5º Item - O Aviso

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    Hospital horripilante parte 4: 


A lotação que Nonato pegou estava quase vazia. Geralmente, ele até reclamava devido a quantidade de pessoas que viajavam nesse horário, tão cedo. Ele tinha imaginado que boa parte da população já estivesse de férias, ou de folga, afinal, era dia trinta e um de dezembro e em poucas horas, já seria um novo ano.

Estava previsto para o hospital funcionar somente até às dezesseis horas, porém, o turno do Nonato iria até às dezoito, quando começaria o turno da noite e seria Domingos a ficar com a vigilância na virada do ano.

Nonato encostou a cabeça no banco e tentou cochilar um pouco, a noite não tinha sido das melhores e ele parecia mais cansado do que nunca. Fechou os olhos e tentou relaxar. Não passou nem cinco minutos e uma voz meio rouca e cansada, falou alguma coisa próximo a ele. Nonato abriu os olhos e falou:

= Desculpe-me Senhora! Eu não entendi, o que disse??.

Era uma mulher. Uma senhora de cinquenta anos mais ou menos, aparentando alguma deficiência. Ela com os olhos perdidos repetiu:

- Eu disse que hoje parece que vai ser um longo dia, filho. Ainda bem que a gente conseguiu um lugar para sentar, né?

Dizendo isso, deu um sorriso descontraído em direção à Nonato, que não estava de bom humor, mas se esforçou para não parecer rude e devolveu o sorriso meio sem graça concordando com ela:

= A senhora tem toda razão. Eu sempre vou em pé. Aliás, vou descer no próximo ponto, e aproveitando para não me atrapalhar na hora da descida vou indo para a saída. Tenha um bom dia!

A senhora desejou um bom dia para Nonato também com um sorriso. Em seguida, deixou espaço para ele passar e ir para o corredor do ônibus, porque ele estava no assento da janela. Ao passar por ela e dar um passo em direção a porta... A mão da mulher o fez parar, segurando seu braço com um pouco de força. Nonato olhou bravo para ela, mas notou que ela também estava muito séria. E ao soltar o braço dele lhe deu um aviso:

- - Seu dia não será muito fácil, filho. Tome cuidado e que Deus lhe proteja.

Nonato olhou para ela por um tempo com o cenho franzido.... Ele não se preocupou com as palavras da mulher, apenas a achou estranha, mesmo assim agradeceu, tocou a campainha para descer e seguiu para o trabalho. Ao andar do lado do ônibus que ainda estava parado, Nonato olhou na janela que estava e a mulher o encarava pelo vidro. 

A expressão dela, fez o coração de Nonato gelar

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A expressão dela, fez o coração de Nonato gelar. E quase rezou para que não fosse nada... Em seu coração e esperava mesmo que não fosse nada.

Algumas folhas secas trazidas por um vento repentino passaram por Nonato. Como a luz do Sol já queria aparecer, ele imaginou que o vento estava vindo do leste. Da direção do sol... Ele se surpreendeu por nunca ter pensado nisso. Um pássaro amarronzado que procurava alimento na calçada parou próximo e ficou olhando a movimentação de Nonato. Ele ficou pensando se seria um presságio, sorriu com seu pensamento e disse para si mesmo que era coisa da sua imaginação e ele só precisava de um café, e por sorte, ele morava a cerca de meia hora do trabalho.

Eram cinco e trinta e cinco e Nonato estava diante do "+Saúde", em breve tomaria seu tão esperado café. Ao chegar na portaria de vidro Nonato precisou chamar Domingos, e achou estranho a demora dele em aparecer. Ele sempre se apresentava assim que ele o chamava. Afinal ele iria para casa ter seu merecido descanso, mas nada, Domingos não apareceu....

Nonato desejou que estivesse tudo bem com o seu amigo e antes que o chamasse novamente, Domingos apareceu na porta de vidro. Ele tinha uma mão no ouvido e parecia bem cansado e falou quando viu o amigo:

-Você parece só o pó, Nonato!

= Há! Olha quem fala, já se olhou no espelho, hoje?!

Retrucou Nonato sorrindo, Domingos respondeu ao amigo já sem sorrir:

- Parece que não tivemos uma boa noite, não é, mesmo?

= Noite longa!! E como está a dor no ouvido?

- Ainda está doendo muito Nonato... Assim que eu sair daqui vou direto para o hospital, não dá mais para ficar assim.

Após uma breve conversa, Domingos se dirigiu ao Hall. Pegou suas coisas, avisou a Nonato:

Há! Nonato! Alguém derrubou uma maca no segundo andar e a deixou lá tombada no chão. Antes de ir para a sala de vigilância dê uma olhada lá por favor! Essa dor infernal me deixou impossibilitado de fazer isso.

= Tudo bem Domingos! Vai se cuidar que eu vou lá dar uma olhada. Não se preocupe.

Domingos não contou o que tinha acontecido na noite anterior. E nonato também não contou nada sobre o pesadelo ou sobre o aviso estranho da mulher na condução, ele apenas insistiu que Domingos se cuidasse e que realmente fosse ao médico, porque não daria para ficar com ouvido daquele jeito.

Em seguida, Domingos foi embora. Nonato fechou o portão novamente. Ele só seria aberto por volta das sete e meia, quando dona Zefinha e dona Lurdes, chegassem. Ao entrar no Hall, deu uma olhada rápida nas câmeras e viu mesmo a maca no chão. Aproveitou para passar um pano com álcool no local e seguiu de elevador para o segundo andar . Logo na porta, deu de cara com a maca e falou:

= Domingos voce é mesmo um preguiçoso. Como pode deixar essa maca aqui??

Mas se arrependeu em seguida ao lembrar que seu amigo não estava bem! Solícito ele levantou a maca e guardou em um dos consultórios que estava aberto.

Depois desceu para a recepção, sentou na sua cadeira, deu um verificada nas câmeras novamente, estava tudo tranquilo, Nonato recostou a cabeça, fechou os olhos, e esperou pensando:

=." Será um longo dia"!

........

Nota do autor: Quando eu tinha por volta de 13 anos. Eu estava com minha mãe no centro da cidade. Não lembro por que estávamos ali. Era um dia movimento e eu andava perto da minha mãe quando fomos surpreendidos por uma mulher (com a descrição da história) ela parou diante de mim e meu deu um aviso. Ano passado, minha mãe me lembrou desse episódio, mas nem eu nem ela lembramos o que a mulher falou, mas pareceu algo muito sério e achei interessante colocar no caminho do Nonato.

Obrigado por ler as enrascadas do Nonato! Siga comigo e fique à vontade para comentar.

Hotel HorripilanteWhere stories live. Discover now