CAPÍTULO O5.

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O5. "Do que tem tanto medo?"

— Kiara?

Contemplou ele espremendo os olhos como se estivesse querendo ter certeza de que a figura feminina estava ali a sua frente; e a réplica que ela o ofereceu não foi muito tranquilizadora, visto que o pânico a impedia de pensar direito.

— JJ? Nossa, você por aqui?

Apesar da escuridão, pôde notar os olhos avermelhados dele; sentiu-se culpada por estar interrompendo algo que parecia muito privado, especialmente quando ele a encarou por alguns segundos e perguntou:

— Quanto tempo 'tava parada aí?

Quis amaldiçoar-se com a brincadeira que fez em seguida.

— Quanto tempo você 'tava parado aí, hein?

O loiro não pareceu achar graça.

— Uh, tô caindo fora.

A expressão que ele a lançou fez certo desespero surgir no fundo do estômago de Carrera; não gostava de sentir sua desaprovação. Talvez fora o motivo que impulsivamente se colocou na frente dele, quando o mesmo fez menção de ir embora, segurando-o pelo braço.

— Espera, — A explicação na ponta de sua língua se desfez ao o fitar. — Você tá bem? Quer dizer, quer uma carona? Eu-

— Tô bem, não preciso de ajuda.

— É que tá ficando escuro, e você... eu só-

Ele a interrompeu de novo, dessa vez sua voz estava mais firme.

— Só tá a fim de me espionar mais um pouco, é?

O tom ácido que ouviu a surpreendeu, em resultado, afastou o toque deste de súbito, sentindo-se ofendida.

— Eu não 'tava te espionando.

Sua voz saiu fraca enquanto fitava as orbes azuis que se mantinham focadas nela, como se soubessem exatamente o que ela estava fazendo ali. A expressão culpada se preencheu no rosto de Carrera com os dizeres seguintes dele.

— Não acredito em você.

Queria poder ser sincera com ele, dizer a razão de estar ali o espionando e que não tinha escolha. Mas não podia, portanto, apenas tentou soar indiferente, engolindo toda agonia que seu peito parecia se preencher com o confrontamento.

— Isso é seu problema, então.

— Acho que é. — Antes que pudesse fazer algo, o loiro passava por ela com intuito de se afastar e acabar a conversa.

Kiara quase não sentiu os pequenos e breves pingos que caíram em sua cabeça; anestesiada demais na confusão de sentimentos que se apossava dela, não sabia exatamente se estava sentindo-se mais chateada pelo fato de seu plano de aproximação estar dando errado, ou, porque JJ a tratara daquele modo tão frio e a descartara tão rápido, após todo esforço que ela colocara em uma aproximação. Tudo bem que ela era culpada em partes, mas ele não precisava agir daquele jeito, certo?

Sentindo-se cada vez mais revoltada pela situação toda estar tomando um rumo desfavorável, a estudante girou os calcanhares e sua voz ecoou pelo cemitério vazio, seu corpo estremecendo do frio quando a chuva começou a tomar força.

— Vai se foder, JJ! Eu só 'tava querendo ajudar. — Não soube exatamente o que a fez gritar tais palavras com raiva, mas estava farta de toda culpa que estava sentindo; farta de ter que se aproximar do jovem e falhar; farta de começar a levar aquela relação toda mais sério do que deveria. Não fazia ideia porque estava tão disposta a não deixá-lo ir embora, visto que no fundo queria desistir daquele contrato de qualquer forma.

Um Contrato Para Amar • JJ & KiaraWhere stories live. Discover now