Os ventos frios de Montana

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"Me perdoe por estar respondendo suas cartas apenas agora. O tempo parece correr contra o nosso favor nesse trabalho. Eu também sinto sua falta, mamãe. E não, não sei quando irei retornar para casa. Espero retornar em breve, mas ainda é cedo para dizer quando.

A guerra continua complicada aqui no oeste e agora tivemos que trocar de posição, as coisas estavam ficando ainda mais feias de onde estávamos anteriormente.

Eu estou me cuidando bem, não precisa se preocupar. E não, eu não encontrei um marido em meio a essa loucura e nem pretendo. Entendo o seu interesse em me ver em matrimônio, mas por favor, pare de tentar encontrar um homem para mim. Não é necessário.

– Com amor, sua Sakura."

A jovem Haruno respirou fundo e pôs a caneta sobre a mesa. Obviamente sentia saudades de sua mãe, mas era estranho pensar que estar no meio dessa guerra era mais calmo do que perto de uma mulher maluca procurando alguém a quem a filha pudesse se "jogar".

Ela guardou o papel da escrita dentro do envelope da carta e colocou o selo, onde logo em seguida o lançou para a pilha de cartas que seriam enviadas para o correio assim que possível. Andava difícil fazer isso e as cartas ali em cima só iam acumulando ainda mais.

Estavam em Montana – um estado gelado quase todo o tempo. Era bonito ver a neve cair apesar de que o frio era capaz de congelar seus pulmões em um piscar de olhos. Vez ou outra era possível ver a fuligem cair na neve e manchá-la de preto e isso era melhor do que ver o sangue tingindo-a de vermelho – o que era quase todo o tempo.

Os soldados feridos além de se preocuparem com seus sangramentos, precisavam tomar cuidado com o frio lá fora. Já era difícil esquentar-se ali dentro da tenda, mas fora era quase impossível. Eles chegavam na ala médica tremendo e congelando. As mãos frias como cadáveres e os lábios roxos quase que sem vida. Muitos soldados estavam morrendo para o frio e as coisas pioravam a cada instante.

A preocupação com as tropas inimigas era alarmante, mas as tempestades congelantes eram algo que ninguém podia parar ou prever. A Mãe Natureza era implacável e os cristãos rezavam todo o tempo para pedir misericórdia.

– Terminou sua carta? – perguntou Hinata, colocando uma bacia com panos sujos de sangue no chão.

– Terminei. – responde Sakura, levantando-se. – A neve só está piorando, não está?

– Está e isso me lembra que você deve aquecer-se. Deidara e Sasori fizeram uma fogueira improvisada com o forno velho que encontramos ontem, você deveria ficar lá perto, está sozinha aqui a muito tempo.

– Não estou com frio agora. – diz Sakura, pairando o olhar pela pilha de roupa suja. – Você pode ir aquecer-se se quiser, eu posso lavar os trapos.

– Não mesmo. – Hinata imediatamente aproxima-se da Haruno e coloca as mãos nos ombros dela, a conduzindo para fora dessa ala. – Você já fez coisas demais, me deixe ser útil agora.

– Você é sempre útil, Hinata.

– Não discuta comigo e vá aquecer-se já!

Com um sorriso gentil a Hyuuga empurrou Sakura para fora dali, deixando a Haruno respirando fundo e sem afazeres naquele momento. Agora os feridos estavam descansando e não tinha muita coisa para ser feita a não ser limpar aquelas roupas que Hinata trouxe.

Sakura era uma mulher que gostava de se manter ocupada, não importava qual fosse o trabalho, ela se meteria a fazê-lo. Odiava ficar muito tempo parada e esse era um dos motivos que demorava a responder cartas. Apesar de viajar regularmente nos pensamentos, ela raramente parava para pensar. Conseguia fazer as duas coisas ao mesmo tempo e às vezes agia no automático.

Amores em guerra - MadasakuWhere stories live. Discover now