6º Item - Um Dia Como os Outros.

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  Hospital horripilante parte 5: 

Passava das sete horas, o dia prometia ser bastante quente, mas por enquanto estava bem agradável. Nonato pulou da cadeira ao escutar a dona Zefinha chamar no portão. Ele apagou por mais de uma hora, mas podia jurar que tinha apenas fechado os olhos num cochilo. Sem graça, foi a abrir o portão. Dona Zefinha era uma mulher simpática, gostava de brincar e fazia isso com muito respeito além de ser sempre gentil com Nonato.


Nonato olhou para a dona Zefinha com um sorriso e ela logo disse que já sabia o que ele queria.

- Hummm meu rapaz, me parece que você precisa de café mais do que nunca,

Nonato continuou sorrindo e respondeu

= A senhora nem imagina o quanto. Vou querer pelo menos meio litro para começar!

Brincou Nonato já elétrico, apenas por imaginar o sabor do café fresquinho. Dona Zefinha sorriu e passou por Nonato para ir à cozinha no momento em que chegou junto deles dona Lurdes. Ela cumprimentou Nonato, mas sem a cordialidade da dona Zefinha. Apesar de sorrir para ele, sempre que os dois se cruzavam na recepção, era diferente! Ele não entendia qual era o pensamento da dona Lurdes. Era uma mulher ainda jovem e de vez em quando, ele percebia os olhares, quando ela cochichava alguma coisa para dona Zefinha.

Como ele sempre foi um cara desligado, não sabia bem o que pensar sobre. Nonato trancou o portão eletrônico e voltou para a recepção para esperar tranquilo pelo seu café.

Uns vinte minutos depois, o cheiro de café inundou a recepção deixando Nonato mais esperto. Ele se lembrou de que foi por causa da sua mãe que ele começou a tomar café sem açúcar, e o seu preferido era o café coado direto no copo, sem passar por qualquer outra vasilha. E da cabine ele podia ver a maravilhosa visão da sua caneca de café se aproximando da cabine de vigilância, parecia que vinha flutuando sozinha, direto para a mão dele...

Sentando na sua cadeira e com a caneca cheia de café, Nonato saboreava cada gole com imensa satisfação. Dona Zefinha o olhava intrigada, não sabia como um copo de café poderia causar tanta satisfação a uma pessoa. Nonato saboreava cada gole de olhos fechados, balançando a cabeça prazerosamente e sorrindo.

= Muito agradecido Dona Zefinha! A Senhora é um anjo!

Ele agradeceu a dona Zefinha que já estava saindo de fininho ao vê-lo tão compenetrado no seu café, a seguir voltou sua atenção aos monitores. Tudo estava indo muito bem.

Quando uma figura feminina apareceu diante do portão, o coração do Nonato deu uma acelerada ao ver quem era, sentiu como se fizesse tempo que não a via. Seus sentimentos poderiam ser descritos como: saudade, mesmo tendo-a visto a apenas um dia antes. Era a recepcionista.

Nonato destrancou o portão eletrônico, saiu da cabine e abriu a porta do Hall o mais possível e fez o seu bom e velho cumprimento de "bom dia" , e pela centésima vez, soltou a sua famosa frase sobre ter saído um café fresquinho, ela sorriu, agradeceu o conselho e foi para a recepção.

Ventou enquanto ela passava ou Nonato apenas imaginou? O fato é que o cheiro dela veio forte direto em suas narinas..... Como ele não entendia que cheiro era aquele, fez sua própria avaliação pelo que sentiu, pensando;

= "Uau!! Ela tem muito bom gosto!!!

Uma moto passou próximo a entrada, duas mulheres conversavam alto do outro lada rua e mais uma vez, ventou e algumas folhas secas rodopiaram com areia em forma de redemoinho, mas Nonato não prestou atenção em nada disso, trancou o portão e voltou para a cabine de vigilância. Beatriz estava em pé, sorrindo para dona Zefinha que lhe entregava uma xícara de café.

Hotel HorripilanteWhere stories live. Discover now