Maria

Capitulo 4

Mais um dia amanhecia no sertão, o dia estava lindo e o sol começava a nascer, a noite anterior havia sido agitada, Maria Cecília chegara em sua casa pela manhã, observava o nascer do sol e como soava melancólico o andar do gado, o galo já havia cantado e as galinhas soltas pelo quintal.

Estava de volta a sua rotina simples, estendeu as roupas no varão, esquentou água pro seu banho e deixou a louça limpa.

O momento de se banhar era o favorito do seu dia, tirava seus sapatos delicadamente e de pouco em pouco ia se despindo, se admirava em frente ao espelho com a luz do sol que entrava em flashes pela janela do banheiro, em suas poses fingia ser sensual, delicada e até uma dama da noite, olhava com peculiaridade cada traço seu como se fosse uma estranha que a pouco tempo conhecera, seu narcisismo era um ritual matinal, após isso buscava água a baldes e enchia a banheira, delicadamente tocava seus pés sobre a superfície para medir sua temperatura e quando percebia que não estava quente nem fria mergulhava seu corpo nú.

Essa sensação era tão reconfortante para Maria Cecília que podia se dizer um viciante prazer, suas peculiaridades iam muito além do banho morno, quando saia se secava e colocava a roupa mais colorida que achava no guarda-roupa, não por querer chamar a atenção mas sim porque acreditava que corres neutras destacavam seus defeitos.

Ligava a rádio que tocava as músicas do momento e tentava pela voz descrever os traços de cada cantor, sua favorita era uma senhora com a voz doce que se subisse muito o tom poderia facilmente ser confundida com um passarinho, se surpreendia fácil com os talentos que a rádio apresentava, já pensou em ser cantora entretanto sua timidez perante um grande número de pessoas impediu que esse sonho fosse adiante, Alice iria visita-la ao fim da tarde para juntas irem passear.