CAPÍTULO O3.

1.2K 124 301
                                    

O3. "Situações extremas exigem medidas extremas."

O apartamento era o completo oposto do de Kiara, enquanto o dela vivia arrumado e inundado pela fragrância doce do aromatizador de ambiente que Sarah costumava comprar, o do loiro evidentemente não era organizado muitas vezes; roupas jaziam no sofá em que cruzaram e a bancada da cozinha estava com alguns copos sujos e uma vodca pela metade. O contraste deixava claro a oposição de personalidades.

A jovem parou no meio do cômodo e observou, trocando o peso de um pé para o outro, o vizinho de costas erguendo o tronco para alcançar um dos armários da cozinha, notou os músculos de suas costas visíveis pela camisa branca apertada, os braços torneados se destacando e como o contorno de suas pernas era percebido pelo fino tecido da calça moletom; ele também estava descalço. Em seguida, desviou o olhar para a cozinha, sentindo-se de repente constrangida por ficar olhando o corpo dele tempo demais.

— Então, você mora aqui sozinho? — Puxou assunto, mesmo tendo algumas suspeitas da resposta, já que nunca vira ninguém mais entrar no apartamento.

Fora respondida com um assentir e, em seguida, o mesmo trazia o pote de açúcar até a bancada, onde Kiara deixou a xícara.

— É, e você mora com uma loirinha, não é? Já vi ela por aí.

Sabia daquilo, visto Sarah ter comentado sobre os eventos que ambos já participaram juntos por conta da amizade dos pais. Porém, decidiu não comentar, observando-o encher a xícara demoradamente.

— Isso, com a Sarah.

— Pode me chamar de JJ, acho que eu nunca me apresentei.

Já sabia daquilo também.

— Kiara.

— Certo, eu lembro da vez na lanchonete.

Com a xícara cheia, ele pousou os olhos azuis nela e desceu pelo corpo feminino de uma forma que a deixou nervosa, ela ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha e pegou a xícara da mão que ele estendera, pensando em como poderia puxar mais algum assunto, contudo, JJ o fez primeiro.

— Você devia bater na minha porta mais vezes.

Quando as palavras saíram junto a um sorriso travesso, ela começou a ter o entendimento tardio de que ele talvez estivesse pensando que as intenções dela de ter vindo ali fossem outras; bem, se um vizinho batesse na porta dela pedindo por açúcar, o que ela ia achar?

— Uh, vou pensar no assunto.

Mas ele era atraente e ela era apenas humana, então, a forma que ele permaneceu no pequeno espaço que os separava a fazia sentir certa vontade de deixar que ele continuasse com aquele joguinho de flerte para ver até onde tudo ia. Claro que a parte racional de Kiara falou mais alto, considerando que ela sequer o conhecia direito e noites casuais não eram muito o estilo da mesma; sem falar que o outro era parte do seu contrato, continuar com aquilo iria apenas complicar tudo.

Portanto, ela desviou o olhar e pigarreou.

— Acho melhor eu ir indo, então.

Ele devia ter percebido a tensão em seu corpo, pois logo se afastou e escorou as costas na bancada atrás de si, cruzando os braços e alargando um sorriso que, agora observando-o com mais atenção, formava covinhas adoráveis em suas bochechas.

— Tudo bem, a gente se vê pelos corredores.

Amaldiçoando-se pelo pouco progresso que fizera, ela virou os calcanhares para sair do apartamento, mas o seu nome ecoou na voz masculina familiar deste, e ela virou-se a tempo de o ouvir.

Um Contrato Para Amar • JJ & KiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora