CAPÍTULO O2.

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O2. "Você tem açúcar?"

— Não tá pensando no que eu acho que tá pensando, né? — Sarah a questionou, mesmo já parecendo saber a resposta pelo olhar que a amiga lhe dera.

— Eu preciso da grana.

Ao ouvir aquilo, a amiga ao menos deixou suavizar as linhas de sua face que demonstravam julgamento, então colocou um prato de lasanha esquentada na frente de Kiara e comeu uma garfada da sua em silêncio.

— E não é nada de mais, certo? É praticamente ganhar dinheiro pra ajudar alguém, onde eu vou achar uma oportunidade dessas?

Ao menos não parecia nada tão ruim, Carrera acreditava que seria difícil colocar algum juízo no vizinho do 304, mas soava menos complicado do que conseguir manejar mais horas extras no trabalho. Sarah não aprovava a ideia, ela percebeu enquanto ambas comiam na bancada. Contudo, pareceu se convencer quando elevou o olhar para a amiga e disse:

— Eu vou pedir o número do Luke Maybank pro meu pai, ok?

Supunha ser um tiro no escuro, mas ainda carregava um rastro de esperança.

Kiara pensou em desistir várias vezes à medida que o Uber se aproximava do endereço de destino, mas tentava se lembrar do olhar de pena que a Sra. Pezberry a lançou quando falou do corte de sua bolsa ou o quão facilmente o vizinho do 304 passou o cartão para comprar um valor alto na lanchonete; e ela basicamente não tinha outra escolha.

Não recuou os passos pelo extenso jardim bem cuidado na entrada, seus tênis arrebentados não eram os únicos a se sentirem deslocados enquanto caminhava pelo piso de pedra até a porta. O tamanho da casa era exorbitante, e Kiara se questionou se Luke Maybank morava lá sozinho com a mulher, as paredes brancas eram lindamente pintadas e havia um ar moderno que parecera não estar ali sempre pelo estilo da construção, como se a casa tivesse passado por algumas reformas antes disso.

Ela se surpreendeu quando foi atendida pelo próprio Luke e não por alguma empregada que provavelmente encontrava-se na casa, ele parecia exatamente como já o vira em fotos, um sorriso contido e, apesar da idade, não muitas rugas preenchiam seu rosto. O advogado a convidou para entrar e Kiara o seguiu até uma sala cheia de estantes de livros, onde se sentou na poltrona preta como instruído; aquele devia ser o escritório.

Havia uma sensação estranha na ponta de seu estômago - provavelmente nervosismo - quando o outro sentou-se na mesa de escrivaninha e a fitou com os olhos azuis que eram muito semelhantes aos do vizinho. Kiara remexeu nervosamente nas mãos em cima de seu colo e ofereceu um sorriso, sabendo que o olhar ali a analisava minunciosamente; talvez estivesse refletindo se a garota ali daria conta da tarefa.

— Então, a senhorita Cameron disse que estaria interessada na minha proposta?

— Isso, eu... Quer dizer, eu gostaria de saber mais sobre, a Sarah não me falou todos os detalhes.

Mentiu, sua amiga havia contado absolutamente tudo, a verdade era que queria entender melhor aquela ideia aparentemente maluca, mas não iria ser tão sincera daquele modo.

— Posso confiar na senhorita pra manter essa conversa no sigilo total, não é?

Assim que ela respondeu com um assentir seguro, ele continuou.

— Bem, como sabe eu estou pagando a faculdade de direito do meu filho faz três anos. — Ele remexeu em alguns papéis na mesa, seu ar emanava aquela energia de homem ocupado e que você tem sorte se conseguir alguns minutos de seu tempo. — O problema? Ele mal conseguiu completar disciplinas o suficiente pra chegar na metade do curso.

Um Contrato Para Amar • JJ & KiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora