eu sabia ser território proibido para mim era a minha linda vizinha, melhor amiga da minha irmã, a marrentinha Sabina.

A mulher nos meus braços naquele momento.

Eu a conhecia há pouco mais de três meses, quando me mudei para o condomínio de Joalin. Claro que já tinha ouvido seu nome, porque minha irmã falava dela sem parar, mas fomos apresentados no dia da minha chegada. E... porra... ela me impressionou.

Era linda, sem dúvidas, com os cabelos castanhos escuros, longos e muito lisos, os olhos cor de mel, a boca em formato de coração... e o corpo... Perfeito. Pequeno, com curvas delicadas, tudo no lugar certo. E o jeitinho estressado, meio desastrado e as respostas perspicazes que me dava, me deixavam louco.

Ninguém poderia dizer que eu não era o tipo de cara que às vezes pensava com o pau, porque... a calcinha na poltrona do meu sótão era prova de que eu seria hipócrita se quisesse convencer alguém de que era um celibatário, mas eu sabia ouvir um não. E Sabina já tinha me dado mais de um.

Eu sabia que um babaca a tinha magoado no passado — pai da neném —, e ela estava com o coração fechado. E, aparentemente, o corpo também.

Só que, obviamente, era melhor assim ou sempre pensei que fosse. Nunca tive interesse em relacionamentos sérios, porque a vida era muito menos complicada assim. Até completar meus trinta anos, sempre me achei jovem demais para pensar em encontrar a mulher certa e me acalmar.

Podia ser uma babaquice, mas por uma garota como Sabina? Eu até poderia pensar em sossegar o facho. Por tudo que eu sabia, via e tinha descoberto sobre ela, era o tipo de mulher que valia a pena. E a garotinha.. porra! Ela poderia assustar qualquer um, com a possibilidade de um pacote completo, mas eu a adorava. Ela era uma gracinha.

Mas não era exatamente hora de pensar nisso. Não quando Sabina fez uma cara de dor no momento em que pousou o pé no chão, ainda sendo amparada pelos meus braços.

— Ei, você está bem? — perguntei, segurando-a firmemente.

Ela parecia um pouco atordoada, e não era para menos. Que susto, puta que pariu...

Meu coração bate descontrolado no peito, e eu poderia jurar que o dela também, a julgar por sua respiração.

— Sabina? Você se machucou?

Ela balançou a cabeça em negativa, mas assim que tentou dar um passo para trás, para se desvencilhar de mim, cambaleou e soltou um discreto gemido de dor.

— Estou bem. Está tudo bem.

Não era verdade. Seu rosto estava pálido, e eu sabia que estava sentindo dor. Sem nem hesitar, peguei a teimosinha no colo, o que a fez arfar, parecendo um pouco atordoada pelo meu gesto.

Sem muitas explicações, comecei a descer a escada com ela, levando-a para o segundo andar. Eu poderia voltar para o sótão e sentá-la na fatídica poltrona, mas imaginei que ela odiaria isso, depois de ter encontrado o que encontrou.

Também não era exatamente a melhor opção, mas levei-a até o meu quarto, pousando-a gentilmente na minha cama, sentada, com as pernas voltadas para a lateral.

Sabina seguia calada, olhando para mim como se eu fosse um E.T., enquanto eu pegava a cadeira da minha escrivaninha e a colocava de frente para ela, sentando-me, e mais ainda quando tomei seu pé nas minhas mãos com gentileza, posicionando-o sobre minhas pernas.

𝐏𝐚𝐢 𝐝𝐞 𝐀𝐥𝐮𝐠𝐮𝐞𝐥, 𝘶𝘳𝘳𝘪𝘥𝘢𝘭𝘨𝘰 𝘢𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯 Onde histórias criam vida. Descubra agora