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Por mais que eu gostasse de casa eu já estava mais acostumada com a prisão. Desde o Natal tudo já estava bem, pelo menos até agora.

- Karol você tem visitas. - Ruggero falou

- Agus? — Eu perguntei e ele negou — Quem? — ele apenas levantou os ombros e me levou pra sala dos telefones.

Aqueles que não podiam ter visitas corpo a corpo usavam aquela sala, havia pequena sala, separado por uma parede de vidro com um telefone de um lado e um do outro, para que conseguisse ouvir a voz dos dois. Cheguei na sala e sentei na cadeira e peguei o telefone, já o colocando na orelha.

- Eu vou estar ali fora - Ruggero disse se retirando.

Logo a visita chegou e calmamente se sentou na cadeira da frente. Meu sangue ferveu, aquele embuste de pele clara e corpo esguio, eu reconheceria em qualquer lugar. Era por causa dele que eu estava aqui.

- "sentiu saudades querida?" - ele disse sorrindo

— "SEU CRETINO" — gritei levantando na cadeira fazendo ela ter uma queda barulhosa no chão.

Ele riu do outro lado, e eu bati no vidro. A culpa era dele de eu estar aqui. E ele estava ali fora, sorrindo e com trajes sociais! Ele está livre! Mãos me seguraram

- O que foi? Você o conhece? - Ruggero perguntou pra mim

- O motivo da minha desgraça. A CULPA É DELE! ELE DEVIA ESTAR DESSE LADO DO VIDRO!

- Karol  se acalma, vai chamar a atenção! Karol, ele é o novo vice diretor!

— EU NÃO LIGO! EU QUERO ELE PRESO!

Outras mãos me agarraram e eu me agoniava tentando me soltar e vendo a imagem da sala se afastando. Os muitos policiais que se juntaram para me carregar, me jogaram na cela com brutalidade me fazendo cair e bater as costas no ferro da beliche. Eu grunhi de dor enquanto me levantava.

- Você tá bem? - Ruggero perguntou

- Psicologicamente? Não. Fisicamente? Também não! Como ele teve a cara de pau de vir aqui?

- Sem noção, karol - Ruggero disse fechando a cela - Se acalme ou não te deixarão almoçar.

- Eu quero matá-lo.

- Sei que quer, mas se te verem histérica eles vão te manter aqui o dia inteiro.

- Tá — falei respirando - Não sei o que faria sem você. Eu amo você Ruggero - falei sem pensar, Ruggero arregalou os olhos e parou de respirar

— Digo, como amigo, você é o melhor — fiz sinal de joia com a mão.

- Ah sim, você também - ele falou fazendo o mesmo sinal e rindo sem humor.

Até que a campainha do almoço soou dispersando nossa conversa e distraindo o silêncio que ficou. Segui para o refeitório, junto com outros presos, mas então algo havia de diferente. Na parede em vermelho vivo.

Bem vindos a vingança!

Então um tiro estalou ao nosso lado e como treinamento nos tacamos no chão

— RUGGERO VOCÊ PRECISA ME SOLTAR! - gritei pra ele durante o tiroteiro enquanto ele me arrastava para trás de uma mesa caída. — Não conseguirei me defender! - Ele olhou nos meus olhos e me encarou por um tempo. Então senti meu pulso ser solto. - Obrigada Rugge! - Falei o abraçando, ele entrou em choque e eu separei meu rosto um pouco longe dele, e então lhe dei um beijo Rugge ficou quase estático, seus olhos arregalaram e ele parou de respirar.

- Desculpe- eu falei ao me afastar dele.

- Karol! — ele exclamou ao perceber que seus braços estavam presos no ferro da mesa e sua arma havia sumido.

?Eu atirei em um dos "policiais" que estavam atirando. Havia varias pessoas mortas no chão. O diretor rastejava para longe da confusão, ele estava ferido

— Diretor! — gritei indo até ele é o arrastando para atrás de uma mesa que eu derrubei.

- Karol, eu sabia que não era culpada, que era uma boa menina...

- Senhor está bastante machucado, vou tirá-lo daqui.

- Karol não, estará em perigo! Uma pena que levarei a sua verdade comigo.

- O senhor tem uma filha! Não pode morrer.

- Ela já está grande, pode se cuidar... - sua voz foi sumindo.

- Senhor?

- Eu lhe perdoo Karol, agora faça isso valer a pena... - ele falou e a vida se perdeu de seus olhos.

- Sim Senhor - Falei piscando para espantar as lágrimas.

Quando cheguei aqui ele me protegeu dos maus policiais, me defendeu de abusos e fome. E eu sempre fui tão rude. Saí de trás da mesa e atirei nos outros que estavam atirando, e me juntei aos outros policiais atirando nos corruptos.

Então, eu senti uma dor imensa na minha barriga e tudo se apagou. Eu acordei em uma cama de ferro em uma cela suja, que não era minha, Rugge estava sentado ao meu lado e me olhava preocupado tentei levantar mas minha barriga doeu muito.

- Não levante - Rugge disse.

-  O que aconteceu?

- Revolução dos presos, pelo menos foi o que a diretoria falou.

- Mas eram policiais atirando, ninguém debateu?

- A diretoria deu dinheiro a todos para negar, dizem que você matou o diretor.

- Eu o salvei!

- Eu sei! Eu vi! Eu te defendi Karol! Mas todos eles odeiam e mesmo que você tenha os salvado eles foram corrompidos.

- E agora?

- Estão tendo um tribunal, dirão o que farão com você.

- Quem morreu? No ataque?

- Cecilia Jones, Angélica VanShuewts e uns 2 policiais.

— Angélica morreu? — perguntei, ela seria libertada ano que vem, ela era jovem demais.

- Eu lamento kah - eu comecei a chorar e agarrei seu pescoço, na hora não tinha dor física, porque a dor emocional ultrapassou todas elas.

— Shiuu tá tudo bem.- ele falou passando a mão no meu cabelo - está tudo bem.

O som de ferro sendo movido se fez presente e Laura entrou na cela e parou ao lado da minha cama. Ela não olhou para mim mas virou para Ruggero

— Deram o veredicto — ela falou, pela cara dela, não era algo muito bom eu e Rugge colocamos a face de dúvida em nossas expressões - Sentença de morte, Cadeira Elétrica.

O policial e a prisioneira Where stories live. Discover now