03. jung hoseok and the choco pie

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∗𝑐𝘩𝑜𝑐𝑜 𝑝𝑖𝑒. ❁

O dia amanheceu escuro aquele dia, e Jung Hoseok também não se esforçou em sorrir como sempre fazia, na verdade, naquele dia, não quis esconder sua tristeza. Quis deixar claro o que sentia por pelo menos um dia, não conseguiu esconder seus sentimentos por trás de um sorriso bonito.

Seu turno na floricultura já havia começado, mas não teve forças para ir até lá, não queria que suas flores contemplassem sua tristeza, então ao invés de ir, desviou seus passos para o parque infantil repleto de brinquedos ao lado. Como trabalhava ao lado de um colégio, sabia que as crianças e adolescentes estariam em horário de aula, por tanto, o parque estaria vazio, então não se importou em se sentar no balanço de metal colorido e deixar que seu corpo relaxasse sobre ele.

Não esperava que suas dores fossem se curar ali, apenas queria um pouco de paz, a noite anterior tinha sido muito complicada.

Hoseok estudava literatura, já estava em seu segundo ano na faculdade noturna, e no período da manhã, trabalhava em uma floricultura. Parecia perfeito, misturar as coisas que mais amava no mundo em seu cotidiano: flores e poesia. Ele só não imaginou que um dia usaria de ambos, e acabaria ferido.

Na noite anterior, o ruivo tomou toda sua coragem para enfim declarar seu grande amor por So-Yeon, sua professora de poesia. Tinha se apaixonado por ela alguns meses atrás e já estava planejando se declarar desde então, queria fazer isso da forma certa, e esperou até que tivesse todas as cartas na manga.

Levou um lindo buquê de flores do campo coloridas e uma poesia escrita por si mesmo — essa que levou dias, ou até meses, para ser produzida —, tentou parecer o mais confiante possível, gostava tanto daquela mulher que chegava a ser doloroso, seria o melhor dia de sua vida, tinha certeza disso.

Ele só não esperava que o sorriso de agradecimento de sua professora fosse ser tão doloroso, seguido de suas palavras:

"– Hoseok, obrigada pelos presentes, essas são as flores preferidas do meu marido!"

É normal, certo? Não ser correspondido. Contanto que ela é bem mais velha e ainda é tão bonita. Ele tentava colocar isso em sua cabeça, mas de certa forma, sempre chegava á conclusão de que ficaria sozinho para sempre.

– Hoseok Hyung!

O ruivo suspirou e levantou a cabeça, vendo Jeongguk aproximando-se de si. Ele trajava o uniforme do colégio e estava sorridente como sempre. Provavelmente tenha cabulado aula ou simplesmente perdido o horário. Isso era comum para o moreno.

– Ah, Jeongguk. Oi. - respondeu em um fio de voz, voltando a encarar o chão.

Conheceu Jeongguk lá pelo início do mês de junho, ele entrou em sua floricultura completamente perdido e desesperado, não sabia chegar em seu colégio novo e ainda por cima estava atrasado, o mostrou o caminho até o colégio de bom grado, e desde então, o garoto sempre passa pela floricultura desejando "bom dia", com aquele sorriso bonito de sempre.

– Você está bem? - perguntou, sentando-se no balanço ao lado do ruivo.

– Não muito. Você não deveria estar na aula?

– Deveria, mas como estava atrasado, e não te vi na floricultura, decidi cabular essa aula com você! - Hoseok não evitou sorrir com aquelas palavras, no final das contas, ficar com Jeongguk fez seu coração se aquecer um pouco. – Quer me contar o que aconteceu?

– Você acha que ficarei sozinho para sempre? - o ruivo encarou os olhos negros do garoto ao seu lado, buscando um certo conforto neles.

– O que? Claro que não, Hyung. Você é incrível! Como pode dizer que ficará sozinho? Eu estou aqui com você.

– Não é isso. - suspirou. – Me declarei para uma pessoa ontem, e fui dispensado da maneira mais humilhante possível.

– Hyung, eu entendo que esteja magoado, mas talvez, ficaria melhor se pensasse como essa pessoa deve ter se sentido. Digo, ela deve ter algum motivo para ter feito isso, e você não pode desistir assim.

– Você acha? - sorriu pequeno. Gostava de ouvir Jeongguk falar, a voz dele o acalmava.

– Sim, Hyung. Quer saber de uma coisa? - disse animado, chamando a atenção do mais velho para si. – Você é tão bonito Hyung, eu gosto tanto do seu sorriso, e se continuar assim para baixo, as flores também vão murchar! Você é como elas, não é?

– Sou?

– Sim, você é frágil e brilhante. Todas as manhãs se tornam melhores quando vejo você sorrir. Não vai parar de sorrir, não é? Você quer me ver triste? - Jeongguk tinha aquele toque especial, ele sabia exatamente o que dizer e aquilo acalmou seu coração e sua mente conturbada.

Estava se animando, se sentou de maneira ereta no balanço e sorriu grandemente encarando sua floricultura de longe. Ele estava certo, talvez fosse mesmo como suas flores, e Jeongguk estava o regando com o carinho. Não podia desistir assim. Ainda tinha muito amor para dar, muitas poesias para escrever e ainda mais flores para cuidar.

– Obrigado, Jeongguk. Estou bem melhor.

– Aqui. Vai te deixar cem por cento. - o moreno esticou uma embalagem vermelha em sua frente.

– O que é?

– Choco Pie, eu sempre tenho um desses na mochila, caso eu fique triste! - sorriu. – Me deixa feliz.

Hoseok pegou o doce das mãos alheias e abriu a embalagem, se deliciando com o sabor de chocolate mesclado com marshmellow, realmente, era tudo que precisava naquele momento.

E ficaram ali, pelo resto da manhã, aproveitando a companhia um do outro enquanto balançavam-se despreocupados. O coração de Hoseok estava aquecido pelas palavras do mais novo e sabia que á partir daquele momento, Choco Pie's o acalentariam quando precisasse.

Quando o sino soou para as últimas aulas de Jeongguk, ele correu para o colégio, e Hoseok para sua floricultura. Se despediram um tempo depois, com um abraço quentinho, que faria falta.

E então Jeongguk se foi de Gwangju, e o ruivo jamais conseguiria esquecê-lo, porquê ele foi capaz de levantá-lo, só não saberia seguir em frente sem seus graciosos "bom dia's" pela manhã.

jeongguk's candy heartWhere stories live. Discover now