52 - Álibi

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     Encarei Victoria que acabara de apunhalar uma adaga nas costas da rainha que estava sobre mim.

– Sua desgraçada! Como ousa tentar encostar em um fio de cabelo da minha irmã?! – Victoria arrancou a adaga das costas da rainha e a encarou com um olhar faminto de rancor, ódio e vingança. Um olhar que me encheu de arrepios.

A rainha gemia de dor, enquanto olhava para a própria mão cheia de sangue que ela havia levado até as costas e notado o quão a lâmina havia perfurado.

– Você... você que deu a ordem para o Lorde Jones matá-la? – perguntei a rainha que apenas sorriu largo.

– Eu deveria ter mandado alguém mais útil para fazer isso. Ao invés de jogá-la do penhasco, eu deveria ter... – a rainha sorriu com escárnio e cuspiu sangue. – cortado sua cabeça... igual fiz com seu pai. Você deveria ver como ele ajoelhou aos nossos pés e implorou para que poupássemos vocês. Ele era tão patético.

Victoria parecia não estar mais ali. No lugar algo tão aterrorizante havia tomado conta e eu não conseguia evitar de sentir medo. Afinal, ela lembrava de como era nosso pai. E ela lembrava bem da cena de quando ele foi decapitado.

– Eu matei o seu marido. E agora você irá morrer pelas minhas mãos e jamais saberá o que eu farei com seus queridos e preciosos filhos.

O sorriso da rainha se transformou em terror ao descobrir que Victoria havia assassinado o rei e ao ouvir ela falar de seus filhos. Antes que a mulher pudesse falar algo, Victoria cravou a adaga em seu peito tão profundamente que deu para escutar a lâmina entrando e acertando uma parte do osso da costela até chegar no coração.

Victoria arrastou o corpo até debaixo da mesa da biblioteca e limpou a adaga de sangue nas roupas da rainha, em seguida guardou a mesma dentro de seu vestido, em uma faixa preta feita para a lâmina em seu coxa.

– Levante-se. Precisamos sair daqui o mais rápido possível e voltar para o salão.

Eu paralisei. Meu corpo não me obedecia e meus olhos estavam vidrados como se eu estivesse em um pesadelo que não acabava. A rainha que me abraçara, que me ajudou e meu deu palavras tão amigas havia tentado matar Victoria e depois a mim. E agora ela estava morta. A mãe de Lucian. A mãe de Sebastian.

A rainha do Norte.

Em um momento de guerra eminente.

No dia em que tantos nobres estavam no palácio.

A mãe de Lucian e Sebastian.

Minha mente entrou em um transe profundo, enquanto aquelas quatro frases se repetiam infinitamente.

– Anda logo! Se recomponha ou você quer que terminemos decapitadas?! – Victoria me puxou do chão e me arrastou da biblioteca. Ela fechou a porta e me levou até um lavabo, sempre olhando se não havia ninguém por perto.

Entramos e após ela fechar a porta, tirou um pano, umedeceu na água e começou a limpar os respingos de sangue que havia em meu rosto.

Me olhei no espelho. O sangue da rainha.

– Não se sinta culpada. Ela estava tentando matar você já tem um tempo. Foi ela que sabotou a sua carruagem, não eram ladrões que estavam por lá coincidentemente. Se Castiel não estivesse lá por pura coincidência do destino, você estaria morta.

Então havia sido tudo planejado pela rainha. E por um momento pensei que Castiel poderia ter armado aquilo. Eu não estava com dó daquela mulher. Não depois do que ela dissera sobre Lucian e sobre meus pais.

Depois de todo aquele tempo sem contar para Lucian sobre nós dois. Era apenas uma armação dela com o médico chefe. Mas eu não o culpava, afinal ela não parecia alguém que aceitaria uma pessoa se recusando a fazer o que ela mandasse.

Call me KingOnde histórias criam vida. Descubra agora