CAPÍTULO 24

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SABINA

Fazia três horas desde que Pepe saíra de casa. Já havia anoitecido, eram pouco mais de nove, e eu já tinha ligado para ele mais vezes do que poderia contar. Moranguinho não parava de chorar, e eu a sentia mais quente.

Quando medi sua temperatura e estava à beira dos trinta e nove, decidi que não poderia mais esperar. Teria eu mesma que levá-la a um hospital.

Colocando-a no berço, comecei a reunir nossas coisas, a buscar um casaquinho e um gorrinho para por nela, já que a noite estava fresca, colocar uma calça jeans em mim e um suéter. Comecei a vasculhar a casa inteira em busca do meu celular para chamar um táxi quando a campainha tocou.

Cheguei a suspirar aliviada, acreditando que se tratava de Pepe com os remédios, o termômetro e, principalmente, com o carro para nos levar à emergência.

Só que o alívio tornou-se ainda maior quando eu vi que se tratava de Noah.

Eu devia ser forte, porque minha filha precisava de mim, mas tudo o que fiz foi desmoronar. O choro veio convulsivo, destruindo-me por dentro, e ele, sem perguntas, me puxou para seus braços.

Deus... como era bom ser abraçada por ele.

— Eu te vi da janela se arrumando meio desesperada. Logo vi que tinha algo errado. O que houve? Sofya não melhorou? – ele explicou enquanto ainda me apertava contra si, e tudo o que minha mente enevoada conseguia pensar era que ele era atencioso ao ponto de perceber aquele tipo de coisa, mesmo através de uma janela.

— Não. Ela está ardendo em febre. Vou levá-la ao hospital.

— Cadê o babaca? Não vi o carro dele aqui parado.

Cheguei a me envergonhar da resposta, porque sabia que seria julgada. Sabia que ele iria levantar a merda da plaquinha do EU AVISEI, e eu não poderia fazer nada a não ser concordar.

— Não voltou.

Ainda? – Percebi Noah mordendo a lingua para não ser grosseiro ou impertinente, e eu o amei ainda mais por isso. — Pega suas coisas. Eu levo vocês ao hospital.

Nem argumentei Noah disse que iria buscar as chaves de seu carro em casa e que me encontraria lá fora em dez minutos.

Nós nos encontramos em cinco. Nenhum dos dois parecia querer perder tempo.

Para a minha surpresa, vi que ele tinha acoplado uma cadeirinha de bebê no banco traseiro de seu carro em algum momento durante aqueles dias em que não nos vimos.

Percebendo minha surpresa, ele se apressou em explicar.

— Eu quero vocês, Sabina. De verdade.

Se eu já estava chorando, naquele momento eu realmente desabei. Então Noah tirou minha filha dos meus braços, com todo o cuidado e ternura, colocando-a na cadeirinha, enquanto ela não parava de chorar.

— Calma, Moranguinho... mamãe e tio Noah vão te levar no médico para ficar boa, tá? – Ele deu um beijinho na testa de Sofya, e nós dois corremos para entrar no carro. Enquanto manobrava para sair, ele colocou uma das mãos sobre a minha, afirmando com uma voz cálida e gentil: — Ela vai ficar bem, pequena. Vai ficar tudo bem.

Apenas balancei a cabeça, me sentindo um pouco boba. Só que era a primeira vez que Sofya me dava um susto como aquele, uma vez que era uma criança sempre muito saudável. Mas eu não queria que nada daquilo estivesse acontecendo. Queria minha filha bem, em casa, comigo, brincando, dormindo serena e feliz.

Noah chegou em tempo recorde ao hospital, não sem avançar alguns sinais, e ele mesmo a levou no colo até a recepção. Precisamos passar pela triagem e aguardar um pouco, mas rapidamente conseguimos ser chamados.

𝐏𝐚𝐢 𝐝𝐞 𝐀𝐥𝐮𝐠𝐮𝐞𝐥, 𝘶𝘳𝘳𝘪𝘥𝘢𝘭𝘨𝘰 𝘢𝘥𝘢𝘱𝘵𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯 Onde histórias criam vida. Descubra agora